⚜ Capítulo 11 ⚜

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— Como assim?! — questiona Angeline, em alto tom de voz e todos puderam se espantar e ver a água que escorre dos seus olhos verdes em agonia. — Do que diabos está falando?

— Mantenha a calma, por favor! Ainda estamos numa porra de um hospital! — esbravejo contra ela, arregalando meus olhos e sentindo a dor dilacerando meu coração enquanto minhas lágrimas se tornam simplesmente incontroláveis.

— Por quê?! E logo agora que... logo agora que estou grávida! — Angeline ignora tudo o que eu disse completamente, gritando contra a mais velha que dá um suspiro profundo, fechando os olhos lentamente em seguida e sua mão que antes apertava a minha, afrouxou-se.

— Socorro! Chamem um médico! Agora! — vociferei com todo meu desespero, sentindo minha garganta queimar e meu coração prestes a explodir, vendo Samon e Mike correrem para fora do quarto e em questão de segundos minha tia foi levada de volta para a emergência.

Permaneci ali, agarrada à poltrona no chão, acabando-me num choro e numa dor que desde a morte dos meus pais eu não vivenciava. Eu não entendo... eu não consigo compreender como um mundo tão cruel abriga pessoas como ela. Pessoas que sofrem e lutam todos os dias para conseguir sobreviver de alguma forma, pessoas invisíveis que ninguém pode enxergar ou pessoas que não têm o direito de sonhar graças às suas condições. Isso quebra meu coração de uma forma inexplicável e me faz questionar: "por que pessoas boas sofrem tanto?". Enquanto ela está sofrendo agora na emergência de um hospital, corruptos bebem e festejam em lugares luxuosos... isso me frustra tanto.

A humanidade é frustrante e nojenta...

[...]

Uma hora e meia naquela sala de espera, aguardando por notícias ansiosamente, com a cabeça deitada no ombro do tatuador que apoiava a sua na minha, mantendo sua mão em minha coxa enquanto eu, agarrada ao seu forte braço, soluço em um pranto sem fim. Mike está prestes a afundar o piso escuro de onde estamos de tanto andar para lá e para cá, já meu tio está ao lado de minha irmã no sofá branco ao nosso lado.

Todo esse estresse é perigoso para ela e a vida que está gerando, nossa família preza pelos costumes ancestrais e com certeza, ela deverá gerar, dar a luz e cuidar dessa criança até o fim dos seus dias. É quando, finalmente, vemos as portas se abrirem e um médico surgir, o que fez com que todos nós levantássemos. Alto, loiro, olhos tão claros que poderia ver minha imagem neles, tinha um prontuário numa mão e uma caneta na outra, parando bem na minha frente.

— Diga que ela está bem. — praticamente implorei, pois é doloroso ver meu tio e meu primo no estado em que estão.

— Sinto muito... — foi tudo o que disse o médico, seu sotaque é predominante e Luke logo me puxou para um abraço, não pude conter meu choro pois a dor precisava ser transferida aos olhos.

Meus dedos amassam a camisa do tatuador e eu posso sentir meu coração queimar de tão acelerado. Fechei meus olhos com força, sentindo seu afago em meus cabelos e lembrando de todos os momentos bons que tivemos juntas. Todas as tardes do café e do chá, todas as receitas que ela me ensinou com a vovó e todos os conselhos que ela me dava em nossas conversas torturam meu coração.

Só desejo acordar e descobrir que tudo isso não passou de um pesadelo, entretanto, sei que isso não acontecerá de forma alguma. Uma voz familiar me fez desgrudar do meu namorado com toda a calma do mundo, graças à fraqueza e o peso que sinto em meus ombros, para olhar para trás e ver William conversando com Mike e meu tio, enquanto Angeline falava com alguém no celular.

⚜ SACRIFICE ⚜ [PT/BR] Onde histórias criam vida. Descubra agora