Mariana, Duarte, José e Clara são um grupo de amigos visto como fora do comum. Hoje, eles iriam fazer uma apresentação para toda a escola. Ou melhor, para aqueles que quisessem aparecer.
Todos estavam muitíssimo nervosos e inquietos. No pavilhão havia apenas alguns professores de filosofia e português. Isso não os surpreendeu.
-Vamos começar, não me parece que mais alguém vá aparecer.- afirmou Mariana enquanto deitava o bebê que tinha no colo no berço.
-Não, ainda não!- exclamou José ainda com uma pitada de esperança.- Só mais cinco minutos.
Mariana olhou-o já a perder a paciência e ele sussurrou "por favor". Então, ela viu a hora no seu relógio de pulso e respondeu:
-Esperamos até a campainha tocar.- José e Clara sorriram.
Passados exatamente três minutos, o final das aulas foi anunciado.
-Prontos, vamos começar.- ordenou Duarte.
-Como é que vocês pretendem fazer passar uma mensagem aos alunos se não há alunos aqui?- questionou Clara.
-Se eles ainda não chegaram, não ach...- Mariana foi interrompida pelo som da grande e velha porta daquele auditório a abrir-se.
Todos dirigiram o olhar para a pessoa que por lá entrava. Ou melhor, para as pessoas. Maria, a intelectual da turma de ciências, Joana, a rapariga que passa demasiado tempo na biblioteca e Diana, uma moça super popular. Atrás destas vieram mais e mais alunos.
Passados quinze minutos, encontravam-se cerca de uma centena de estudantes naquela sala. Não são muitos se considerarmos que na escola estudam mais de mil e quinhentas pessoas. Porém, se virmos por outra perspectiva, aquilo era muito mais que os cinco jovens esperavam.
-Acho que estamos prontos.- declarou Clara.
Os colegas acenaram e todos subiram ao palco.
-Boa tarde a todos, agradecemos muito que tenham vindo.- disse Duarte dando início a apresentação.
José limpou a garganta e continuou:
-"Normal". Eis a palavra que define o mundo de hoje em dia. Toda a gente procura ser normal, todos queremos seguir estúpidos padrões que nós mesmos criamos. Todos se querem encaixar e fazem de tudo para não serem criticados. Os adolescentes são quem mais sofre com isso. É nesta fase que cada um descobre quem realmente é, mas como fazer tal coisa se somos controlados como marionetas? Dizem-nos para sermos nós mesmos, mas se o fizermos, julgam-nos.
Mas já alguma vez pararam para pensar no porquê de fazermos isso? Por que continuamos a ceder? Por que não dizemos "foda-se" e começamos a fazer o que realmente queremos? Por que ligamos tanto para a opinião de gente que não fará diferença alguma nas nossas vidas? Afinal, tudo o que isso nos vai trazer são infelicidades.
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Uma Porção De Contos
DiversosMENU: NOS SÁBADOS = Dois contos com muita criatividade, feito com muito amor por perfeitos mestres. Acompanhado de sabores indescritíveis e uma dose de algo que só você pode nos ajudar descobrir.