A primeira coisa que a Poliane fez hoje de manhã foi me puxar para o banheiro do colégio, mal me dando tempo pra me despedir da minha mãe no carro. Me fez contar absolutamente tudo pra ela, mesmo eu tendo me recusado pois estávamos no banheiro e qualquer um poderia ouvir, ela me fez contar desde o momento em que ela deixou Bernardo e eu ate o momento em que entrei de volta no ônibus para ir pra casa. Mesmo receosa de alguém entrar no banheiro e escutar algo que pudesse me comprometer, eu contei tudo que ela queria saber de forma rápida, mais dando todos os detalhes e logo que terminei de contar o sinal bateu e o banheiro foi tomado por meninas que queriam atrasar a entrada na sala.
Depois disso, nós subimos para a sala e uma coisa curiosa aconteceu. Victoria apareceu e veio até minha mesa para me devolver um laço de cabelo que eu nem havia notado que tinha perdido. Ela disse que o achou caído na escada e que se recordou de já ter visto em algum lugar, já que tinha um pingente de lua nele, mas que quem a lembrou de que me pertencia tinha sido Emanuelle. Eu agradeci e ela foi se sentar.
−Acha que ela ouviu alguma coisa? –pergunto me aproximando da mesa de Poli.
−Ise, minha querida amiga, você está ficando paranóica! O banheiro estava vazio, e ela achou esse treco na es-ca-da. Para de pirar, cara!
Deixei o assunto de lado, realmente acho que estou começando a pirar. O banheiro estava vazio e as meninas só apareceram depois que eu terminei de contar. Se essa história não envolvesse a quebra da regra número 1 eu iria conversar com minha mãe pra ver se ela me ajuda a manter o controle. Mas já que envolve, se eu quiser um psicólogo vou ter que me consultar com outro.
O dia no colégio passou rápido. Não sei se pelo fato de eu estar me sentindo nas nuvens ou se pelo fato de que na quinta feira eu tenho minhas aulas favoritas, português, história e sociologia. Mas quando menos me dei conta eu e Poli estávamos saindo no portão e Bernardo vinha logo atrás de nós. Dei uma olhada discreta e ele sorriu pra mim, depois virou a esquina e seguiu para sua casa.
−Está sabendo da festa de aniversario do Léo? –Poli pergunta enquanto esperamos meu ônibus. Ele sempre passa primeiro que o dela.
−Não, me conta. –respondo procurando o passe escolar na mochila.
−Dizem que vai ser a maior festança. Os pais dele já contrataram aquele buffet mega caro que fica perto do clube, mas a festa vai ser na casa deles mesmo. Ta todo mundo falando sobre isso, e eu ouvi o Lucas falando também. Já estou ansiosa.
Encontro o cartão e o seguro entre s lábios para fechar a mochila.
−E quem foi que te falou que ele vai convidar a gente? –murmuro não sabendo se Poli entendeu já que o cartão me atrapalha falar.
−Ai Ise, você é tão ingênua as vezes. Que parte do "ele ainda é caidinho por você" você não entendeu? É mais do que óbvio que ele vai te convidar. Ele também é super amigo do Lucas, e se meu irmão é convidado eu também sou. Sem mencionar que os pais dele são amigos dos nossos lembra? Aquela história de que todos estudaram juntos.
É, pensando por esse lado parece que vamos mesmo ser convidadas.
−É verdade, vou ver se compro um presente legal pra ele. Quando é mesmo?
−Daqui umas semanas, não sei o dia certo. Vê no facebook depois.
Assim que Poli diz isso, meu ônibus aparece e logo dou sinal para que ele pare. Dou um beijo em Poli e entro na lata de sardinha.
VOCÊ ESTÁ LENDO
I Know Places [Projeto 1989]
JugendliteraturIse tentou com afinco seguir uma das únicas regras de seus pais, e não se envolver em relacionamentos amorosos até terminar o ensino médio. Ela conseguiu perfeitamente nos dois primeiros anos, se dedicar aos estudos e riscar os irresistíveis meninos...