I Know Places [Projeto 1989]

Capítulo 12 - Somos a Prova de Balas.

Meu pai, ao contrário do que eu achei que fosse fazer, seguiu todo o trajeto até a nossa casa completamente em silêncio. Ele não olhou para mim em nenhum momento, e eu preferi ir no banco de trás, ele não falou absolutamente nada durante os quinze minutos que passamos no carro. Apenas ligou para minha mãe rapidamente e disse que ela tinha que ir para  casa imediatamente pois ele tinha um assunto sério para tratar com ela. Consegui ouvir a voz dela no telefone perguntando se era alguma coisa comigo, mas ele não respondeu, apenas disse que ela precisava estar em casa quando chegássemos. Depois disso ele emudeceu.

Enquanto isso, no banco de trás, eu obrigava minha cabeça a encontrar as melhores palavras para explicar tudo, de forma a dar a entender que Bernardo não tem nada a ver com minhas notas, e de um jeito ou de outro meu pai vai ter que entender isso.

Quando chegamos na ladeira da minha casa o carro da minha mãe já estava estacionado em frente o portão, meu pai parou um pouco mais a frente, e antes que ele pudesse dizer alguma coisa, eu abri a porta e corri para dentro.

Assim que abri a porta da sala minha mãe, que estava sentada no sofá com um copo de água na mão claramente nervosa, veio até mim correndo e deixando o copo de qualquer jeito em cima de mesinha de centro.

−Ise! Você está bem, minha filha?! –Ela me segura pelos ombros, me parando e me fazendo esquecer que eu tenho que tentar explicar para ela tudo que puder antes do pai meu aparecer. –Onde seu pai está? Por que ele estava tão estranho? Tive que cancelar duas consultas!

−Eu to bem mãe, meu papai está...

−Estou aqui. –Ele passa pela porta fechando a mesma atrás de si com um baque forte. –Vai Ise, conta para a sua mãe o que aconteceu! Diz para ela porque sua nota foi tão ruim assim.

Meu pai fala alto, porém, mais controlado do que quando estávamos na escola.

Me livro dos braços da minha e me aproximo dele.

−Pai o senhor tem que entender que Bernardo não tem nada a ver com isso..

−Como pode dizer uma coisa dessas, Heloise?! Você sempre foi uma garota exemplar, sempre teve notas perfeitas, e ai esse moleque aparece e logo seu desempenho começa a cair! E você ainda diz que não é culpa dele? Será que não vê os tantos exemplos ao seu redor?!

−Será que da para parar de gritar e falar como uma pessoa civilizada, Murilo? Eu ainda não estendi o que está acontecendo... –Minha vem falando para perto de mim.

Meu pai respira fundo.

−Senta. –Ele fala para mim e aponta para o sofá, sem nem pensar me sento sem olhar pra ele. ─Eu fui até a escola, para saber o porquê da professora estar "pegando pesado". Por um acaso encontrei a Claudia e ela me disse que a Ise estava na biblioteca com... com o... namorado dela.  Quando cheguei lá a encontrei aos beijos com um garoto qualquer. Você acredita, Leandra? Depois de todos esses anos tomando o cuidado e explicando para essa menina o que um relacionamento prematuro pode causar ela resolve jogar tudo para o alto assim!

Meu pai volta e se exasperar, e encara minha mãe, que por sua vez olha para mim, não a vejo direito, mas sei que está olhando para mim.

─Isso é verdade, Ise? ─Ela se senta do meu lado.

─É... ─É tudo que consigo responder.