A mãe e a filha de Lucas chegarão no domingo pela manhã. O que nos deixa com quatro dias para nos mudarmos e nos adaptarmos.
- Então nós não vamos mais morar em um apartamento? - Alex pergunta, enquanto me ajuda a guardar nossas poucas coisas em caixas de papelão.
- Nós vamos, só não agora. - Esclareço. - Nós vamos morar com o meu namorado por enquanto.
- Mas você nunca disse que tinha um namorado. - Ele diz, enquanto arrasta uma caixa cheia de roupas para perto da porta.
- Eu não disse porque vocês estavam se adaptando ainda. - Minto. - Mas acho que já estão prontos para conhecê-lo.
- Morar com ele, você quer dizer.
Paro de arrumar as caixas e encaro o rostinho triste de Alexandre. Algo está errado.
- Olha, eu sei que talvez não seja o ideal, mas nós precisamos nos mudar se quisermos que você, o Heitor e as meninas fiquem comigo. O Lucas tem uma casa bem legal, vocês vão gostar, eu juro.
Era uma meia verdade. Lucas disse que a casa era legal, então decidi acreditar nele. Segundo ele, um caminhão viria carregar a mudança na quarta feira à tarde, lá pelas cinco, então decidi matar a aula durante a tarde para organizar tudo. Também tirei Alex das aulas extras da tarde, para deixá-lo mais engajado com o processo.
- 'Tá certo.
- O que está te incomodando, querido? - Pergunto, o mais acolhedora que consigo. - Pode falar.
- Não é nada. É que você disse que poderíamos chamar meus amigos para o meu aniversário e eu meio que já falei com alguns meninos da escola.
- Que bom! Nós podemos fazer convites para eles, que tal?
- Mas nós ainda podemos fazer a festa? Mesmo na casa do seu namorado?
Essa é uma excelente pergunta.
- Bem, claro que podemos! Não se preocupe quanto a isso.
Alex sorri de leve, enquanto me ajuda a dobrar as poucas roupas de Heitor.
- Tem mais uma coisa que preciso te contar. - Digo, com calma. - O Lucas tem uma filha que vai morar com a gente, então preciso que você se comporte, tudo bem?
- Eu sempre me comporto. - Ele diz, e não posso discutir.
O caminhão chega antes de acabarmos de encaixotar tudo. Os dois moços responsáveis pela mudança desmontam o berço e o chiqueirinho, antes de carregarem nossas poucas caixas, o computador, a TV e o microondas.
Alexandre vai comigo no banco da frente, com o gato no colo, enquanto seguimos o caminhão da mudança. O veículo para em frente a um condomínio de muros altos e chego a me perguntar se erramos o endereço. Aparentemente o caminhão é autorizado sem problemas, então aproximo meu carro da cabine.
- Boa tarde. - A voz atrás do auto falante diz. - A senhora vai na casa de quem?
- Lucas Moretto. - Respondo. - Meu nome é Helena Bouvier.
- Certo, vou precisar de um documento de identificação com foto e o número do seu R.G., por gentileza.
Peço para Alexandre se esticar e pegar minha bolsa no banco de trás, então coloco minha certeira de identidade na pequena gaveta de metal.
- Sorria para a câmera, por favor. - O porteiro diz.
Então ele me devolve meus documentos e me explica como chegar à casa que estou procurando.

VOCÊ ESTÁ LENDO
Coraticum
RomanceHelena sempre se considerou uma mulher independente. Sem sua família para lhe dar apoio, ela lutou durante anos para conquistar as poucas coisas que possui. A maior reviravolta de sua vida acontece com um telefonema inesperado em uma manhã qualquer...