Capítulo 27

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Fiquei ainda mais cuidadoso com Filipe. Algo havia mudado dentro de mim, sentia uma necessidade de lhe cercar a todo tempo, nem queria que ele ficasse sozinho ou andasse sem companhia, ficava lhe mandando mensagem de hora em hora.

Mais do que nunca eu deveria cuidar dele. Pra mim foi importante demais ele ter me contado, poderíamos passar anos juntos sem que eu soubesse, mas ele decidiu fazer diferente. Abrir um pouco mais do mundo dele para que eu entrasse.

Pra afastar aquela onda e sumir com meus medos veio o passeio. A semana havia passado tão rápido que quando percebi já estávamos na porta do colégio indo para o passeio. Meu pai parou o carro e ficou nos olhando.

- Tchau pai – Falei batendo no ombro dele.

- Se cuidem lá, não quebrem nada e não se quebrem – Ele falou sorrindo – Filipe cuida dele, ta?

- Pode deixar tio – Ele falou e depois deu um toque na mão do meu pai – Quando a gente estiver chegando eu aviso e você que é um ótimo sogrão vai vir buscar a gente, né?

- Tu abusa né garoto? – Seu Carlos começou a rir – Pode deixar eu venho buscar vocês sim.

Eu ainda surpreso com o que havia acontecido saí do carro e fui para a escola, olhei a mão de Filipe e tive uma imensa vontade de segurá-la e entrar no colégio com ele, o exibindo para todos, estranhamente eu me sentia forte o bastante para aquilo, mas preferi não fazer.

- Como você consegue arrancar as coisas do meu pai? Há anos eu tento descobrir – Indaguei enquanto passava o cartão na catraca eletrônica.

- É simples, eu sou seu namorado – Filipe falou olhando para os lados e conferindo se não havia ninguém – Tenta fazer isso com meu pai, ele te adora – Comecei a rir e baguncei um pouco o cabelo dele já que não podia lhe beijar, aproveitei para levar meu olhar para suas pernas.

A direção do colégio havia deixado que fossemos de calça jeans, até porque estava frio e o local para onde iríamos era na serra, então lá seria ainda mais frio, com o jeans ficaríamos mais aquecidos. Eu estava com uma calça jeans preta e Filipe com uma azul marinho que deixava seu bumbum ainda mais empinado e suas pernas modeladas.

Delícia!

Quando chegamos encontramos nossos amigos, não havia muitos alunos no pátio, ainda eram seis horas da manhã. A coordenação decidiu que o ônibus de viagem partiria antes da entrada dos outros alunos para que não houvesse tumulto.

Irani era a diretora, uma mulher de estatura baixa e cabelos negros, sempre vestida de forma elegante, com alguma calça e blusa que lhe dava um aspecto respeitoso, a tal ponto que nenhum aluno ousava zombar de seu sobrepeso – não em sua frente. A dirigente da escola não iria conosco, a coordenadora nos acompanharia. Eu nem sabia o nome dela, todo ano a pessoa que ocupava aquele cargo pedia demissão, era muito puxado.

- Não sei por que tem que fazer fila de meninos e de meninas – Ritinha bufava – Junta logo todo mundo, a gente se pega e a galera fica bem feliz, duvido que as notas não vão subir – Disse ela enquanto aguardávamos a liberação para ir pro transporte.

- Ritinha para Ministra de Educação, por favor – Caio disse virando para trás.

- Os alunos podem ir, me entreguem as autorizações, vamos deixar que vocês escolham suas duplas e seus assentos, só pedimos que tenham postura e boas maneiras durante o passeio, confio em vocês sei que não me decepcionarão – Irani falou no seu típico tom de alerta.

Quando ela terminou de falar percebi que Ritinha e Caio lançaram um olhar acusador para mim e pra Filipe, certamente porque sabiam que formaríamos dupla. Fazer o que se eu queria ficar grudado no meu namorado.

DE AMIGO PARA NAMORADO - DescobertasOnde histórias criam vida. Descubra agora