Capítulo 6

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E lá estava eu, correndo novamente, eu poderia simplesmente fugir desse lugar, mas não posso deixar aquelas pessoas na mão.
Vejo um enorme caminhão no grande muro de Alexandria, está destroçado contra o muro. Me apresso em desligar a buzina alta, corro e subo os muros.
De tudo que podia acontecer, isso eu realmente não esperava. O lugar estava um caos, sangue e corpos por todo o lugar, pessoas correndo desesperadas, tiros, sangue e mais sangue. Desço e corro para ajudar.
Vejo Carl saindo de sua casa, ele vem em minha direção com sua arma e mira, por um segundo penso que aquela bala seria finalmente a minha, mas ele atira no homem atrás de mim.
-Entra.- meu corpo não me obedece e apenas fico parada olhando para ele.-Agora!- ele grita e eu acordo.
Entro em sua casa e logo escuto um choro, Enid está na sala e me olha com certo desprezo. É a irmã de Carl que chora, se ela não parar vai chamar atenção. Subo as escadas e vou atrás dela, a pego nos braços, ela chora muito, começo a nina-la e aos poucos ela se acalma. Ela se aninha em meus braços como se me conhecesse, é tão linda e tão pura, chega a ser injusto uma criatura como essa viver nesse mundo caótico. A coloco de volta no berço depois que a vejo fechar os olhos, volto ao andar de baixo. Carl e Enid estão sentados no chão da sala, um de costas para o outro.
"Você passou anos longe, não pode reclamar de nada, a vida continua sem você"
Prefiro não atrapalhar o momento dos dois, volto para o quarto da bebê. Vou até a janela. Corpos, poças de sangue, errantes e no meio de tudo vejo Carol correndo com um capuz na cabeca, ela precisa de ajuda.
Pego minha arma que ficava escondida em meu quarto e minha faca está novamente em meu tornozelo por baixo da calça. Passo pelos dois na sala.
-Onde você vai?-escuto Carl perguntar, não tenho tempo pra isso agora.
-Cuide da sua irmã.-eu digo ao sair e fechar a porta atrás de mim.
Com a arma em uma mão e a faca na outra, eu ando preparada para o que vier.
Precisava achar e ajudar Carol. Estava indo na direção em que a vi quando um homem me ataca. Ele me presa contra a parede e tenta me enforcar, fico desesperada por ar, podia sentir tudo se fechando e meu oxigênio acabando, junto todas as forças que tenho e enfio minha faça em seu pescoço, ele coloca a mão tentando inutilmente estancar o sangue que cai sem parar. Meu irmão me ensinou o exato local da aorta, onde eu poderia matar alguém em segundos. Depois que o corpo cai no chão inerte, pego a faca e acerto em seu crânio. Em sua testa havia um "W", eram eles, os Wolves. Encontrei com alguns pelo meu caminho, são assassinos saqueadores. Continuo meu caminho e acrescento mais um número na minha lista que apenas cresce. 21 mortos.
Não encontro Carol, apenas alguns moradores do lugar que foram assassinados e voltaram a quase vida como errantes, os mato antes que eles me matem.
Alguns metros a minha frente avisto Carol, atrás dela tinha um homem alto que estava pronto para matá-la, por sorte, minha pontaria sempre foi boa.
-Carol, abaixa.-grito e os dois olham para trás, lanço minha faca que acerta no meio da testa do homem que estava atrás de Carol. 22 mortes.
-Você está bem?-ela pergunta me analisando, seu olhar tem preocupação. Ela está com um "W" em sua testa pintado com sangue, mas não é dela.
-Estou.-me limito a dizer. Eu não estou.-Acabou?
-Acho que sim.-ela diz abatida. Ela parecia cansada e triste.-Tivemos muitas percas.
-Eles tiveram mais.-digo encerrando a nossa conversa. Falo de maneira tão fria que nem me reconheço.
Logo os outros aparecem. Maggie surge e meu coração se acalma. Ela corre para me encontrar.
-Você está bem? Está ferida? O que aconteceu com seu pescoço?-ela diz rápido me analisando.
-Um cara tentou me enforcar, mas está tudo bem, apenas um pouco dolorido.-digo passando a mão por meu pescoço. Doía um pouco para falar, nada que eu não pudesse aguentar.
-Venha, vamos cuidar disso.-ela diz me levando até a enfermaria.
A médica, Denise, me passa um anestésico para a dor, porém só devo toma-lo para dormir.
"Ela realmente acha que eu tenho a capacidade de dormir? Perdi isso depois que minha mãe e Andrea morreram."
Gritos são ouvidos do lado de fora, Rick havia voltado, porém sozinho. Nada de Glenn, ou de Daryl, ou de Sasha, ou de Michonne. Apenas Rick. Ele entra correndo, tem centenas de errantes atrás dele. Os mesmo cercam Alexandria, nos deixando presos aqui dentro, sem nenhuma chance de sair.
O cheiro de morte cercava toda Alexandria, esse cheiro tão conhecido e tão desagradável. Agora seria constante, cercando esse lugar. E eu achando que estando segura ia me livrar desse cheiro horrível, mas ele está por todos os lados e a segurança que eu tinha acabado de ganhar, sinto ela ser perdida.
Minha família, que eu tinha acabado de recuperar, está por aí perdida.
Maggie fraqueja por um segundo quando Rick diz que perdeu o contato com os outros. Os olhos dela se arregalam e começam a lacrimejar, sua respiração fica descompassada mas ela se mantém firme. Eu paro ao seu lado.
-Maggie, você está bem?-foi uma pergunta idiota, mas que precisava ser feita.
-Eu...-ela apenas afasta minha mão e segue para sua casa.
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Já estava tarde da noite, ainda era possível sentir o cheiro de morte de dentro do meu quarto e de ouvir os grunhidos daquelas coisas lá fora. Se chegássemos um pouco mais perto, podíamos ouvir suas unhas arranhando os portões.
Eu havia tomado o anestésico, a dor passou mais, mas está pior do que eu achava. Está roxo e com marcas de dedos desenhados nele, um pouco inchado também.
Como de costume, eu não consigo dormir. Tudo que eu mais queria era calar minha mente para conseguir pelo menos tirar um cochilo, mas não consigo, ela não cala.
Não aguento mais apenas ficar deitada olhando para o teto. Vou ver Maggie, ela não deveria estar sozinha. Eu sei que talvez esteja de madrugada, mas eu não queria ficar aqui parada.
Visto minha jaqueta e saio do quarto, estava indo para a escada quando ouço um resmungo vindo do quarto de Carl.
"5 segundos de coragem"
Bato na porta e entro, ele estava dormindo, ele virava de um lado para o outro e se debatia.
-Não, não. Me desculpa.-ele sussurrava um pouco alto, ele estava suando e chorando.
-Carl. Acorda.-o chamo mas ele não acorda.-Carl, acorda.-digo um pouco mais alto lhe dando um empurrão. Ele permanece dormindo. Ao ouvir minha voz começa a se debater cada vez mais.-Acorda.-falo quase gritando e o sacudindo pelo ombros, ele finalmente acorda puxando todo o ar para seus pulmões, seus olhos estão perdidos e confusos. Ele me vê ali e seu rosto suaviza um pouco.
-O que aconteceu?-ele pergunta ainda se recuperando. Ele seca as lágrimas com força como se quisesse esconder.
-Você estava gritando e se debatendo.-digo baixo e evitando olhar em seus olhos, ainda sentia vergonha de olha-lo nos olhos depois do que fiz com ele.
-Obrigada.-ele fala tão baixo que mal posso ouvir.-O que estava fazendo?
-Não conseguia dormir.
-Você ainda não dorme? Depois de todos esses anos?-nego com a cabeça. Não é como se eu não dormisse há mais de 7 anos, eu havia tirado cochilos pela estrada.
"Dormir uma noite inteira? Jamais. As vozes em minha mente não me dão paz alguma."
-Você estava sonhando com ela?-eu me referia a mãe dele. Eu sei o quanto ele me odeia nesse momento, mas eu precisava saber o que havia acontecido com a mulher que cuidou de mim como se fosse sua filha.-O que aconteceu?-Sua expressão que antes estava preocupada agora está séria e distante.
-Como se você desse a mínima pra qualquer um de nós.
-É claro que eu me importo com todos. São minha família.
-Você não abandona sua família, mas não se preocupe. Quando você cansar de nós novamente, não vai precisar deixar uma carta, só precisa ir embora e esquecer de todos novamente. É bem fácil pra você não é mesmo? Você é fraca, foi embora por que não conseguia encarar as perdas, e adivinha só? Todos nós perdemos algo ou alguém, então começa a lidar com isso.-ele cospe as palavras em meu rosto, aquilo me quebra.
-Você não sabe nada sobre mim.
-Eu costumava saber.-ele diz ainda me olhando com ódio no olhar. Eu sabia que ele sentia raiva de mim, mas não tanta.
-Eu vou morar com Maggie.-digo por fim. Se ele estava esperando que eu chorasse, ia morrer ali esperando. Vejo uma ponta de arrependimento passar por seus olhos quando ele para pra pensar no que falou.
Eu apenas viro as costas para ele e saio. Vou em meu quarto e pego minha pequena mochila. Vou até as escadas passando por seu quarto novamente, ele estava na porta apenas me encarando, passo direto e vou embora. Saio e vejo que o sol está nascendo, paro no caminho para casa de Maggie e fico ali apenas olhando a beleza daquele céu da manhã, algo que não poderia ser destruído pelo dedo do ser humano.
Chego na casa de Maggie e bato na porta, ela abre. Seus olhos estão inchados e avermelhados, ela não parece ter dormido muito, está pálida. Ela me olha de cima abaixo e para o olhar em minha mochila. Se afasta e me deixa entrar, jogo minha mochila no sofá e vou até ela.
Não falamos nada, depois eu explicarei tudo, nesse momento eu apenas a abraço e a mesma retribui, sinto suas lagrimas molharem minha blusa.
-Eu estou grávida.

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Olha eu aqui dnv
Galera, eu vou mudar a história por motivos de que não lembro de nada, dos acontecimentos principais e honestamente tenho preguiça de assistir dnv pra escrever, então é noix
Bjos meus

Hope || Carl GrimesOnde histórias criam vida. Descubra agora