Capítulo 11 - Enjoy The Silence

545 53 1
                                    

"Não importa se somos fortes, traumas sempre deixam uma cicatriz. Seguem-nos até nossas casas, mudam nossas vidas. Traumas derrubam a todos, mas talvez essa seja a razão. Toda a dor, o medo, as idiotices. Talvez viver isso é que nos faz seguir adiante, é o que nos impulsiona. Talvez seja necessário cair um pouco para levantar novamente."


POV Christian Grey.

Ana. Ana. Ana. Ana.

Sussurrei mentalmente o nome dela como se fosse um talismã poderoso capaz de livrar-me do caos em minha mente. Precisava vê-la, afinal, dias haviam se passado desde que conversamos.

Gostava da forma com que as bochechas dela coravam, da maneira que os lábios se expandiam quando raramente era agraciado com um sorriso. Ela era forte e em certos momentos parecia ter gelo nas veias ao invés de sangue. Isso tudo fazia com que eu me sentisse absurdamente vivo, concluí, apoiando o corpo na parede.

De olhos fechados, revivi com demasiada clareza o dia em que encontrei-a chorando em seu consultório. Vê-la de joelhos, mortalmente pálida me deixou assustado. Seus olhos geralmente sagazes estavam sombrios, mas ao mesmo tempo ingênuos. A força e o jeito duro que ela geralmente exibia com tanta naturalidade, simplesmente haviam desaparecido. Ana parecia uma boneca completamente destroçada e ao abraçá-la, desejei ter o poder de tirar todo e qualquer sofrimento que a afligia.

Taylor havia descoberto que ela estava doente e por isso desmarcara as consultas, optando por ficar em casa de repouso. De qualquer forma, desejava certificar com meus próprios olhos se estava tudo bem.

Por esses e outros motivos permaneci quieto, esperando-a de frente a porta de seu consultório. Por estar de olhos fechados, imerso em meus próprios pensamentos, não percebi a aproximação de alguém, apenas senti, tarde demais, o roçar de lábios frios contra os meus.

Não precisei abrir os olhos para descobrir a autora de tal façanha. Conhecia bem aquele perfume adocicado horrível.

Elena.

POV Anastasia

É normal sentir raiva. Ela é um sentimento de protesto, timidez ou frustração. A intensidade varia de pessoa para pessoa, podendo ser uma simples irritação ou uma demonstração de fúria. Em estado de contenção, a raiva só acumula-se, tornando cada vez mais poderosa. Sendo assim, bastará apenas um motivo, inclusive o mais tolo, para que seja totalmente liberada.

Bem, os meus motivos estavam parados na minha frente.

Christian Grey... E devo dizer que ele parecia mais um modelo hollywoodiano do que um criminoso trancafiado num manicômio judiciário. A camiseta branca não muito justa proporcionava uma boa ideia do que havia por baixo dela e combinava perfeitamente com a calça de linho da mesma cor. Os cabelos, com aparência úmida foram penteados casualmente para trás. A expressão de raiva que permeava cada centímetro de seu rosto perfeito, era sem dúvida direcionada a mulher à sua frente que acabara de roçar os lábios nos seus.

O vestido tubinho preto possuía um decote em V que deixava os seios dela ainda mais fartos. Com um sorriso nos lábios, e aparentemente não se dando conta da nossa presença, de maneira casual passou os dedos em seu braço enquanto a outra mão seguiu rumo aos cabelos fartos.

Era oficial, eu odiava Elena com todas as minhas forças.

Mas aparentemente eu não era a única que estava tendo problemas para controlar os nervos. O Christian raivoso deu lugar a outro Christian Grey, e esse eu definitivamente não conhecia. Ele agarrou os pulsos de Elena e fitou-a por alguns segundos. O sorriso sumiu à medida que ela abaixava a cabeça. Christian, por outro lado, permaneceu ereto com a expressão marmórea inabalável.

Grey's RehabOnde histórias criam vida. Descubra agora