Capítulo 23

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 Fiquei um tempo abraçada com o Lucas, até que me lembrei de que eu nem toquei no hambúrguer que ele fez pra mim.

- Com essa confusão toda, esqueci de comer o lanche que você fez para mim.- Disse baixinho.

Ele me abraçou mais forte.

- E nem a torta de pêssego. Quer comer?- Ele praticamente sussurrou.

Eu sorri.

- Você quer que eu busque?- Perguntei.

- Não... Eu posso descer.

Ele me deu um beijo na testa e saiu do quarto. Ele deixou a porta aberta, então pude escutar a mãe dele tentando falar com ele. Ele não falava nada. Estava ignorando ela. Ela estava resmungando sobre mim, e como eu não era boa para ele, e enfim, toda a conversa de antes.

- Eu prefiro mil vezes a Kayla!Por que você não volta a namorar ela?! Ou então, a Alicia! Vocês se gostavam tanto!

Arregalei os olhos. O quê?! Por que ele nunca havia me dito que ele namorava a Kayla. E quem era aquela tal de Alicia?! Não que eu estivesse com ciúmes, mas por que ele ainda não tinha me dito sobre aquilo? Resolvi deixar pra lá, para não bancar a namorada ciumenta, afinal, ele estava namorando comigo, agora. Mas aquilo ainda me incomodava um pouco. O Lucas já estava estressado, então não toquei no assunto quando ele voltou para o quarto.

- Seu hambúrguer.- Ele me estendeu potinho.

Eu dei uma mordida. Cheguei a arregalar os olhos. Estava delicioso.

- Está mil vezes melhor que o do nosso primeiro encontro.

Ele riu.

Quando eu terminei o lanche, ele me deu a torta de pêssego. Acho que fiz uma expressão de choque. Ele ficou assustado.

- O que foi? Não gostou? Pode cuspir.

- Não! Está delicioso! Você tem que passar essa receita para a minha tia.- Pensei.- Se bem que ela não consegue fritar nem um ovo, acho que ela não conseguiria aprender. Passa a receita pro meu tio.- Eu disse de boca cheia.

Ele riu.

- Você quer tocar um pouco? Eu sei que você relaxa quando toca, então...- Eu propus.

Ele sorriu e concordou com a cabeça.

- Que música você quer cantar?- Ele perguntou.

- Pode ser 'Carry On Wayward Son'- Eu disse rindo um pouco.

Ele riu e eu comecei a cantar. Ele me acompanhou com a guitarra.

Nós cantamos as outras músicas que cantaríamos no show, e quando terminamos, Lucas disse que teve uma ideia e me puxou para fora do quarto. Nós fomos em direção à piscina e ele disse:

- Quer nadar?

Eu ri.

- Não.

- Por que não?

- Eu gosto de nadar.

- Por quê?

- Porque eu não gosto de usar bíquini.

- E você sabe nadar?

- Sei.- Disse em um tom de deboche.

- Ótimo.

Ele me pegou no colo, e antes que eu pudesse pensar no que ele ia fazer, ele me jogou na água. Quando eu nadei para cima, ele estava rindo. Comecei a xingá-lo, e ele tirou a camiseta e pulou dando um grito. Eu ri, mas assim que ele apareceu na minha frente, fingi fazer cara de brava. Ele deu de ombros.

- Eu já estou acostumado com essa expressão vinda de você.

Sorri.

Ele ia me beijar, mas quando fechou os olhos eu afundei e nadei para o outro lado da piscina, quando ele percebeu que eu não estava lá, ficou me procurando pela piscina inteira. Quando ele me viu, fingiu cara de bravo.

- Você não é nada bom nisso.- Eu disse rindo.

Ele sorriu.

 - Ah, é? Essa é melhor?- Ele fez uma cara pateticamente feliz.

 Eu ri.

 - Definitivamente não!

 Ele me beijou. Ele ficou me beijando por um tempo, e quando a mãe dele apareceu, eu me afastei e fiquei encarando a piscina.

- Saiam da piscina. Lucas, peça para a sua irmã emprestar uma roupa para a Maria Júlia.

Ele a ignorou e saiu da piscina, me dando a mão para me ajudar a sair. Só aceitei porque imaginei que a mãe dele aceitaria, e eu já tinha causado problemas demais em um só dia. Quando saímos da água, Lucas ignorou a mãe dele, se secando e me entregando a toalha. Eu fiquei observando Lucas entrando na casa para pegar uma roupa para mim. A mãe dele estava com a cabeça baixa, parecia estar contando até dez. Ela direcionou o olhar para mim. Ficou me olhando com desgosto. Eu desviei o olhar, esperando que o Lucas chegasse logo com as roupas. Ela se cansou de ficar plantada e entrou na casa. Fiquei andando de um lado para o outro, como se o tempo fosse passar mais rápido. Quando ele apareceu, me estendeu uma calça jeans rasgada e uma camiseta preta, que parecia grande para mim. Estendi a camiseta. Era do Likin Park. Franzi a testa.

- Sua irmã gosta do Likin Park?

- Na verdade, eu peguei uma camiseta minha. A minha irmã só tem camisetas vulgares ou chiques demais. A calça é dela.- Ele disse sorrindo um pouquinho.

- Realmente gostei mais dessa camiseta.- Eu disse rindo um pouco.

Ele sorriu e eu fui para o banheiro da piscina me trocar. Quando eu coloquei a camiseta do Lucas, percebi que eu poderia usá-la como um vestido. Eu saí, e ouvi a voz dele.

- Você fica melhor assim do que com aquele vestido azul.- Ele riu.

Sorri.

- Prefiro assim também.- Fui até ele.- Acho que eu já vou embora.

- Eu te acompanho até a sua casa.

Balancei a cabeça.

- Esta noite já teve muitos problemas. Eu vim de skate. Eu posso voltar sozinha.

- É perigoso, Majú... Eu te levo.

Ri.

- Eu não tenho sete anos, bobão. E a minha casa não fica tão longe.

Ele não estava completamente convencido, mas concordou.

- E até a porta? Eu posso te acompanhar?

Concordei sorrindo um pouco. Eu me despedi com um beijo, que teria durado mais se eu não tivesse visto a Gisele atrás dele. Peguei o skate e fui embora. O dia tinha sido tão cheio que eu realmente havia me esquecido do show, mas ao me lembrar dele, eu fiquei mais tensa do que eu já estava.

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