Capítulo 8

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Para total desgosto de Madison, Alicia decidiu ir junto com Elyza em sua moto. A família Clark e Luciana ficaram no carro que tinham usado para fugir do hotel na calada da noite. Os seis passaram o dia se organizando para sair de Tijuana. Travis e Madison continuavam relutantes a ir embora, mas não fizeram objeções em voz alta.

— Finalmente vou pegar minhas armas — disse Elyza, ajeitando o capacete de passageiro em Alicia. — Espero que tenham guardado elas, senão vou explodir aquele forte.

— Sem conversas sobre explosões perto da minha mãe, por favor — Alicia pediu para a garota, que abriu um sorriso divertido. Madison observava as duas do carro e sua expressão não era nada feliz. — Porque você não pode pegar outras armas, hein?

— Porque aquelas são minhas. — Elyza fez bico. Alicia revirou os olhos. — Tem minhas iniciais nelas. Eu ganhei quando entrei oficialmente para o t-r-á-f-i-c-o.

Elyza soletrou a palavra para evitar ser ouvida por Madison. Alicia tentou não fazer careta diante da nova informação. Não conhecia nada dos cartéis e não tinha interesse em descobrir. Imaginou a garota na sua frente recebendo a pistola e a escopeta que carregava no dia que a conhecera, como presentes de Natal. Era estranho.

As duas subiram na motocicleta, devidamente protegidas com capacetes, e lideraram o caminho até a fronteira. Nenhuma mudança foi notada por Alicia ao chegarem. Não havia ninguém por perto, o que era um alívio. Ela se perguntou se o cara que Elyza atirara estava bem. Eles passaram pelo posto de imigração sem maiores problemas.

O caminho até o forte foi iluminado apenas pelos faróis da moto e do carro. Por pouco mais de meia hora, Alicia se segurou com força na jaqueta de Elyza por conta das condições da estrada de terra. O grupo se aproximou do forte com faróis desligados, mas a precaução não foi necessária. O lugar estava abandonado, com infectados andando a esmo e os portões abertos.

Elyza entrou com tudo no local, atropelando sem querer um infectado que passava. Alicia esperou a garota parar a moto para descer. Ligou sua lanterna, se sentindo em um filme de terror. Não havia nenhum outro barulho além do carro e dos passos dos infectados.

— Credo... — ela murmurou, enfiando sua faca no cérebro da criatura que Elyza atropelara. — O que diabos houve aqui?

Travis, Luciana e os Clark saíram do carro igualmente em choque. Madison parecia de alguma forma aliviada, e Alicia entendeu porquê. Com infectados ela sabia lidar. Com o exército americano, talvez nem tanto.

Alicia se abaixou e jogou a luz da lanterna nas roupas do infectado. Eram militares — calça camuflada e regata verde-clara — e definitivamente pertencia a um dos caras que vivia ali. Sua dog tag havia sido amassada por uma bala. Talvez fosse um dos que morreram na fuga do grupo.

— Os que tiveram a chance, fugiram — disse Elyza. A garota estava parada ao lado da parede ainda não terminada que elas usaram como escudo dias antes. Alicia podia ver as engrenagens do seu cérebro funcionando a todo vapor. — Eles não conseguiriam salvar quem foi atingido, seria desperdiço de medicamento. As construções pararam e eles voltariam para limpar o forte. Não podem deixar um local como esses simplesmente parado.

— O que isso significa, então? — indagou Luciana, sentada numa cadeira e fitando Elyza com interesse. Travis, Nick e Madison limpavam o interior do forte enquanto Elyza andava para lá e para cá, confabulando o que teria acontecido.

— Os militares... mercenários... sei lá.... Eles podem voltar. Nós precisamos pegar minhas coisas e cair fora o quanto antes.

Alicia apontou a lanterna para o prédio na borda do forte. Ali deveria estar toda a informação que eles precisavam para invadir Fort Irwin e salvar o povo da Colônia. Ela repassou o que pensava para Luciana e Elyza, e as três não perderam tempo. Correram até a porta de entrada para encontrá-la trancada com cadeado.

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