Introdução

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Eu não sei por onde começar, e nem sei o que dizer, por isso vai ser escrevendo mesmo que eu contarei como tudo aconteceu.

Há bastante tempo atrás.

Sou ruim com datas, me julguem.

Fui uma criança planejada, meus pais eram jovens quando se casaram, viviam bem e felizes, mas achavam que a casa estava muito vazia então decidiram que ter um bebê, para alegria dos meus avôs, e assim três meses depois do aniversário de quatro anos de casamento deles eu começava a crescer na barriga da minha mãe.

Cresci em meio a muito amor, carinho e afeto. Meu pai me ensinou a andar e minha mãe a falar, a primeira palavra que eu disse foi fome. Fui pra creche e não chorei no primeiro dia de aula, mas minha mãe e meus avós sim, muito.

Minha avó dizia que eu era uma criança especial e ainda traria muita alegria aquela família, só sei que eu aprontava muito, jogava todas as chupetas no quintal, abria a mamadeira e jogava o leite pela casa e meu esporte favorito era tirar a fralda e sair correndo pela casa.

Baby nudes, quem nunca?

Quando fiz seis anos meus pais resolveram que nos mudaríamos para um apartamento e lá passou a ser o nosso cantinho, estudei no mesmo colégio até ir para o ensino fundamental dois, depois troquei de escola.

No início daquele ano o filho do vizinho do andar debaixo foi morar com ele, Filipe.

Na época ele tinha onze anos de idade, como estávamos de férias fizemos amizade fácil, surpresa maior foi ele estarmos estudando na mesma escola e na mesma turma, fez o meu medo do "primeiro dia de aula numa escola nova" sumir.

E se formou aquela dupla. Nós éramos inseparáveis e estávamos sempre juntos, nos trabalhos, nos projetos e nas festas. Nessa época como estávamos mocinhos e brincávamos muito, lembro que Filipe ia a minha casa quase todo dia no final da tarde pra brincar.

- Filipe seu pai está aqui para te buscar - Minha mãe falou carinhosamente.

Estávamos os dois no chão jogando um jogo de corrida, embora Filipe fosse meu amigo e gostasse da maioria das coisas que eu gostava ele detestava jogo de futebol, então sempre acabávamos em algum game de corrida, luta, guerra ou qualquer outra coisa.

- Já vamos - Eu e ele respondemos juntos.

Minha mãe apenas riu e voltou para a sala, sabia muito bem como aquela cena terminaria porque nós sempre fazíamos a mesma coisa.

- Eduardo, acho melhor eu ir - Filipe falou preocupado.

- Seu pai não vai vir aqui, fica calmo, talvez ele desista e vá embora - Falei tentando ser convincente.

Alguns minutos se passaram.

- Filho se eu tiver que te chamar mais uma vez você não vem mais - O pai de Filipe falou com aquela voz meio grave.

Largamos o controle do vídeo game ao mesmo tempo.

- Tchau! - Filipe falou e se levantou.

- Tchau! - Falei com os olhos arregalados com o medo da hipótese dele não voltar. Mas uma coisa que eu aprendi é que o Filipe sempre voltava.

Depois de um tempo passamos a fazer os trabalhos de casa juntos, ele não gostava de matemática porque não lidava muito bem com as regras da matéria, mas quando se falava de história, geografia, ciências e arte Filipe se tornava um expert, gravava todas as datas e sabia a capital de todos os estados brasileiros além de possuir um verdadeiro fascínio por cobras e latas de tinta.

DE AMIGO PARA NAMORADO - DescobertasOnde histórias criam vida. Descubra agora