Suicídio

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Não, não é o nosso término que me faz querer morrer.
Sim, eu amava ele, eu faria tudo por ele e realmente em algum segundo eu pensei num "sempre" com ele. Mas defenitivamente não foi por ele que cheguei a este ponto. Pode ter ajudado mas não foi só ele.

A depressão, ela sim. Leva-me à loucura e sem eu querer estou a chorar no banheiro da escola. Sem eu querer ligo ao que dizem sobre mim nos corredores da escola ou mesmo às pessoas que sussurram nas minhas costas coisas sobre mim. Sem eu querer acredito que fui eu que matei a minha mãe e que tudo o que dizem sobre mim é verdade.

Não fui eu que matei a minha mãe, e sim os comprimidos que ela tomou. Porque os tomou? O marido deixou-a sozinha com os dois filhos. Um gay, a vergonha da família.

O típico adolescente gay que sofre preconceito pelas mentes fechadas que o rodeiam. Que só tinha 1 ou 2 amigos. No meu caso tenho 3 melhores amigos.

Gustavo, André e Gabriel. Eles me faziam esquecer tudo à minha volta. Tudo de mal que fazia a minha vida piorar.

E tinha meu namorado, atualmente ex namorado.

Pedro. Ele era o tipo de rapaz que era invisível mas bonito. Perfeito na realidade. Os maxilares, as claviculas, as costas, veias, tudo. Ele era simplesmente o rapaz mais maravilhoso que eu tinha visto, tanto como por dentro como por fora. Mas começou a ser notado e popular. E a distância entre o nosso namoro escondido começou a ser notável e o medo dele não querer assumir o nosso namoro também.

Terminamos como era previsto. Eu nunca conseguiria alguém tão perfeito como ele. Ele sempre me teve, mas eu nunca o tive.

E o outro filho que está na prisão, o menino que sempre foi rebelde mas sempre com uma outra chance ao seu lado. Até chegar aos dezoito anos e ser maior de idadade.

Assaltos, mortes, drogas....

E pow, foi apanhado e preso. Um ano de sentença, quem lhe daria tal futuro antes?

"Ele vai atinar"

"Ele vai mudar"

Iludidos... Não perceberam que ele sempre foi assim e não mudaria.

Quando eu tinha 4 era o meu irmão que me defendia das outras crianças que me zuavam por brincar às barbies ou estar mais vezes com as garotas do que com os garotos. Depois na adolescência ele mudou e começamos quase a nem falar um para o outro.

Depois quando eu tinha 14 anos mudei de escola e era invisível lá. Até que 3 rapazes simpáticos (Gustavo, João e Gabriel) me notaram e começamos a estar juntos nos recreios e depois da escola.

Um dia tive de fazer um trabalho com um menino que eu nem conhecia, Pedro, e ele foi a minha salvação para os dias de tédio e até para os outros dias.

Estava tudo bem até que vazou um boato sobre eu ser gay. Não sei como as pessoas souberam mas foi horrível a partir daí.
Todos os dias ouvia insultos, sofria agressões, e quando os rapazes estavam comigo as pessoas so olhavam e sussurravam.

Eu e o Pedro começamos só a nos encontrar depois da escola porque ele tinha medo de depois sofrer o mesmo que eu.
Depois terminamos, a distância já era bem grande, parecia que havia oceanos entre nós.

6 meses depois tentei-me matar. Minha mãe ignorava-me e o meu irmão só o via de manhã. Estava muito solitário mesmo que os rapazes tentassem eu já nao queria sair de casa.

Quando o Pedro soubeda notícia foi me perguntar o porquê de eu ter feito aquilo, o porquê de eu nunca lhe ter contado nada.

Ele ainda não estava pronto para saber que o seu namorado tinha vontade de morrer a cada dia que passava, o que eu acho normal pois ele sempre achou isso cobardia. E eu sou um cobarde que não consegue mais viver.

Tinha chegado a hora.
Tudo o que eu faria daqui para a frente iria mudar a minha vida, e a dos que viviam comigo diariamente. Não que eu ache que eles se vão importar muito.

Estava na beira do maior edifício da minha cidade. De lá se via o maravilhoso pôr-do-Sol.

Como uma coisa tão bela de longe pode matar de perto?

Estava pronto para saltar, fiquei a relembrar se tinha deixado as cartas das pessoas mais próximas de mim.

Ja estava tudo. Dois passos e a minha salvação seria feita. Eu poderia viver em paz. Estava pronto para a minha liberdade de viver e eu estava pronto para o que seria o meu futuro a partir de ali.

Dei uma ultima olhada para a cidade "linda e magnifica " pensei e me atirei para a frente.

O vento me causava uma adrenalina fantástica

Flashback on

O sorriso dele era o mais bonito daquela sala, ninguém conseguiria tirar a beleza dele. A beleza era mais que muita que podia ser considerada perfeição

Flashback off
Flashback on

Minha barriga doía muito depois da piada que Gabriel tinha contado. Nem tinha sido tao engraçado assim mas algo em mim fazia me rir muito

Flashback off
Flashback on

Alguém tinha batido à porta de casa, me levantei da cama e fui até à porta, a abri e vi o Gustavo "Tu queres ir jogar futebol connosco?" Perguntou-me
"To sem vontade para nada, fica para a próxima" respondi-lhe

Flashback on
Flashback off

Todos os dias ia a pé para casa com o João já que a escola era relativamente perto da minha casa, era três ruas ao lado. E a do João era na rua ao lado à minha.
Nós andávamos normalmente até que ele pergunta
"O que aconteceu com você? "

"Nada não " respondi-lhe

Então quando chegamos ao ponto onde íamos nos separar eu o abracei forte e comecei a chorar no ombro dele. Quando eu me recompus agradeci-lhe

"De nada e se cuida"

Flashback off

Após toda a minha vida passar em diante aos meus olhos e todos os flashbacks terem passado na minha memória eu me arrependi de ter saltado pq a felicididade eatava bem à minha frente eu que nunca tinha reparado nela.

Que pena que já era tarde demais...

Escrito por: Sofs06

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