Capítulo 9

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No sábado, a banda inteira foi pro cinema. Eu não consegui me concentrar no filme, porque o tempo inteiro o Caio se virava para me falar algo. Eu pedi pro Lucas trocar de lugar comigo, e diferente do que eu pensava, ele trocou sem reclamar. Eu acabei ficando do lado do Cajú e do Lucas. Depois da troca, Caio não disse mais nenhuma palavra. Mas a Kayla disse.

- Majú...

Ela só me chamava de Majú quando queria alguma coisa.

- Troca de lugar comigo?

- Não.

- Por favor!

- Não.

Ela se levantou e tentou me levantar, fazendo todos do cinema reclamarem. Ela não conseguiu me puxar, então sentou no meu colo.

- Se liga, Kayla!- Eu disse, empurrando ela.

Foi a melhor cena do mundo! Quando eu a empurrei, ela quis fazer ceninha e se jogou um pouco mas pra trás, mas acontece que ela acabou caindo no banco da frente,- Que graças a Deus não tinha ninguém!- e ficou com as pernas pro alto. Todos do cinema riram, e a Kayla, gritando para todos pararem, fez com que fossemos expulsos do cinema. Nós saímos de lá gargalhando muito!

- Parem! Para, Lucas!- A Kayla gritava.- A culpa é sua!- Ela disse apontando pra mim.

- Minha? Por quê?

- Porque você me empurrou!

- Empurrei fraco! Você que se jogou sozinha!

- É verdade. Kayla, a culpa foi sua. Assim que você quis fazer uma cena, você se jogou sozinha.- Cajú disse.

Kayla olhou pra ele indignada.

- Por que você tá defendendo ela?- Kayla perguntou.

- Porque... Ela tá certa, e porque ela é minha melhor amiga.

- Eu costumava ser a sua melhor amiga antes dessa garota chegar! Antes de ela chegar tudo era perfeito! Eu era a melhor amiga de todos vocês! De repente ela chega, e estraga tudo!

Cajú ia dizer algo,mas ela o interrompeu.

- Agora, a Majú é a certinha, a talentosa, a garota que tem um bom gosto musical, a garota na qual vocês dois,- Ela disse apontando pro Caio e pro Lucas- estão apaixonados.

Todos olhavam pra ela com a testa franzida.

- Depois que ela chegou, eu virei a fresca e mimada.

Uma lágrima correu no rosto dela.

- Para de fazer drama, Kayla!- Cajú disse.- Você era diferente! Realmente virou uma fresca e mimada quando a Majú chegou, porque você estava com ciúmes! Estava acostumada a ser a única garota da banda, e quando ela chegou, você percebeu que as coisas iam mudar. Nós não mudamos nossa opinião sobre você, por causa dela. Nós mudamos a nossa opinião sobre você, porque você mudou.

Kayla estava engolindo o choro. O clima tava tenso entre todo mundo.

- Eu... Vou dar uma volta no shopping.- Caio disse.- Majú, quer vir comigo?

Eu faria de tudo pra sair dali.

- Claro...

Quando saímos de lá, Caio pegou minha mão e me puxou. Percebi que o Lucas olhou torto para nós. Assim que ele virou eu puxei ela de volta, sem que ele percebesse. Passamos em uma loja de CD's, e mesmo que eu falasse que não precisava, ele me comprou um CD do Foo Fighters.

Quando nos encontramos com o pessoal de novo, a Kayla tinha ido embora.

- Ei, Ruivinha. Comprei uma coisa pra você.- Lucas disse.

- Qual é, hoje não é meu aniversário!

- Ah, então você não quer?

- Eu não disse isso.- Peguei a sacola da mão dele, enquanto ele sorria.

Quando eu abri, não acreditei.

- Aquarela!- Eu comecei a pular.- Obrigada, obrigada, obrigada!

- Por que você ficou tão feliz por causa da aquarela?-Caio perguntou. Ele parecia incomodado com algo.

- Eu sempre quis aprender a usar aquarela, só que pra isso eu preciso da aquarela. Meus tios nunca compraram e eu tô juntando dinheiro pra comprar um computador novo, então eu não podia comprá-la. Outro dia eu disse isso pro Lucas, e hoje, eu ganhei esse presente.- Eu disse mexendo a tinta na frente dele. Respirei fundo.- Eu vou pra casa. Quero desenhar algo com isso logo.

- Posso ir com você?- Lucas perguntou.- Quero ver você usando.

- Claro! Tchau, gente.

- Tchau, Foguinho.

- Tchau, Gatinha.- Caio disse. Como ele havia percebido que me chamar de Ruivinha não rolava, ele começou a me chamar de Gatinha. Eu não me sentia muito a vontade, mas fingia que não ligava. Eu não queria proibir ele de me dar um apelido novamente, como eu fiz com Ruivinha. O Lucas parecia não ter gostado do apelido. Sempre que ele ouvia, revirava os olhos ou fazia cara feia.

Quando chegamos, eu e o Lucas fomos para o meu quarto, e assim que eu a fechei, Diana apareceu.

- Oi!

- Oi.

- Que "oi" frocho, Maria Júlia!

- OOOIIIIIIIIIIII!!!- Gritei.- Eai? Assim tá melhor?

Ela riu.

- Bem melhor.

Ela olhou pro Lucas.

- Quem é seu amigo?

- Nos vimos outro dia, eu estou fazendo um trabalho com a Majú.- Lucas disse estendendo a mão.- Meu nome é Lucas.

- Eu sou Diana... Prima da Majú... Er... Lucas, você se importa se eu falar com a minha prima sós? Não precisa sair, eu vou com ela pro meu quarto.

- Claro.

Ela me puxou e fechou a porta.

- Ele é muito gato!

Ri.

- Não, é sério. Você não acha?- Ela disse.

Eu nunca tinha pensado nisso. Tipo, eu gostava do Lucas por causa dos gostos, e do jeito dele, mas nunca tinha pensado na aparência.

- É... Ele é bonitinho.

- Bonitinho?! Ele é um deus grego! Posso ficar com ele?!

Fiz uma careta.

- Não.

- Por quê?! Você não está interessada nele, tá?!- Ela gritou.

- Shhhhhhhhhhhh!!!

- Você tá interessada nele!!!- Ela disse sorrindo.- Não acredito! Maria Júlia Mariote está gostando de um cara!

- Cala a boca, Diana!

Ela riu e saiu do quarto saltitando. Eu saí logo em seguida e entrei no meu quarto.

- Você ouviu alguma coisa?

- Não.

Respirei fundo e corri para abrir minha aquarela, toda sorridente.

Peguei uma folha grossa da minha gaveta e comecei a esboçar uma sereia. Depois, eu pintei ela com vários tons de azul.

- Nossa. Você tem talento, Ruivinha.

Sorri. Baguncei o cabelo dele.

- Obrigada, mais uma vez pelas aquarelas.

- Sério? Não ganho nem um abraço? Só um cabelo bagunçado?

- Eu não abraço pessoas.

Ele levantou uma sobrancelha. Abriu os braços e começou a se aproximar. Eu me levantei e me comecei a me afastar. Ele correu e me abraçou forte.

- Lucas! Me solta, seu idiota!- Eu disse rindo.

Ele me soltou e bagunçou me cabelo.

- Bobão!

 Ele riu e coçou a cabeça.

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