2. INOCÊNCIA DE VIDRO [ATO 2]

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O bebê choramingou quando o detetive Vincent Baker tentou devolvê-lo ao carrinho, agarrou a gola da sua camiseta com seus dedinhos e suspirou, o homem aninhou-o novamente em seus braços, e em poucos segundos ele voltou a ressonar, feliz

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O bebê choramingou quando o detetive Vincent Baker tentou devolvê-lo ao carrinho, agarrou a gola da sua camiseta com seus dedinhos e suspirou, o homem aninhou-o novamente em seus braços, e em poucos segundos ele voltou a ressonar, feliz. O carpete da sala estava manchado com o sangue seco de seus antigos donos, mas não havia nada que denunciasse o autor daquela atrocidade, nenhum móvel fora do lugar: nenhum indício de luta. Os corpos de Ellen e Oliver Stanhope já tinham sido levados, Vincent caminhou pela cena do crime com Peter nos braços, perscrutou todo o local á procura de pistas, mas sem sucesso, o mais velho dos filhos do casal era o único suspeito até então, mas ele se recusava a acreditar que uma criança de nove anos fosse capaz de tal brutalidade. Peter gemeu baixo, abrindo a boca e tateando pela camiseta do detetive, procurava pelo seio de sua mãe, deveria estar faminto, seus olhos se abriram: um par de nuvens nubladas, e  Vincent esperou pelos gritos e o choro, havia naquela atitude o que sempre tentara evitar: uma complacência desregrada pelos desfavorecidos e injustiçados. O choro e os gritos não vieram, em vez disso, Peter abriu um sorriso de boas vindas, e voltou a recostar sua pequena cabeça cor de platina no peito do detetive, que sorriu de volta em segredo.

(— Você precisa ser mais racional. — dissera o seu chefe quando ele havia começado. — Menos emoção e mais racionalidade, Baker.

Fora uma tarefa árdua omitir sentimentos que ás vezes, sem que percebesse, submergia-o num lago de vulnerabilidade, e o fazia se envolver demais com os casos que investigava. Por este motivo ainda não tinha se casado, não com uma bela mulher como imaginara em sua adolescência, mas com a carreira, e este casamento após tantos altos e baixos finalmente se tornara estável.)

— Vincent? — chamou a voz, trazendo-o do transe melancólico. — Vincent, precisamos levar o bebê. Ele deve estar faminto e precisando de cuidados.

— Sim. Tudo bem. — respondeu Vincent sacudindo a cabeça, seus olhos castanhos analisaram o pequeno pedaço de vida em seus braços. — Robert, para onde vão levá-lo?

— Para o hospital, claro. E tentaremos contato com os familiares mais próximos: avós, tios, ou o quem quer que seja. — respondeu o parceiro.

— Certo.

— Ei, cara, você não tem que se preocupar com essas coisas. — disse Robert coçando o grosso cavanhaque e levando a mão a cabeça careca e lisa, era um homem de meia idade e pele escura. — Posso? — esticou os braços.

— Eu o levo até o...

— Vincent, não insista, por favor. Temos ordens explícitas. Você sabe que não pode se envolver. — Robert estendeu o braço com mais ênfase desta vez.

— Eu... Tudo bem. Apenas me mantenha informado e... — ele deu uma última olhada em Peter antes de entregá-lo ao incerto. — Nada.

As Crônicas Nocivas: Orfanato (Livro 1)Onde histórias criam vida. Descubra agora