Capítulo 3 - Isso é tão Sessão da Tarde

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Posso dizer que odeio física mais que tudo na minha vida?

Demorei praticamente as duas aulas que seguiram pra conseguir completar a prova inteira, sem deixar nenhuma questão em branco. Enchi o verso da folha da prova com as minhas contas e ainda tive que usar mais uma folha para rascunho. Quebrei minha cabeça, mas pelo menos acho que consegui tirar uma nota boa e que vai me garanti meu sete no primeiro bimestre.

Já a Poli...

−Tem certeza que a resposta da questão três era B? –Ela pergunta enquanto olhamos para o teto do meu quarto deitadas no carpete.

Estamos naquele estado de rever a prova toda na cabeça, tentando lembrar das opções que marcamos para que assim adivinhemos a nota antes da professora. Chamei Poli para vir passar a tarde comigo já que meus pais estão no trabalho.

−Foi esse o resultado a que consegui chegar... O que deu a sua conta? –Pergunto e olho para ela.

−O meu resultado nem estava nas opções, então marquei o que mais se aproximava.

Solto uma risada. Poli é muito boa nas outras matérias. Claro que ela não é louca como eu sou, ou como meus pais me obrigam a ser, mas as notas dela não são ruins. O nosso único problema mesmo são os malditos números. Mas como eu tenho a regra 2 para seguir, tenho que me virar e aprender a dar o meu jeito. Já Poli não precisa se matar pra conseguir mais de 7.0 nas piores matérias do mundo. Quando a nota dela chega a 5.0 tudo que vem depois é lucro.

−Quer saber, deixa isso pra lá. Preciso só de cinco décimos pra fazer um cinco mesmo, e teve a questão sete que consegui colar de você, já deu. Agora vamos falar de assuntos mais importantes.

Estava demorando, droga. Por que eu tinha que dizer a ela que queria conversar?

−O que tem pra conversar comigo?

−Nem é nada tão importante. –Digo e me sento.

Poli me acompanha e se senta também, porem ela se encosta na minha cama.

−Não se faça se sonsa. Você não consegue ser sonsa. Fala logo, cada vez que você desconversa mais curiosa eu fico.

Suspiro. Não posso mais fugir disso, e ela merece saber. Sem contar que vai ajudar Bernardo e eu a nos vermos mais.

−Antes de qualquer coisa, precisa entender que nem eu mesma sei como fui deixar isso acontecer. Apenas aconteceu.

−Ah meu Deus! Voce está gravida??!!

Avanço para cima de Poli cobrindo sua boca, mesmo não tendo ninguém em casa os vizinhos podem ouvir, e eu não preciso de ninguém desconfiando de hipóteses impossíveis.

−Sua maluca! Claro que não! Me deixa falar antes de ficar gritando coisas infundadas por ai.

Volto e me sentar.

−Mas do jeito que você falou. –Ela põe a mão no peito e me olha desconfiada. −Vai, pode falar.

−Bernardo e eu estamos juntos.

Solto para ela de uma vez. É capaz que se eu enrolar mais ela comece a inventar mil e uma teorias, uma mais louca que a outra.

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