Capítulo 2

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Marta: Tem certeza de que pegou tudo, querida? - minha mãe perguntou pela vigésima vez.

Alice: Querida Marta, eu tenho certeza de que peguei tudo. - dou um beijinho em seu rosto.

Marta: Colocou roupa de frio? Não sabemos como é o clima lá. Treinou seu português?

Alice: Sim mãe, não precisa ficar preocupada. - falo. - Meu português está muito afiado, só o sotaque entrega que não sou de lá.

Ela respira fundo, da um sorriso e ajeita minha roupa, logo em seguida segura minhas mãos e fecha os olhos.

Marta: Vamos orar querida. - fala e eu apenas concordo. - Senhor, eis aqui a minha filha Pai, cuida dela onde ela for, não sai do lado dela um minuto se quer Deus. Que neste tempo ela não se afaste de Ti, que sua relação com ela só faça crescer. Deus Santo e Todo Poderoso, acreditamos em ti e no teu amor, por isso confiamos no Senhor, que esses três meses sejam abençoados, em nome de Jesus, Amém.

Ela suspira, abre os olhos e me abraça forte em meio a lágrimas.

Marta: Já estou com saudades!

Alice: Voltarei logo! Fique com Deus. - me despeço antes de entrar no táxi.

Marta: Você também, querida! - solta um beijo pra mim.

Corro em sua direção novamente, lhe dou outro abraço e sussurro um eu te amo.

Finalmente entro e o motorista arrasta o carro. Não demora muito para que chegássemos ao aeroporto. Enquanto não é chamado meu vôo fico tentando imaginar como é Fortaleza, se será mesmo frio ou que encontrarei lá. Vou aproveitar muito esses três meses, e ajudar meu pai na igreja, conhecer os irmãos e ainda o lugar e quem sabe outros lugares do país. É a primeira vez que estou indo ao Brasil e realmente não sei o que esperar, meu pai pegou o português rápido e desde que ele foi pra lá tem obrigado eu e minha mãe a estudar português para ficarmos preparadas desde já.
Mesmo tendo pesquisado muito sobre o Brasil, principalmente sobre o local em que irei, o que mais achei foram fotos de praias lindas e maravilhosas, realmente estou ansiosa.

Chamam o meu vôo e eu vou sem demora. Procuro minha poltrona e me sento ao lado da janela. Não reparo quem senta ao meu lado, só fico olhando o incrível céu enquanto o avião vai subindo. Tão incrível e perfeito, Deus fez um maravilhoso trabalho.

Sinto alguém me cutucar e olho para o lado e vejo uma senhora sentada ao banco que antes estava vago, ela me olha e da um sorrisinho.

Sra. : Eu sabia que encontraria você aqui, minha jovem. - por um momento fico sem entender.

Alice: Ahn... Tudo bem? Como me conhece? - pergunto curiosa.

Sra. : Ah, Ele me disse que eu te encontraria aqui. - o jeito que ela falou eu entendi na hora.

Alice: Paz do Senhor! - estendo minha mão e ela aperta.

Sra. : Ouça minha jovem, esses meses não serão fáceis como você imagina! - presto atenção no que ela fala sem contestar. - Ele diz pra você que independente de qualquer coisa que você passe é pra confiar Nele, você terá lutas, mas Ele batalhará por você, apenas confie e não desista do seu próximo, muito menos de sua missão. Ele te entregará uma vida, não deixe-a se perder nesse mundo, salve-a! Lembre-se que a palavra do Senhor diz: Feliz a pessoa que persevera na provação, porquanto, após ter sido aprovada, receberá o prêmio da coroa da vida, que Deus prometeu aos que o amam. Não desista querida!

Com toda a certeza do mundo eu estava chorando depois disso. Ela simplesmente se levantou e não voltou mais. Então eu orei em pensamento.

Senhor, eis me aqui! Obrigada por ter falado comigo quando eu menos esperava. Eu vou confiar em Ti, não vou desistir do Teu amor, nem de nada que o Senhor entregar a mim, cuidarei desta vida e farei tudo o que o Senhor mandar! Amém.

Ainda de olhos fechados sorrio e encosto a cabeça na janela do avião. Vão ser longas dez horas de vôo até a próxima conexão.

••••

Me ocupei com tantos filmes que estavam passando que nem percebi quando chegamos. Já era sete da noite quando cheguei em Fortaleza. Sai do aeroporto e não enxerguei meu pai, apenas um rapaz que aparentemente deve ter uns trinta anos, muito alto, barba por fazer, musculoso e seus cabelos e olhos castanhos escuros me chamam atenção. Ele está segurando uma placa escrito: Alice Santiago, Londres, Ruiva, 18 anos, AQUI!

Não sei se porque olhei diretamente pra ele ou porque estava tão vermelha que ele me viu no meio de todo mundo e veio em minha direção.

Rapaz: Você deve ser a Alice, filha do Pastor Max. - bem, realmente sou eu.

Alice: Sim, sou eu. - falo um pouco envergonhada, ele percebe e olha pra placa.

Rapaz: Oh, desculpas pela placa, seu pai me fez escrever isso pra ter certeza que traria a ruivinha certa! - da um sorriso fofo. - Perdão, ainda não me apresentei, sou Nicolas, mas pode me chamar de Nick!

Alice: Prazer Nick, como já sabe sou a Alice, mas em fim... Onde está meu pai e o que você é dele? - pergunto colocando minhas malas no chão, mas ele as pega logo em seguida e me manda segui-lo.

Nick: Seu pai precisou ir resolver algumas coisas na igreja. E... Bem, somos amigos, não sei se ele chegou a te contar, mas ele de início precisou de um guia, intérprete até conseguir dominar o português e esse alguém foi eu! - para de frente a um carro.

Abre o porta-malas e coloca as minhas malas lá dentro. Abre a porta pra mim e eu entro, e ele logo em seguida.

Nick: Quer comer algo antes de ir pra casa? Ou podemos pedir pizza quando chegarmos. - me olha enquanto dirige.

Alice: Qualquer coisa pra mim está bom, Nick. - falo e ele balança a cabeça.

Ele faz uma curva e para em um restaurante em frente a subway, agradeci a Deus mentalmente por ter minha lanchonete fast food preferida aqui.
Logo ele volta com alguns lanches nas mãos e me entregar, vou comendo e começando a amar o Brasil. Não dá pra ver muita coisa, pois está tudo escuro e passamos apenas por estradas e carros. Como não gosto muito de silêncio começo a puxar assunto.

Alice: Então Nick, quantos anos tem?

Nick: Tenho vinte e nove e pelo que sei você tem dezoito. - olho pra ele surpresa.

Não sei se pelo fato dele ter apenas vinte e nove anos ou por saber sobre mim. Ele vê minha cara de espanto e começa a rir.

Nick: Achou que eu tinha quantos anos?

Alice: Trinta ou trinta e um!

Nick: Nossa até me senti ofendido. - coloca a mão no peito.

Alice: Não, não, não, por favor, me desculpe, não quis te ofender. - seguro seu braço, mas logo solto. Realmente ele é musculoso.

Ele começa a rir outra vez e fico sem entender novamente.

Nick: Não se preocupe, eu fui apenas irônico, ruivinha! - me olha, balança a cabeça de um lado para o outro e volta a atenção para o trânsito.

Ligo o rádio, mas nem música me acalma, realmente minha mãe tem razão, sou um papagaio ambulante, não consigo ficar calada.

Alice: Você é cristão, Nick? - me sentei de lado pra olha-lo.

Nick: Sim, sou sim, graças a Deus! - sorri.

Alice: Que bom, eu não imagino minha vida sem Ele. - ele faz apenas concordar.

Ficamos conversando sobre coisas aleatórias, e assim que chegamos tomei um banho, ele me mostrou meu quarto e eu super cansada fui direto pra cama, mesmo muito ansiosa pra ver meu pai, fui dormir.

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Espero que tenham gostado <3 

Quando a primavera voltar - Livro 1 DEGUSTAÇÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora