Capítulo 2

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A motocicleta de Elyza era barulhenta demais na opinião de Alicia e roncou o curto caminho até o posto da fronteira. As duas levaram pouco mais do que meia hora para se aproximarem do local onde os mercenários estavam. Cerca de três quadras perto do posto, Elyza entrou para a esquerda e escondeu a moto como podia dentro da garagem de uma casa.

— Eles têm batedores rondando a área — disse Elyza. Seu tom era de alerta. — Nós precisamos ter muito cuidado. Um passo em falso e...

Ela passou o dedo pelo pescoço como se o mesmo fosse cortado com uma lâmina. Alicia engoliu em seco. Agora que estava ali, não tinha como voltar atrás. Nick precisava dela e ela iria em seu resgate. Tinha que levá-lo de volta à Madison.

— Porque está confiando em mim? — Alicia questionou Elyza enquanto as duas saíam da garagem.

A rua estava deserta. No caminho, tinham passado por alguns infectados, mas Elyza os ignorou completamente. Alicia imaginou que os mercenários teriam cuidado à sua maneira dos mortos-vivos na região.

— Porque você está confiando em mim? — Elyza devolveu a pergunta.

— Você tem muitas armas — a garota observou. — E não usou nenhuma delas contra mim.

— Faz sentido. Temos um problema em comum.

Elyza não disse mais nada e Alicia não insistiu. Não gostava do ar de mistério da garota. Ela se pendurava a cada palavra que Elyza dizia na esperança de aprender um pouco sobre ela, mas a garota não colaborava.

— É assim que você flerta? — Alicia continuou com o interrogatório enquanto as duas passavam por um beco. — Se tornando o maior mistério que a gente quer decifrar?

Elyza parou no portão que dava aos fundos de uma quadra. Alicia, ainda dispersa em seus pensamentos, não percebeu a parada e bateu nas costas da garota. Elyza virou-se para ela e, mesmo no escuro, percebia-se sua irritação.

— Quer realmente discutir meus métodos de flerte quando estamos prestes a invadir um lugar fortemente armado?!

O rosto de Alicia corou.

— Nos conhecemos há menos de duas horas, querida — disse Elyza. — Você também é um mistério para mim. Se sairmos vivas dessa, conto tudo o que quiser saber.

Ela ofereceu sua mão como oferta de paz. Alicia pensou por um instante, mas apertou a mão estendida. Estava ali firmado um acordo. Agora, poderiam seguir em frente com seu plano maluco.

As duas seguiram pelo interior das casas e becos até o posto da fronteira. Elyza matou um infectado que a assustou ao entrarem em uma viela. Alicia engoliu seu grito de pavor e sentiu suas mãos tremerem por vários minutos antes de se acalmar completamente.

A cada passo que dava, seu nervosismo aumentava. Alicia não conseguia parar de ver o rosto de Andrés em sua mente. Seus olhos estavam manchados pelo sangue que saía da camiseta do homem. Ela segurou a faca borboleta em seu bolso. Seria capaz de matar não só um, mas vários homens, com a mesma arma? Agora que estava tão perto, Alicia não tinha mais tanta certeza.

Elyza chamou sua atenção assim que estavam a alguns metros do posto. Estava tudo escuro, não havia nenhum tipo de movimento que sugerisse alguém morando ou vigiando o local. As duas se encostaram em uma parede de um prédio comercial.

— Ok, talvez eles não estejam aqui — comentou Elyza. Ela franziu o cenho e olhou novamente para o posto. — Mas olha ali.

Ela puxou Alicia e apontou para alguns caminhantes andando a esmo. Depois, mostrou as mochilas largadas no chão. Parecia que os objetos haviam sido abandonados no desespero. Alicia não gostava daquilo.

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