Capítulo 6

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Elyza estendeu o mapa pela mesa da cozinha e apontou para um potinho azul na costa de San Diego.

— Acho que viemos para cá — ela disse de maneira resoluta. — Reserva de Tijuana. Que, por incrível que pareça, fica nos Estados Unidos.

— Porque pensa isso? — Nick indagou, interessado.

Luciana e ele sentavam-se mais próximos à mesa. Alicia se apoiava na pia, enquanto Elyza estava de pé e parecia prestes a explodir de animação. Os quatro estavam na casa de Elyza. Dois dias haviam se passado desde que tinham fugido dos mercenários e Luciana demonstrara uma boa recuperação.

Travis e Madison se recusaram a ir embora sem os filhos, mas não tinham aceitado a ideia insana deles de provavelmente invadir uma base militar. Por isso, os dois não participavam da primeira reunião do grupo para decidir o que fariam.

Alicia passara as últimas 48 horas entre beijos apaixonados e à procura de mapas dos Estados Unidos e México, além de um que detalhasse a fronteira entre Tijuana e San Diego. Mal vira a mãe durante esse período. Elyza, sua moto e sua casa tinham sido sua grande companhia.

— Sua irmã contou o tempo que passamos do outro lado — explicou Elyza. Ela sorriu orgulhosamente para Alicia. — Digo, quanto tempo nós levamos para chegar no tal forte. Se ela fez as contas certas, e acredito que ela fez, nós paramos na reserva.

— Nós tínhamos pensado na Base Naval de San Diego, mas é uma distância bem maior — falou Alicia. — E é uma área urbana.

— Parece plausível — examinou Nick, curvado sobre o mapa.

Ele olhou para Luciana, buscando aprovação. A mulher assentiu, embora não olhasse para o mapa. Ela observava a interação entre Alicia e Elyza, como se soubesse o que as duas haviam feito além de explorar a área.

— O helicóptero? — Luciana perguntou.

— Deve ser do exército — falou Elyza. Ela pediu para que Nick se afastasse e apontou para um X vermelho ao norte da Califórnia. — O que nos leva ao Fort Irwin. Era para lá que o helicóptero ia nos levar. O exército deve tá enfiado até o rabo nessa confusão.

— A treta com os traficantes — afirmou Luciana. — Você acredita que eles levaram o povo da Colônia para lá?

— Talvez — respondeu Alicia. — Não encontramos corpos, não vimos nada nos últimos dias. Não há uma pessoa na rua.

— Você não saberia dizer se um infectado era alguém da Colônia — objetou Nick amargamente.

Alicia olhou de soslaio para Elyza. A garota suspirou e bagunçou os cabelos com uma mão. Sabia que esse momento viria: em que ela teria de contar a verdade para Nick. Luciana possivelmente já a reconhecera. Não podia conviver com esse segredo por muito tempo, não se quisesse que os dois confiassem nela. Para que aquela missão funcionasse, teria de haver confiança.

Elyza sentou-se de frente para Nick e Luciana. Seu semblante era sério. Ela não hesitou em contar sua história. Cortou algumas partes, deu emoção às outras, e, no fim, disse tudo o que os dois ex-moradores da Colônia mereciam saber. Com o peso já leve em seus ombros, Elyza não demonstrou nenhum sentimento como tinha feito há duas noites ao lado de Alicia.

— Acredite, eu saberia se alguém da Colônia fosse infectado — ela concluiu. — Eles não estão aqui.

— Nós precisamos saber o que viram quando foram pegos — disse Alicia, olhando para o irmão e Luciana.

— Fui vendado — disse Nick. — Luciana estava com muita dor para notar alguma coisa. Quando percebi, já estava naquele casebre.

— Merda — xingou Elyza baixinho.

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