"Eu gosto do seu sorriso, eu gosto da sua energia, eu gosto do seu estilo, mas não é por isso que eu te amo. Ei, você me sente? Você sente o que eu sinto? Você precisa de mim? Você é tão bonito, mas não é por isso que eu te amo. Eu não tenho certeza que você sabe que a razão que eu te amo é você, sendo você, só você." – Avril Lavigne - I Love You
Algumas semanas se passaram e as dores dos meus primeiros dias de academia já haviam sumido. Eu estava em partes gostando do que estava fazendo, me sentia útil e percebia melhoras. Vovó olhava pra mim com outros olhos, parecia estar satisfeita com o meu suposto bem estar. Via meus pais e minhas irmãs todos os dias graças a minha moto, e meu "relacionamento" com Lucas parecia estar em constantes boas mudanças.
Naquele fim de tarde, sentado numa velha cadeira de balanço que certamente era a mesma dos meus tempos de infância, observava jardim afora a vizinhança. Minha respiração ainda fadigada pelo pós treino e o cabelo completamente bagunçado, minhas pernas encolhidas ao assento da velha cadeira, sentindo a brisa do fim de tarde tocar meu rosto.
— Peri?
— Nem ia responder pelo apelidinho... Mas, oi?
— Hahaha Preciso te falar algo. — esperou minha resposta por alguns minutos, e retrucou — O que você está fazendo? Ocupado?
— Não!!! Estou aqui, sentado, só olhando a rua e enfim, pode dizer.....
— Melhor não.
—Diz!
Meu coração já palpitava e eu não sabia como fazê-lo mudar de ideia.
— hsuiahsiuahsueuhsauishaiushteshiaushauamo
— Você ta bem? — respondi, sem entender nada do que ele havia dito, porém sem desconsiderar que poderia ser uma risada que se usa online.
— Aprenda a ler as entrelinhas.
Li e reli o que ele havia dito até chegar a uma única conclusão "hsuiahsiuahsueuhsauishaiushteshiaushauamo". Meus olhos brilharam, meu coração acelerou, mas eu não sabia o que fazer a partir dali. Levantei da cadeira de balanço e fui rapidamente para meu quarto, deitei na cama e observei por mais alguns minutos os ditos.
— Eu não sei o que dizer.
— Você não precisa dizer nada. Só precisa saber que te amo.
— Você tem certeza disso?
— Bom, se eu estou dizendo... É algo novo pra mim, mas eu sei que é isso.
— Devo te dizer, estou feliz, muito feliz em ler isso.
Eu estaria sendo fácil demais se falasse que era recíproco, mas eu sabia que era. O que eu sentia por ele eu nunca havia sentido por mais ninguém. Se não era amor, eu não sabia o que era.
— E eu fico feliz por te fazer feliz.
Meus pensamentos viraram uma bagunça. Sentia borboletas voando em meu estômago. Aquelas três palavras ditas de forma tão inesperada e criativa me fizeram repensar meus sentimentos, repensar em quem sou de verdade e no que aquilo tudo me levaria se eu assumisse a reciprocidade.
Duas noites mal dormidas por pensar demais. Eu precisava dizer que tudo que ele sentia, eu também sentia. Mas já tinha passado por tantas decepções que não sabia se poderia arriscar novamente a dizer aquelas três palavras, arriscar uma outra cicatriz em mim. Nada me provaria que ele me dizia a verdade. Algumas pessoas já me passaram confiança no passado e todas se foram, talvez eu fosse frustrado e tivesse medo de acontecer o mesmo novamente.
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Moondust
Roman d'amourAs melhores coisas lhe aparecem na hora de mais escuridão na sua vida. Uma vida pode ser construída de metáforas e a luz da lua pode ser insuficiente para traçar caminhos corretos para uma alcateia de um lobo só.