Durante sua vida, o ser humano costuma achar que nada vai acontecer com ele. Por exemplo:
"Assaltado? Não, isso nunca vai acontecer comigo."
"Gravidez na adolescência? Não, isso nunca vai acontecer comigo."
"Repetir o ano? Não, isso nunca vai acontecer comigo."
"Ser exposta num telão no aniversário de um cara que eu achava que era meu amigo? Não, isso nunca vai acontecer comigo."
Somos tolos.
Nós não temos como saber o que vai acontecer no futuro. Cada mínima decisão que tomamos interfere em algo. Então, como podemos achar que certa coisa nunca vai acontecer conosco?
Depois da situação no aniversário do Léo, eu fui levada de volta para a casa de Poli. Bernardo tentou de todo jeito me consolar, dizendo que não mudaria nada, que tudo seria o que sempre foi. Mas nada me tirava da cabeça que a qualquer momento meu celular ia tocar e a voz brava do meu pai ia me dizer para voltar para casa imediatamente, isso se ele não aparecesse para me buscar.
Mas ele não apareceu. E quando eu finalmente parei de chorar Bernardo foi embora, afinal ele não podia passar a noite na casa de Poli. Eu já agradeci a Deus pelos pais dela não estarem, seria difícil inventar algo para explicar o motivo do meu desespero.
Antes de ir Bernardo me prometeu que ia descobrir os responsáveis, e que eles iam ter que arcar com as consequências.
Poli cuidou de mim, e tanto ela quanto Lucas tiveram que desligar os celulares, pois Léo depois de mil ligações e mensagens enviadas para o meu celular, começou a tentar pelo deles.
É obvio que ele sabia de tudo, por isso aquela conversa estranha de "eu nunca faria nada para te magoar". Mas eu não podia pensar nisso, na verdade eu não conseguia pensar em mais nada a não ser no momento em que tudo batesse nos ouvidos dos meus pais.
−Ise?... Ise! –Minha mãe grita comigo quando o carro para no sinal fechado.
−O que? Pra que gritar assim?
Olho para ela assustada, achando que de algum modo ela acabou de descobrir tudo. Eu não sei como ela e meu pai ainda não descobriram tudo, quatro dias depois e eles não mencionaram nada a respeito de namoro, Bernardo ou a regra número 1. Tudo me leva a crer que eles não sabem.
−Eu não gritaria se você não estivesse viajando para Nárnia de novo. Isso já está começando a me preocupar.
−Eu só estava distraída com a rua, mãe. Mais nada! Deixa de ser chata, que saco.
Ela arranca com o carro novamente.
−Olha como fala comigo, Heloise.
−Desculpa. –Falo realmente arrependida de ter sido grossa. –É só que... tenho andado estressada.
−Com o que?
−As notas do fim do bimestre, vão sair hoje eu acho.
−Não se preocupe tanto filha. A gente sabe quais são sempre as suas notas, você é uma garota inteligente, não tem distrações. O que poderia vir de surpreendente?
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I Know Places [Projeto 1989]
Novela JuvenilIse tentou com afinco seguir uma das únicas regras de seus pais, e não se envolver em relacionamentos amorosos até terminar o ensino médio. Ela conseguiu perfeitamente nos dois primeiros anos, se dedicar aos estudos e riscar os irresistíveis meninos...