XI - Reforma

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A mãe e a filha de Lucas chegarão no domingo pela manhã. O que nos deixa com quatro dias para nos mudarmos e nos adaptarmos.

- Então nós não vamos mais morar em um apartamento? - Alex pergunta, enquanto me ajuda a guardar nossas poucas coisas em caixas de papelão.

- Nós vamos, só não agora. - Esclareço. - Nós vamos morar com o meu namorado por enquanto.

- Mas você nunca disse que tinha um namorado. - Ele diz, enquanto arrasta uma caixa cheia de roupas para perto da porta.

- Eu não disse porque vocês estavam se adaptando ainda. - Minto. - Mas acho que já estão prontos para conhecê-lo.

- Morar com ele, você quer dizer.

Paro de arrumar as caixas e encaro o rostinho triste de Alexandre. Algo está errado.

- Olha, eu sei que talvez não seja o ideal, mas nós precisamos nos mudar se quisermos que você, o Heitor e as meninas fiquem comigo. O Lucas tem uma casa bem legal, vocês vão gostar, eu juro.

Era uma meia verdade. Lucas disse que a casa era legal, então decidi acreditar nele. Segundo ele, um caminhão viria carregar a mudança na quarta feira à tarde, lá pelas cinco, então decidi matar a aula durante a tarde para organizar tudo. Também tirei Alex das aulas extras da tarde, para deixá-lo mais engajado com o processo.

- 'Tá certo.

- O que está te incomodando, querido? - Pergunto, o mais acolhedora que consigo. - Pode falar.

- Não é nada. É que você disse que poderíamos chamar meus amigos para o meu aniversário e eu meio que já falei com alguns meninos da escola.

- Que bom! Nós podemos fazer convites para eles, que tal?

- Mas nós ainda podemos fazer a festa? Mesmo na casa do seu namorado?

Essa é uma excelente pergunta.

- Bem, claro que podemos! Não se preocupe quanto a isso.

Alex sorri de leve, enquanto me ajuda a dobrar as poucas roupas de Heitor.

- Tem mais uma coisa que preciso te contar. - Digo, com calma. - O Lucas tem uma filha que vai morar com a gente, então preciso que você se comporte, tudo bem?

- Eu sempre me comporto. - Ele diz, e não posso discutir.

O caminhão chega antes de acabarmos de encaixotar tudo. Os dois moços responsáveis pela mudança desmontam o berço e o chiqueirinho, antes de carregarem nossas poucas caixas, o computador, a TV e o microondas.

Alexandre vai comigo no banco da frente, com o gato no colo, enquanto seguimos o caminhão da mudança. O veículo para em frente a um condomínio de muros altos e chego a me perguntar se erramos o endereço. Aparentemente o caminhão é autorizado sem problemas, então aproximo meu carro da cabine.

- Boa tarde. - A voz atrás do auto falante diz. - A senhora vai na casa de quem?

- Lucas Moretto. - Respondo. - Meu nome é Helena Bouvier.

- Certo, vou precisar de um documento de identificação com foto e o número do seu R.G., por gentileza.

Peço para Alexandre se esticar e pegar minha bolsa no banco de trás, então coloco minha certeira de identidade na pequena gaveta de metal.

- Sorria para a câmera, por favor. - O porteiro diz.

Então ele me devolve meus documentos e me explica como chegar à casa que estou procurando.

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