Capítulo 7

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- Quer ir no cinema hoje?- Leo perguntou.
- Não posso. Depois do trabalho eu e o Lucas vamos ter reunião da maquete.
Ele deu um sorriso malicioso. Eu dei um soco nele.
- Para. Não vai acontecer nada.
Chegamos na gravadora, e todos já estavam nos esperando. Eles ensaiaram as músicas deles e alguns covers. Percebi que os covers eram de três bandas iguais. E então eu tive uma ideia. Quando eles terminaram de ensaiar, fui falar com eles.
- Ei, vocês só cantam músicas do Black Sabath, Bon Jovi, e Foo Fighters? Por que não tocam de outras bandas?
- Tipo quais?- Cajú perguntou.
- Tipo... Metallica, Red Hot Chilli Peppers, Guns N' Roses, The Rolling Stones, Alice in Chains, alguma do Aerosmith...
- Ei, calma aí Ruivinha.- Lucas disse rindo.- São muitas.
- Mas elas variam. Troquem a playlist!
- Primeiro: A banda é nossa, não sua. Segundo: Ficariam muitas músicas.- Kayla disse, ainda me olhando com cara de quem comeu e não gostou.
- Vocês não precisam colocar tantas músicas. Só uma de cada banda.- Eu disse como se fosse óbvio, algo que realmente era.
- E de quais bandas você sugere, Ruivinha,  barra Majú, barra Maria Júlia, barra Foguinho?- Cajú perguntou. Fazia um tempo que ele estava me chamando de Foguinho por eu ser ruiva e temperamental.
- Além das que eu acabei de falar, tem Pearl Jam, AC/DC, Steppenwolf, The Cramberries, Nirvana, U2, e também tem Evanescence.
- Ei! Não é que a Foguinho tem bom gosto pra música?!- Cajú disse.
- Eu nunca ouvi falar em Evanescence.- Kayla disse.
- Eu também não.- Disseram todos em coro.
Lucas sorriu.
-O único  jeito de conhecermos seria se você cantasse.
-Sem chance.- Eu disse.
-Você  vai cantar sim.- disse Caio.
Ele me pegou no colo como Lucas fazia e me levou na frente do microfone. Achei isso estranho. Aposto que todo mundo esperava que Lucas fizesse isso, já que ele havia feito isso cinco vezes desde que comecei a trabalhar aqui. Ele deu um soco um tanto quanto forte no ombro de Caio.
No final, acabei cantando Bring Me To Life do Evanescence. Todos- menos Kayla- aplaudiram no final.
- A partir de agora, além de trabalhar com a gente na mesa de som, vai montar a playlist, Ruivinha.- Caio disse.
- Ei! Só eu chamo ela assim.- Lucas disse, bagunçando meu cabelo. Eu o empurrei de leve, rindo um pouco. Eu não estava tratando o Lucas tão mal quanto eu tratava antes. Na verdade, eu não tratava mais ninguém daquele jeito. Quero dizer, tirando  a minha professora.
Lucas olhou para o relógio.
- Ei, eu tô indo pra casa. Já que você vai lá, quer ir comigo?
- Pode ser.
Me despedi de todo mundo e nós fomos andando até a casa dele, que por acaso era bem perto da gravadora.
- Você não tá com calor?! Tipo, tá fazendo o maior Sol e você tá de moletom!
- É a única blusa que eu estou usando. Quer que eu tire?- Ele brincou.
- Claro! Pode fazer um show de striptease, também.- Ri.
Ele tirou a blusa de moletom. Estava com uma regata por baixo. Que inclusive, mostrava seus músculos. Me esforcei pra não ficar encarando. Quando chegamos na casa, me surpeendi.       
- Que casa gigante!- Exclamei.
Ele riu um pouco.
- Vamos entrar. A madeira já tá cortada, e lá fora. Acho que hoje só precisamos pintar.
  Concordei com a cabeça. Eu acabei observando tudo. Aquilo não era uma casa, era uma mansão!
- Fomos para o quintal e uma mesinha com as madeiras já estava nos esperando.
- De que cor vamos pintar a casa?- Ele perguntou.
- Que tal... Dessa cor aqui?- Peguei o pote de tinta cor palha e chacoalhei na frente dele.
- Bom, você é a artista aqui, então, vou só concordar.
Ri um pouco. Começamos a pintar o que seria o lado de fora da casa. Eu havia ido com uma regata velha do Guns N' Roses, já que eu com certeza a sujaria. E acontece que eu estava certa. Só que não fui eu que sujei. O Lucas pegou a tábua que ele tinha acabado de pintar e "acidentalmente" bateu a parte molhada na minha camisa. Eu fiquei olhando de boca aberta pra minha blusa.
- Eu sou tão desastrado! Me desculpa, Ruivinha.- Ele disse rindo.
- Que nada... Tá tudo bem...- Mergulhei minhas mãos na tinta. E segurei o rosto dele.- Aposto que não faria isso de propósito.
Ele fechou os olhos.
- Você não fez isso.- Ele disse.
- Ah, pode acreditar que eu fiz.
Ele pegou o pincel cheio de tinta e passou na minha boca.
Eu gritei com ele de boca fechada, tentando não rir.
Já ele, estava quase caindo no chão de tanto gargalhar.
Eu joguei um pouco de tinta na mão e enxarquei o cabelo dele.
- Você acabou de declarar guerra, Ruivinha.- Ele disse rindo.
Eu comecei a andar para trás, até começar a correr. Ele chegou por trás de mim, e me abraçou, não entendi porque, mas aí percebi que ele estava com o corpo inteiro cheio de tinta.
- Lucas! Eu vou te matar!
- Não vai, não. Eu te prendi assim. Não tem como você sair.
Eu tentei. Eu realmente tentei. Mas ele era muito forte. Uma hora ele me soltou. Mas continuou segurando meus braços e me fez ficar de frente pra ele. Ele ficou encarando tudo em mim por um tempo. Até que os olhos dele pararam na minha boca suja de tinta. Ele começou a se aproximar. Segurou meu queixo e...
- Quem é a gata?- Alguém perguntou.
Lucas abriu os olhos e rapidamente se afastou de mim.
- Er... Essa é a... Majú.
- A famosa Majú!
- Qual é, você fala de mim pra todo mundo? Se gosta de mim é só falar logo de uma vez.- Sussurrei no ouvido dele rindo um pouco.
Ele sorriu.
- Esse é o meu irmão mais novo, Christian.
Eles eram bem parecidos. A diferença era que o cabelo de Christian era mais curto que o do Lucas, e seus olhos eram azuis, enquanto os de Lucas eram verdes.
- Christian, nós temos que... Terminar o trabalho.
  - É de quê? Química?- Ele riu.
- Para de enxer o saco!
Quando ele saiu, Lucas e eu fomos terminar de pintar tudo. Quando terminamos, Lucas jogou começou a me atingir com a água da mangueira. Eu a peguei da mão dele e fiz o mesmo. No final, acabamos enxarcados e ele trouxe umas roupas femininas pra mim.
- De quem são?
- Da minha irmã.
- Você tem uma irmã?
Ele concordou com a cabeça.
- E ela tem o quê? Doze anos?
- Dezenove.- Ele disse rindo.
- E ela só tem saias, vestidos e tudo mais?
- Sim. Quero dizer, ela tem calças, mas quero ver você de vestido.
Ri.
- Ata. Prefiro usar roupas suas a colocar um vestido.
Ele riu.
- Entra logo no banheiro e troca de roupa, Ruivinha.
Obedeci.
Quando voltei e Lucas me viu naquelas roupas, deu um curto assovio.
- Ficou bonita.
- Ata! Conta outra! Eu estou parecendo a Ariel com esse vestido azul!
- Ela é bonita.
- Vai dizer que você me prefere assim?
- Não, suas roupas realmente são bem melhores.- Ele disse soltando a risada que estava segurando.
- Babaca! Como eu vou de skate até a minha casa com esse vestido?
- Não vai. Você vai ter que ir a pé.
Bufei.
- Relaxa. Eu vou com você.- Ele disse sorrindo.
- Melhorou muito! Salvou a minha vida!
Ele riu e foi com a mão nas minhas costas o caminho inteiro até a minha casa.
- Amanhã você me devolve o vestido. Tchau, Ruivinha.
Ele me deu um beijo na testa. Fiquei olhando para ele com a testa franzida. Ele me olhou nos olhos. E depois para a minha boca. Como antes, ele começou a se aproximar. Ele ia me beijar. Na boca. Mas na hora eu me desesperei e virei a cabeça, fazendo ele beijar minha bochecha, que inclusive estavam parecendo dois tomates. Quando olhei para ele, ele estava mais vermelho que eu.
- Er... Tchau, Lucas...

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