No outro dia, eu, Mike e meus pais estavam no carro indo para algum lugar que eles não nos disseram. Pegamos várias coisas minhas lá em casa, inclusive na casa de Mike junto com as coisas dele. Lydia e Peter ligaram para o Sr. Harris várias vezes até o mesmo atender e explicaram a loucura que havia acontecido. Se não fosse o suficiente, Mike dormiu na minha casa, fomos praticamente empurrados para dentro do carro e saímos às pressas.
Peter ligou o rádio e a música animada começou. Não combinou muito com a situação que eu estava. Apenas cruzei os braços e pensei quando tudo aquilo ia acabar. Minha barriga parecia um buraco negro e não sentia vontade de comer nada ou falar sobre o suposto monstro que quase matou meus pais.
— Olha, sei que do ponto de vista de vocês isso pode parecer seguro... — Mike diz delicadamente para os meus pais e respirando fundo. Junta as mãos e se reclina no banco do carro, como um psicólogo faria — ... Mas isso é LOUCURA! Já falaram com o meu pai? Tem certeza? Ele só deixou um recado falando para eu confiar em vocês, só que tá difícil, viu.
— Sim. Ele concordou.
Arrumei o casaco e olhei pela janela vendo os prédios do Brooklyn sumindo aos poucos. Era a direção para Long Island e me perguntei por quanto tempo ficaria sem ver minha casa.
Não queria ter saído, não queria que nada disso tivesse acontecido. Para mim, tudo era um sonho e demorava a acabar.
— Já estamos tão longe do Bronx... — respirei fundo ainda olhando a janela. — Mãe, porque vocês estão fazendo isso? Se a vovó soubesse ia...
— Daphne, eu vou tentar resumir — sempre que ela diz isso a história é longa. Lydia ficou de frente para nós. — Os deuses gregos e romanos existem. Eles têm filhos com mortais que são chamados de semideuses, e nunca estão seguros. Eu e seu pai somos semideuses.
Eu e Mike nos olhamos e começamos a rir. Meus pais estão loucos. Talvez eu também estivesse. Se a loucura continuasse eu abriria a porta e saía correndo.
— Por favor diga que isso é mentira. Deve ter outra desculpa mais esfarrapada que essa, mãe, essas coisas não existem. Sabem que eu adoro uma ficção mas isso é outra coisa.
— Mas é verdade! — meu pai diz sem olhar para trás. — Porque acha que nunca viu seus avôs, Daph? Eles não morreram. Eu sou filho de Hermes.
— SÉRIO? — Mike exclama e encosta-se ao banco da frente. — O mensageiro dos deuses? Que incrível! O que você pode fazer? Voar com aqueles sapatos com asas?
— Michael, você acredita neles? — questiono e mudo a posição no banco. Meu amigo assentiu com a cabeça e deu de ombros.
— Daph, depois de ver aquela coisa ontem, meu pai quase nunca falar sobre a família da minha mãe, acho que tudo mudou. Você não quer explorar isso? Porque eu sim. Eu quero saber o que está acontecendo.
Aproximei-me dele um pouco mais. Senti minha garganta vacilar na resposta, mas o medo na minha barriga falava mais alto.
— Não, eu não quero.
Por um tempo só ficou o silêncio. A música e o som externo eram tudo o que conseguia ouvir. Então percebi uma coisa: já tínhamos saído do Queens e passado por vários parques. Era o caminho para a costa.
— Para onde vamos, mãe? Essa história louca só piora — Lydia me encarou com semblante triste. — O que nós somos? Lá na escola você disse algo sobre Cronos e me deu essa coisa.
Tirei o relógio do bolso. Ela ficou quieta. Meu pai segurou sua mão e dirigiu com a outra. Lydia olhou para Mike, depois para mim e suspirou, como se não dissesse aquilo faz tempo.
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A NOVA HERDEIRA ↳ PJO
FanficDaphne duvidava que seu destino fosse apenas aquela vida sem objetivos. O passado de seus pais ainda era suspeito, mas a menina seguiu adiante. Agora, ela mais seus dois amigos terão que encarar os próprios demônios e salvar os tão raros descendente...