Capítulo 20

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Depois daquela noite o sono me dominou com força. Só acordei ás seis e quarenta da manhã, por sorte minha mãe só acordava mais tarde, e a primeira coisa que ela fazia era tomar banho, então ela não poderia me flagrar. Fiquei olhando dormir, parecia um anjo.

Peguei minhas coisas, vesti minhas roupas, lhe dei um beijo na bochecha e saí, minha vontade era ficar ao lado dele e acordá-lo com muitos carinhos, mas infelizmente aquilo não era possível.

Quando eu estava abrindo a porta de casa vi meu pai sair do elevador. Esqueci que ele havia saído do trabalho às seis da manhã, meu corpo gelou, ele estava parado me olhando, fechei a porta, dei alguns passos para trás e o olhei nos olhos.

- Vamos conversas? - Ele perguntou e eu afirmei num gesto com a cabeça - Bom dia - Seu Carlos falou sentando no chão.

- Bom dia pai - Falei fazendo o mesmo.

- Onde você estava rapaz? - Indagou meu pai.

- Na casa do Filipe - Respondi envergonhado. Claro que meu pai já tinha me visto ir dormir na casa do meu namorado, mas chegar pela manhã e de fininho só mostrava que eu havia "aprontado".

- Eu já tinha certeza, só queria ouvir você falar - Ele sorriu - Porque só voltou agora, posso saber?

- Pai, eu - Pensei por alguns segundos - Eu e Filipe estávamos, então, nós dormindo juntos.

Meu pai arregalou os olhos.

- Isso é uma forma de dizer que vocês transaram, certo?

- Sim - Respondi sem olhar. Porque meu pai tinha que complicar tudo? Não poderia apenas dizer tudo bem e me deixar entrar? Sempre tinha que me deixar com vergonha?

- Mas foi você que - Ele pensou um pouco - Eu quero dizer, você meu filho, claro, não faz diferença, mas eu queria saber se

- Fica tranquilo pai, Filipe que fica "por baixo" - Falei fazendo um sinal de aspas com as mãos enquanto sorria.

- Ah ta filhão, olha, se fosse ao contrario tudo bem, você pode fazer o que quiser, mas é bom saber que está usando a saúde que eu lhe dei - Ele riu e meu rosto queimou - Fico feliz que esteja se divertindo, foi a primeira vez?

- Não, já tem umas noites que estamos dormindo juntos, aí eu volto pra casa no inicio da madrugada - Contei ao meu pai, pois sabia que ele não brigaria comigo.

- Haja fôlego em - Ele sorriu - Esse é meu filho - Meu pai parecia orgulhoso com meu desempenho sexual.

- Não vai contar pra mamãe né? - Indaguei com aflição.

- Ela não entenderia, seria uma novidade bem significativa para ela - Começamos a rir - Sabe Eduardo, essa fase do namoro é muito boa, eu e sua mãe ficamos assim algumas semanas, sua avó e meu pai nos davam cobertura - Ele riu saudosamente.

- Dona Rosa dizia ao pai de sua mãe que ela estava dormindo e meu pai dizia para minha mãe que eu estava no futebol, quando na verdade estávamos trancados no meu quarto ou na casa dos fundos do terreno de Dona Rosa - Começamos a rir - É gostoso não é?

- Para pai! - O censurei - Obrigado pela força.

- Tudo bem, mas se a sua mãe descobrir eu não sei de nada - Sorrimos - São mais de sete da manhã, não está atrasado não?

- Amanhã é festa junina, vamos arrumar a escola hoje à tarde, então fomos liberados das aulas - Expliquei.

- Mas você não vai dançar? - Ele perguntou.

- Agora eu namoro o Filipe, tenho que ajudá-lo em tudo - Falei quase resmungando. Não por ter que ajudá-lo e sim pelo cansaço da noite anterior, queria poder ficar dormindo a manhã toda agarrado ao corpo dele.

DE AMIGO PARA NAMORADO - DescobertasOnde histórias criam vida. Descubra agora