Capítulo 11

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— Acha que consegue fazer isso? — sussurrou Elyza.

— O quê? — Alicia indagou, desconfortável. Ela estava agachada na mesma posição há vinte minutos.

— Matá-los na surdina. Não é uma tarefa fácil.

Alicia ponderou. Certamente ela não estava pronta para matar militares a sangue frio. Deus, quem poderia viver esperando por aquele momento? Ela fitou Elyza por um instante. A garota só queria seu bem e provavelmente entenderia se Alicia desistisse no último minuto. Ela poderia ficar com Madison no caminhão e aguardar o momento certo para liberar os reféns de Fort Irwin.

Era a escolha mais inteligente e Alicia sabia disso, mas ela não queria ficar para trás. Queria lutar e enfrentar quem atacou seu irmão na fronteira. Eles eram os vilões ali e ela queria ter a oportunidade de encará-los antes de eles morrerem. O desejo de vingança talvez não fosse o combustível certo para estimulá-la, porém quem iria enganar? Todos ali eram movidos pela vingança.

— Tenho minha faca. — Alicia sorriu duramente e fez movimentos rápidos com a lâmina para impressionar Elyza. — O quão difícil pode ser?

— Bastante. — Elyza murmurou para si e desviou o olhar.

O grupo, de acordo com Mars, estava chegando às instalações militares. O caminhão foi obrigado a desviar da interestadual e continuar viagem pela estrada de chão. Logo, Travis contou que havia avistado portões e luzes. Não deu para ver o pôr do sol, mas Alicia sentiu que o clima estava mais fresco. Em pouco tempo, a escuridão englobou tudo dentro da carroceria do caminhão.

Antes de se aproximarem do portão principal de Fort Irwin, Mars e Travis trocaram de lugar. Não havia tempo para que Travis ficasse junto da família, logo ele se encaixou da melhor maneira que pode nos pés de Ritter. Alicia tentou não imaginar no que seu padrasto estava pensando no momento. Ela esperava que a humilhação valesse a pena.

Enquanto isso, Alicia e os outros se preparavam. Nick e Luciana estavam na frente e atacariam os primeiros homens que abrissem as portas do caminhão. Elyza e Alicia ficaram atrás e avançariam assim que estivesse seguro. Madison se absteve da luta e escolheu ficar na carroceria. Se tudo corresse como o planejado, ela não precisaria se preocupar com nada. Seu único trabalho seria ajudar o povo da Colônia quando necessário.

— Mars! — Uma voz alegre exclamou. O caminhão parou no portão e teve que esperar a liberação oficial. — Você e Ritter demoraram dessa vez.

— Muitos infectados — respondeu Mars. Seu tom de voz era tranquilo. — O forte foi danificado, talvez permanentemente.

— Porra — o outro soldado disse. — Isso vai nos trazer problemas com os motoqueiros.

Alicia olhou para Elyza, confusa, mesmo que não houvesse uma única luz para indicar a troca de olhares. Ela engoliu em seco, aflita.

— Eles querem livrar a América dos mexicanos — retrucou Mars, amargo. — Esse é só mais um dos contratempos que terão nesse mundo.

O soldado que guardava o portão liberou a entrada de Mars e Ritter. Alicia segurava sua faca borboleta como se sua vida dependesse disso. A respiração de Elyza era desregulada. A garota poderia ter participado de encontros violentos na época do tráfico, mas Alicia imaginou que o nervosismo sempre seria o mesmo. Ninguém realmente deveria se acostumar a matar pessoas.

Elyza procurou a mão de Alicia no escuro e a segurou durante os minutos em que o caminhão entrava na instalação e era estacionado por Mars. Alicia ficou grata pelo gesto. A mão de Elyza estava gelada e seu toque deixou Alicia arrepiada. Queria poder beijá-la mais uma vez antes da invasão começar, porém não o fez. A garota não poderia saber como Madison reagiria.

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