Capítulo 20 - Hurricane

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"Tem uma brincadeira que as crianças adoram. Elas dão as mãos e contam até três, e tentam quebrar os dedos um do outro. Você precisa aguentar o máximo que puder. Ou ao menos mais do que a outra pessoa. O jogo só acaba quando alguém pede para parar. Desista e implore por piedade. Não é um jogo divertido. No jogo das crianças, quando uma criança chora... A outra escuta, e a dor para. Você não gostaria que fosse fácil assim agora? Não é mais um jogo. E não somos mais crianças. Você pode chorar o quanto quiser por piedade, mas ninguém está ouvindo. Você está sozinha gritando no vácuo."

Christian Grey POV's

Minha relação com Elena sempre foi no mínimo peculiar. Recordo-me quando a conheci em um clube D/S restrito no norte de Manhattan. Ela era o que chamávamos de switcher, aquela que consegue ser Dominadora, mas também submissa. Sua fama como espetacular no primeiro aspecto a precedia, mas foi o segundo que chamou a minha atenção. Confesso que sempre adorei a beleza de um desafio e Elena representou um dos grandes. O tempo que passamos juntos foi extremamente proveitoso. A dominação que exerci sobre Elena ultrapassava as fronteiras do físico, pautado em castigos... Era algo profundamente psicológico. Talvez fora nesse processo complexo de exercer o poder físico/psicológico que as coisas tenham se perdido entre nós.

De uma forma inexplicável (extinto de Dominador, provavelmente), sabia que era essa espécie torta de ligação D/S que faria com que Elena confessasse cada um de seus pecados, prova disto era a rápida análise que fiz dos últimos seis dias. Seis dias e ela já me tratava com respeito invejável. Seis dias e eu já era seu Dominador.

Seis dias...

Seis dias sem a doçura, a alegria o brilho de Anastasia Steele. Sentia como se meu coração houvesse partido em dois. Eu fazia isso por mim, pela minha liberdade, mas também por nós.

O rangido na porta despertou-me das ondas melancólicas de meus pensamentos. O aperto no peito cujo nome eu não sabia foi simplesmente engolido pelo outro Christian Grey.

– Christian recebi o seu bilhete e... Minha nossa – a voz de Elena ficou ligeiramente aguda.

Virei de súbito o corpo, encarando os olhos brilhantes de pura excitação.

Estávamos no inabitável bloco C, mais exatamente no último andar da torre. As paredes da sala de cor acinzentada davam um aspecto fantasmagórico ao ambiente. A mobília se resumia a uma mesa de comprimento amplo cuja superfície era preenchida por diversos objetos dedicados a pratica de BDSM. O carpete fofo cobria todo o chão encardido e no meio da sala havia três vigas que sustentavam o teto formando uma espécie de triângulo. Fiquei parado no meio delas. A frieza do ambiente causou-me certo arrepio acentuado pelo fato de que meu único traje era a calça de moletom cinza.

– Como diabos essas coisas vieram parar aqui? – questionou em choque.

– Sou um homem de muitos talentos, Elena – forcei um sorriso.

Resposta para a pergunta: Taylor. Eu não fazia ideia de como ele contrabandeara todas aquelas coisas, mas elas estavam lá exatamente como eu havia pedido. Elena abriu a boca, porém, silenciei-a com um mero balançar de mão.

Técnica avançada de como lidar com Elena. Atenção.

– Quero que saia, feche a porta, respire fundo algumas vezes e depois volte – ordenei com a voz firme.

Segui até a mesa e paralelo a isto, a porta se fechou. Liguei rapidamente a câmera minúscula presa em um local estratégico sobre a mesa, assim como o moderno gravador digital. Relaxei cada centímetro de meu corpo preparando-me mentalmente para a tarefa árdua que estaria por vir.

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