Capítulo 12 - What if I...?

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"Até cortar os próprios defeitos pode ser perigoso. Nunca se sabe qual é o defeito que sustenta nosso edifício inteiro."

Anteriormente em Grey's Rehab

Ele me fitou de maneira séria. Esticou o braço e com delicadeza ajeitou uma mecha de cabelo solta atrás de minha orelha.

– Tudo bem – murmurou – traga seu hipnotista – ergueu a sobrancelha – espero não me arrepender disso.

– Obrigada – sorri.

Agora...

Quando olho para trás, percebo que ao longo da minha formação, desde o nascimento até a fase adulta, concluo que sempre fui mais ligada a minha mãe.

Meu pai, Ray era ocupado demais. Enquanto vivo, a Rose Holding Inc. foi sua distração, seu lar, sua família, por outro lado preciso admitir que apesar da montanha de trabalho, ele se esforçava bastante para ser um pai presente. Ray compareceu em todas as datas comemorativas da escola e chegava até a opinar na temática das minhas festinhas de aniversário.

Minha mãe Carla, foi uma neurocirurgiã brilhante e mesmo com o trabalho cansativo que a levava a exaustão, de alguma forma, eu era sua prioridade. Em meio aos corredores do Hospital Seattle Grace, entre plantões e cirurgias que ela me apresentou o fascinante mundo da medicina. Fora dela que ganhei meu primeiro livro de anatomia e foi por ela que aos quatorze anos decidi que seria médica. De início a carreira de neurocirurgiã pareceu bem tentadora, porém um dia no hospital, enquanto esperava mamãe na recepção, ouvi seu chefe Richard dizer para Antony, um pediatra com cara de fuinha, que a psiquiatria era o ramo mais encantador da medicina. Ouvir um senhor sábio como Richard dizer algo assim despertou certa curiosidade em mim. Horas depois, após pesquisas no dicionário médico de mamãe descobri que a palavra psiquiatria deriva do grego e quer dizer "arte de curar a alma". Aos quinze anos em meio à euforia desenfreada, decidi que seria psiquiatra. Dedicaria minha vida à isso, me moldaria para isso, correria riscos por isso.

Hoje entendo como minha escolha foi certeira. A arte de ser psiquiatra exige tempo, atenção aos detalhes, controle das emoções e certa tolerância à mesmice. Por incrível que pareça tenho tudo isso... Exceto que ultimamente tenho sido mais Anastasia Steele do que Dra. Anastasia Steele. Algo aconteceu, ou melhor, alguém. Christian Grey aconteceu.

Mesmo com o resto da semana absurdamente conturbado, de alguma forma eu estava dispersa. Hora ou outra meus pensamentos voltavam-se para ele, o que me levou a uma verdadeira guerra contra minha mente, mas no fim ela acabava vencendo.

Na sexta-feira após um longo e exaustivo dia de trabalho, ao chegar em casa fui recebida por José e um saboroso jantar. Este último simbolizava claramente uma oferta de paz, já que não conversávamos desde o final de semana. Aceitei o pedido de desculpas não porque acreditava piamente na importância de restabelecer nosso vínculo familiar, afinal, não esqueceria da facilidade com a qual José usará o nome de meu pai para convencer-me a fazer algo contra minha vontade. Comodismo define bem a situação. Não tenho tempo (ou espaço no coração) para cultivar mais ressentimentos. O melhor era seguir em frente, porém, sempre olhando para os lados.

Sábado a tarde, depois de frustrantes ligações que não deram em nada, finalmente conseguir falar com Charlie Harris, o hipnotista. Usei toda a minha lábia para convencê-lo a vir até Manhattan. Depois de uma longa negociação que envolveu muito dinheiro, afinal, teria que pagar todas as despesas de sua viagem além de um gordo salario e um pedido de desculpas já que sai de Seattle sem dar satisfações e na época tínhamos um torto relacionamento, Charlie finalmente disse sim.

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