Comecei a suar. Eu estava muito nervosa para aquilo. Eu não ia conseguir.
- Ei.- Ouvi o Lucas me chamando. Me virei.- Tá tudo bem?
- Não. Eu estou muito nervosa.
- Ei, por quê? Você não liga para o que os outros pensam de você, né?
- Não. Mas se eu me der mal, a banda vai por água a baixo.
Ele sorriu.
- Relaxa. Você vai se sair bem. Quando eu apresentar a gente você entra, okay?
Concordei com a cabeça. Ele bagunçou meu cabelo e foi se arrumar. Coloquei uma calça preta rasgada e uma camiseta cinza na qual estava escrito: " I speak fluent sarcasm ".
Olhei para as pessoas na festa. Era muita gente. De repente o Lucas entrou no palco e disse:
- Eai pessoal! Eu sou o Lucas, e todos nós formamos a Stupid Mind!
Todos começaram a bater palmas e eu corri até ele. Antes de a nossa vez chegar, ele se virou para mim e disse:
- Só não olhe pra eles. Olhe pra mim.
E ele começou a cantar. A voz dele me tranquilizou um pouco. Na minha vez, eu fingi que estava em um dos ensaios e comecei a cantar. No começo eu estava meio tímida, as depois que soltei a voz todos bateram palmas. Quando a última música acabou, eu disse:
- Oi pra todo mundo, eu sou a Majú. Nós vamos dar um tempo, mas daqui a pouco voltamos. Queremos agradecer a todos os organizadores da festa por nos fornecer o palco para que realizássemos a nossa primeira apresentação!
Todos bateram palmas e então saímos do palco. Começamos a pular e a comemorar. Tudo tinha dado certo, mas ainda tinha a última parte da festa. Fomos todos comer alguma coisa, pois com toda aquela agitação não comemos nada desde o café da manhã. Pedimos pizza e bebida. A bebida não chegou mesmo depois de pedirmos novamente, então eu fui no barzinho que tinha perto da mesa. Assim que eu peguei as bebidas, um cara chegou e pegou algumas da minha mão. Eu ia começar a xingá-lo, mas ele perguntou se eu não queria ajuda. Geralmente eu não aceitaria, mas eu com certeza derrubaria tudo no chão se levasse sozinha.
- Você mandou muito bem, Majú.- O cara disse.
Franzi a testa, me perguntando como ele sabia meu nome. Como se tivesse lido meus pensamentos ele disse:
- Você... Disse que era a Majú lá no palco.
- Ah! É verdade.
Ele riu e colocou as bebidas em uma mesa vazia que estava perto. Ele se virou e começou a se aproximar de mim.
- Já te disseram que você é muito gata?
Fiz uma careta. Ele se aproximou mais, mas eu desviei.
- Cai fora, babaca.
- Tá se fazendo de difícil, gatinha?
Vi o Lucas e o Caio se aproximando de longe. Eu não queria começar com uma ceninha, então chutei a canela do garoto, que por sinal eu nem sabia o nome, peguei as bebidas e fui até a mesa. Ao passar pelos garotos, que estavam parados no meio do caminho, olhando para o cara se contorcendo de dor, meio confusos, eu perguntei se eles iam me ajudar ou não. Eles pegaram algumas bebidas que estavam na minha mão e começaram a rir. Quando o Cajú viu a cena, ele subiu no palco e começou a dizer:
- Se eu fosse vocês, eu não daria em cima da Majú como aquele cara fez.- Ele apontou para o garoto, que estava sentado com a mão na perna com a cara fechada.- Ela vai nocautear vocês antes que vocês consigam alguma coisa.
Todos riram do comentário e o cara saiu mancando. Apoiei a cabeça nas minhas mãos. Não é que eu não estava gostando, mas eu preferiria mil vezes ficar em casa escutando música em paz.
- Tá entediada, Ruivinha?
- Eu não entendo como as pessoas gostam de festas. São lugares lotados, onde todos estão sempre bêbados.
Ele riu, se levantou e apontou para a pista de dança.
- Vamos dançar.
Foi a minha vez de rir.
- Eu não danço.
Ele me puxou.
- Qual é, Ruivinha. Vamos dançar.
Continuei negando e me sentei na cadeira novamente. Ele me puxou mais uma vez, e desta vez eu não consegui escapar. Antes que eu conseguisse, eu já estava na pista. O Lucas fez uns passos toscos de robô, me fazendo rir.
- Olha que música ruim está tocando. É música de balada. É horrível. Meu cérebro vai explodir.- Eu disse tapando os ouvidos.
Ele riu.
- Que tal se você dançasse só hoje? Só agora?
- Eu não vou dançar. Eu já disse que não danço.
De repente começou a tocar música lenta.
- O que é isso?- Eu disse rindo um pouco.- Eles tocam música lenta aqui?
- Sim...- Ele pegou minhas mãos e enlaçou elas no pescoço dele, e colocou as dele na minha cintura.
- Ah! Não!- Eu disse rindo.- Sério?
Ele riu.
- Sério.
Eu tentei me afastar, mas ele não deixou.
- Lucas!
- Qual é! Só essa música!
Olhei para os olhos verdes dele e revirei os meus.
- Só essa.
Fiquei inquieta. Aquela música era infinita? Quando ela ia acabar?
O Lucas me puxou para mais perto. Ele encostou o queixo na minha cabeça.
- Ei! Não faz isso! Eu me sinto baixinha!
Ele dobrou os joelhos, ficando da minha altura. Ri.
- Ficou melhor assim? Vou dançar deste jeito, agora.
- Levanta.
Ele voltou a posição normal.
- Essa música vai acabar quando?
- É tão ruim assim dançar comigo?
- Você tá pisando nos meus pés a cada dois segundos. Vou ter que amputar eles.
Ele riu.
- Pra quem não dança você está se saindo muito bem.
- Melhor que você, eu sei que eu sou.
Ele riu um pouco.
- A música já acabou. Quero dizer, a duas músicas atrás.
Arregalei os olhos.
- Ei! Por que não me disse antes?- Disse, fingindo cara de brava.
- Porque eu gosto de pisar no seu pé.- Ele disse.
Ri um pouco e voltei para a mesa.
A banda tocou pela segunda vez e eu voltei para casa antes do meu tio. Pelo visto um cara tinha gostado de nós e estava oferecendo um lugar para o nosso primeiro show. O Lucas me acompanhou, já que estava cansado e não aguentava mais ficar ouvindo música de balada.
- Odiou a noite, hein, Ruivinha?
- Antes eu disse que odiei a festa, mas isso não quis dizer eu odiei a noite.
Ele sorriu e me deu um beijo na bochecha.
- Que intimidade toda é essa, senhor?- Brinquei.
Ele achou que eu estava falando sério e ficou gaguejando, todo envergonhado. Quando eu ri ele percebeu que eu estava tirando uma com a cara dele.
- Boa noite, Ruivinha.
- Até mais, bobão.
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Nada A Ver Comigo
RomanceMajú perdeu os pais e o irmão em um acidente de carro ano passado. Depois desse acidente, ela se isolou de tudo e de todos. As únicas pessoas que a fazem feliz eram sua família e seu melhor amigo, Leo. Até que um dia ela conhece um garoto.