Capítulo 15 - Não a tire de mim

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O plano é simples, nós até tentamos pensar em uma super produção mas digamos que a minha "cota fantasia" já estourou faz tempo. Então o melhor em que pudemos pensar foi fazer com que meu pai escute Bernardo a força. De qualquer forma, já fui exposta tantas vezes que uma a mais ou uma a menos não vão fazer nenhuma diferença.

Estamos na última aula do dia, meu coração está batendo acelerado desde a hora do almoço. Na verdade, ele está meio fora do ritmo desde ontem, quando falei umas verdades na cara da Emanuelle. Não dormi muito bem a noite, a ansiedade pela hora da saída de hoje acabou não deixando. Mas depois de hoje, se o meu pai não entender que eu já cresci e que sou eu quem faço as minhas próprias regras, eu não sei mais o que vai poder fazer com que ele entenda.

─Pessoal, quando o sinal tocar eu preciso que fiquem na sala por mais alguns minutos pois preciso dar um comunicado a vocês. ─A professora de física resmungou sentada na cadeira.

─Por que ela não pode falar de uma vez? Não tem ninguém fazendo nada do que ela passou mesmo. ─Poli sussurra para mim. ─A não ser você né, já até terminou e não disse nada.

Olho para ela sorrindo do modo como ela não consegue gostar da professora. Pego o meu caderno e deixo que ela veja as respostas.

─Não posso ficar nessa sala nem mais um minuto além do que for necessário. ─Falo encarando o relógio por cima do quadro. ─Preciso estar lá em baixo com Bernardo exatamente ao meio dia e trinta.

─Eu também não vou ficar não perderia o que está prestes a acontecer por nada nessa vida.

─Mas Poli, alguém precisa ouvir o que ela tem para dizer. Precisamos de nota, esqueceu?

─Ta, mas esse alguém não vai ser eu. ─Ela termina de ver as respostas e me passa o caderno.

Aproveito para guardar tudo e só fico a espera do barulho do sinal para saída, mais cinco minutos.

Cinco minutos esses que demoraram praticamente o dobro para passar. Mas assim que o barulho do sinal entra pelos meus ouvidos, eu sou a primeira a estar no corredor e correr para as escadas. Desço os degraus correndo e Bernardo já me espera ao pé da escada.

─Pronta? ─Ele pergunta.

─Nunca estive tão pronta na minha vida! ─Respondo ansiosa.

Ele segura minha mão e eu ajeito minha mochila nas costas.

Seguimos para o portão da escola onde o carro do meu pai já está estacionado. Assim que meu pai tem visão de mim a porta do motorista é aberta e ele sai já furioso de dentro do carro, entra pelo portão e vem em nossa direção. Eu paro mais atrás e Bernardo vai até ele já começando a falar.

─Antes de começar a gritar feito um louco sem noção o senhor vai ter que me ouvir!

Meu pai para em frente a Bernardo e por um momento eu vejo que ele se impressiona com a atitude do meu namorado. A porta do carona do carro se abre também e minha mãe aparece, por essa eu não esperava mas acho que tê-la aqui vai ser bom.

─Garoto, eu já falei eu não quero você perto da minha filha. E você continua atormentando ela, se não se afastar eu vou tomar medidas as quais não quero tomar. Será que não percebe o quanto você faz mal a ela? Ise, já para o carro!

I Know Places [Projeto 1989]Onde histórias criam vida. Descubra agora