Fiquei um tempo abraçada com o Lucas, até que me lembrei de que eu nem toquei no hambúrguer que ele fez pra mim.
- Com essa confusão toda, esqueci de comer o lanche que você fez para mim.- Disse baixinho.
Ele me abraçou mais forte.
- E nem a torta de pêssego. Quer comer?- Ele praticamente sussurrou.
Eu sorri.
- Você quer que eu busque?- Perguntei.
- Não... Eu posso descer.
Ele me deu um beijo na testa e saiu do quarto. Ele deixou a porta aberta, então pude escutar a mãe dele tentando falar com ele. Ele não falava nada. Estava ignorando ela. Ela estava resmungando sobre mim, e como eu não era boa para ele, e enfim, toda a conversa de antes.
- Eu prefiro mil vezes a Kayla!Por que você não volta a namorar ela?! Ou então, a Alicia! Vocês se gostavam tanto!
Arregalei os olhos. O quê?! Por que ele nunca havia me dito que ele namorava a Kayla. E quem era aquela tal de Alicia?! Não que eu estivesse com ciúmes, mas por que ele ainda não tinha me dito sobre aquilo? Resolvi deixar pra lá, para não bancar a namorada ciumenta, afinal, ele estava namorando comigo, agora. Mas aquilo ainda me incomodava um pouco. O Lucas já estava estressado, então não toquei no assunto quando ele voltou para o quarto.
- Seu hambúrguer.- Ele me estendeu potinho.
Eu dei uma mordida. Cheguei a arregalar os olhos. Estava delicioso.
- Está mil vezes melhor que o do nosso primeiro encontro.
Ele riu.
Quando eu terminei o lanche, ele me deu a torta de pêssego. Acho que fiz uma expressão de choque. Ele ficou assustado.
- O que foi? Não gostou? Pode cuspir.
- Não! Está delicioso! Você tem que passar essa receita para a minha tia.- Pensei.- Se bem que ela não consegue fritar nem um ovo, acho que ela não conseguiria aprender. Passa a receita pro meu tio.- Eu disse de boca cheia.
Ele riu.
- Você quer tocar um pouco? Eu sei que você relaxa quando toca, então...- Eu propus.
Ele sorriu e concordou com a cabeça.
- Que música você quer cantar?- Ele perguntou.
- Pode ser 'Carry On Wayward Son'- Eu disse rindo um pouco.
Ele riu e eu comecei a cantar. Ele me acompanhou com a guitarra.
Nós cantamos as outras músicas que cantaríamos no show, e quando terminamos, Lucas disse que teve uma ideia e me puxou para fora do quarto. Nós fomos em direção à piscina e ele disse:
- Quer nadar?
Eu ri.
- Não.
- Por que não?
- Eu gosto de nadar.
- Por quê?
- Porque eu não gosto de usar bíquini.
- E você sabe nadar?
- Sei.- Disse em um tom de deboche.
- Ótimo.
Ele me pegou no colo, e antes que eu pudesse pensar no que ele ia fazer, ele me jogou na água. Quando eu nadei para cima, ele estava rindo. Comecei a xingá-lo, e ele tirou a camiseta e pulou dando um grito. Eu ri, mas assim que ele apareceu na minha frente, fingi fazer cara de brava. Ele deu de ombros.
- Eu já estou acostumado com essa expressão vinda de você.
Sorri.
Ele ia me beijar, mas quando fechou os olhos eu afundei e nadei para o outro lado da piscina, quando ele percebeu que eu não estava lá, ficou me procurando pela piscina inteira. Quando ele me viu, fingiu cara de bravo.
- Você não é nada bom nisso.- Eu disse rindo.
Ele sorriu.
- Ah, é? Essa é melhor?- Ele fez uma cara pateticamente feliz.
Eu ri.
- Definitivamente não!
Ele me beijou. Ele ficou me beijando por um tempo, e quando a mãe dele apareceu, eu me afastei e fiquei encarando a piscina.
- Saiam da piscina. Lucas, peça para a sua irmã emprestar uma roupa para a Maria Júlia.
Ele a ignorou e saiu da piscina, me dando a mão para me ajudar a sair. Só aceitei porque imaginei que a mãe dele aceitaria, e eu já tinha causado problemas demais em um só dia. Quando saímos da água, Lucas ignorou a mãe dele, se secando e me entregando a toalha. Eu fiquei observando Lucas entrando na casa para pegar uma roupa para mim. A mãe dele estava com a cabeça baixa, parecia estar contando até dez. Ela direcionou o olhar para mim. Ficou me olhando com desgosto. Eu desviei o olhar, esperando que o Lucas chegasse logo com as roupas. Ela se cansou de ficar plantada e entrou na casa. Fiquei andando de um lado para o outro, como se o tempo fosse passar mais rápido. Quando ele apareceu, me estendeu uma calça jeans rasgada e uma camiseta preta, que parecia grande para mim. Estendi a camiseta. Era do Likin Park. Franzi a testa.
- Sua irmã gosta do Likin Park?
- Na verdade, eu peguei uma camiseta minha. A minha irmã só tem camisetas vulgares ou chiques demais. A calça é dela.- Ele disse sorrindo um pouquinho.
- Realmente gostei mais dessa camiseta.- Eu disse rindo um pouco.
Ele sorriu e eu fui para o banheiro da piscina me trocar. Quando eu coloquei a camiseta do Lucas, percebi que eu poderia usá-la como um vestido. Eu saí, e ouvi a voz dele.
- Você fica melhor assim do que com aquele vestido azul.- Ele riu.
Sorri.
- Prefiro assim também.- Fui até ele.- Acho que eu já vou embora.
- Eu te acompanho até a sua casa.
Balancei a cabeça.
- Esta noite já teve muitos problemas. Eu vim de skate. Eu posso voltar sozinha.
- É perigoso, Majú... Eu te levo.
Ri.
- Eu não tenho sete anos, bobão. E a minha casa não fica tão longe.
Ele não estava completamente convencido, mas concordou.
- E até a porta? Eu posso te acompanhar?
Concordei sorrindo um pouco. Eu me despedi com um beijo, que teria durado mais se eu não tivesse visto a Gisele atrás dele. Peguei o skate e fui embora. O dia tinha sido tão cheio que eu realmente havia me esquecido do show, mas ao me lembrar dele, eu fiquei mais tensa do que eu já estava.
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Nada A Ver Comigo
RomanceMajú perdeu os pais e o irmão em um acidente de carro ano passado. Depois desse acidente, ela se isolou de tudo e de todos. As únicas pessoas que a fazem feliz eram sua família e seu melhor amigo, Leo. Até que um dia ela conhece um garoto.