Moondust

Nem todo super herói tem poderes especiais

Meus longos dias após os acontecimentos giravam em torno de mostrar a todos que eu havia melhorado e de tentar achar solução para que Lucas não fosse embora.

Eu não poderia contar sobre o que estava passando a ninguém. Por mais que achasse uma loucura ele ter me deixado por medo, eu também tinha medo de contar que estava perdidamente apaixonado por um garoto. Eu tinha meus demônios. Como sempre fui muito ligado em redes sociais, principalmente depois da mudança de cidade, tinha muitos amigos virtuais. E por mais que oitenta por cento deles fossem homossexuais, bissexuais ou até trans, eu não me sentia a vontade para me abrir a ninguém sobre aquilo. Era algo meu e ninguém precisava saber, só eu e ele.

Mas o fato de ter que pensar no que fazer sozinho, me atormentava. Sempre fui péssimo em tomar decisões. Mas parecia que minha mente criativa e fértil havia criado uma solução.

— Lucas, achei uma solução pra nós. Vou ser breve, então... Já que seus amigos estão desconfiando, já que sua mãe sabe meu nome, muda meu nome no seu celular e nós nos falamos por outra rede social. Você não pode simplesmente desistir assim. — enviei

Bom, ele não estava ali aquele momento e parecia ter visto o aplicativo algumas horas antes. Eu não podia força-lo a nada, mas precisava arriscar a tentativa.

Algumas horas depois, recebi um retorno.

— Não sei se vai ser uma boa ideia... Mas, talvez Matheus?

— Matheus? 

— Seu novo nome, babaca.

— AH! — Uma chama de felicidade se acendeu em mim. Havíamos falado daquele nome dias antes em uma ótima ocasião. — Então você topa?

— Vamos tentar. Sinto que não podemos acabar isso aqui. Vamos fazer valer a pena.

— Prometo que vai valer.

Eu estava feliz pelo que havia acontecido. Preocupado em fracassar, porém feliz. Minhas cicatrizes mais recentes ainda abertas me faziam lembrar do quão fraco eu era. E eu precisava fazer uma confissão e um pedido a Lucas em prol do nosso próprio bem.

— Lucas. Antes de tudo, precisamos conversar.

— Ihh... O que houve?

— Preciso te contar algo. E você tem que me prometer que mesmo que saiba que eu vá ficar mal e qualquer coisa do tipo, nunca, NUNCA, vai ficar comigo por pena.

— Claro que não. Eu estou aqui porque te amo.

— Tudo bem.

Rapidamente o  expliquei sobre meus feitos comigo mesmo, como tudo tinha começado e como eu realmente era. Diferente do que o resto do mundo pensava que eu fosse.

— É isso. Talvez eu precise mais de você do que você de mim.

O silêncio rondou a nossa conversa por alguns minutos.

— Eu estou aqui. E eu prometo que nunca vou te abandonar. E tem uma música que ouvi hoje, que queria que você sempre que a ouvisse, lembrasse de mim.

— Qual?

Ele me respondeu com um link, que eu abri e pude ler a letra da música.

"Quando a vida abandonar você, eu estarei à sua porta.

Estarei em tua porta, se você precisar de ajuda,

Vou apagar as luzes da cidade, mentir, trapacear