Alguns meses depois do episódio do terminal, decidi me livrar do tal chip que ligava de graça, porque volta e meia alguém me ligava pedindo pra fazer uma conferência, eu estava me sentindo um telefonista e o pior, não pegava ninguém.
Depois dessa decisão drástica, comecei a valorizar cada centavo de crédito que eu colocava, porém começaram a surgir bônus de ligação dessa mesma operadora, que valiam de domingo a domingo, não somente aos fins de semana e voltei novamente as paqueras por telefone, mas, dessa vez, comecei a ficar mais seletivo, coisa e tal.
Comecei também a pedir que me mandassem fotos, antes de marcarmos encontros, como sempre me disseram que no telefone minha voz era bonita e como eu gostava de falar ao telefone, recém demitido da empresa onde trabalhava como porteiro.
Decidi investir a verba da rescisão em um curso de operador de telemarketing, eu sempre ouvia dizer que o melhor lugar pra se conseguir novo emprego ou arrumar paquera, são cursos de curta ou média duração, aqueles entre trinta e cento e oitenta horas de duração.
Quem dizia aquilo, estava certo, nesse curso de operador de telemarketing, conheci Tamires, uma moreninha bonita, que morava no bairro Parquelândia, nas proximidades do North Shopping, ela curtia muito jogar sinuca, inclusive tinha uma mesa em casa, que o pai dela havia comprado, pra evitar que ela fosse jogar nos bares.
Desse gosto em comum, pela sinuca, surgiu nossa amizade, toda sexta feira, íamos a uma barzinho que ficava próximo a escola e jogávamos até mais ou menos umas sete da noite, como o curso terminava as cinco, tínhamos quase duas horas pra nos divertirmos jogando sinuca.
Invariavelmente, estávamos lá todas as sextas feiras, se alguém por acaso quisesse me matar, era só ir ao tal barzinho, sexta, fim de tarde e me encontrava, literalmente com o taco na mão, paquerando com Tamires, entre uma tacada e outra, as vezes outros colegas nos acompanhavam, mas, geralmente, só jogávamos um com o outro.
As vezes, fazíamos duplas, eu e ela, contra os outros, devo admitir que Tamires era muito boa com um taco na mão, ela realmente sabia o que fazer e como sabia, as vezes a sacana, mirava a bola e ficava olhando pra mim enquanto dava a tacada, não errava uma e ainda tirava sarro, perguntando se eu conseguia fazer igual.
Várias vezes eu tentava, mas, errava mais que acertava, ela também era boa em sair das situações chamadas "sinuca", onde a bola do adversário fica entre a carambola e a nossa própria bola, nessa situação, somos obrigados a acertar nossa bola, sem acertar a do rival, caso contrário, "cegamos" a jogada, e somos punidos com o oponente retirando uma bola sua, conforme a vontade dele.
Em um de nossos jogos, ela me deixou em uma "sinuca de bico", um tipo de jogada muito difícil, onde quase não há espaço pra passarmos a carambola, a não ser dar uma tacada de efeito, de forma que a mesma pule por cima da bola do adversário e atinja a nossa.
Nem sempre eu conseguia uma dessas, mas, dessa vez, eu consegui e ganhei o jogo, foi quando ela fez o desafio.
- Quero ver fazer uma dessas na minha mesa, ela disse.
- É só você marcar e nós iremos tirar a prova, se eu consigo ou não. Retruquei.
Ela disse que os pais viajariam de férias dentro de duas semanas e que marcaria pra eu ir na casa dela, aí eu já estranhei, esperar os pais viajarem, pra poder marcar um inocente jogo de sinuca, mas, fiquei na minha.
Marcamos o jogo pro fim de semana seguinte a viajem dos pais dela, no sábado as duas da tarde, eu cheguei na casa dela, uma casa muito bonita, com portão de madeira.
Ela me atendeu e mandou eu entrar, a sinuca ficava na varanda do quintal, ela estava vestida com uma sainha rodada, que mal chegava no meio das coxas, e uma blusa meio folgada, mas, dava pra perceber que ela estava sem sutiã, Tamires, tinha o cabelo longo, negro na altura das costas, estava um espetáculo.
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Diário de um GP
Short StoryNeste livro, vemos as aventuras e desventuras de Rocha, um jovem garoto comum, que se envereda no mundo dos GP's!