Capítulo 18

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Eu não pude acreditar no que ela disse. Ela mentiu para mim outra vez. Ao mesmo tempo que eu me irritei por ela ter mentido, eu estava incrivelmente feliz por tê-la de volta. Sendo amigo dela, pelo menos.
- Bom, até amanhã, então.
- Até amanhã, Ned.
  Eu passei boa parte da noite pensando sobre o que ela disse. Posso até entender que ela não gostaria que eu soubesse que ela saiu com John, mas se ela estava disposta a retomar nosso relacionamento, ela não mentiria mais. Será que ela estava realmente disposta?
   Quando vi que eram quatro da manhã, resolvi parar de pensar naquilo e ir dormir, afinal era dia de jogo. Minha animação era tanta que eu não consegui me concentrar na aula. Durante todo o dia, eu só pensava no jogo. Meus machucados tinham sumido, por isso eu assumiria como capitão. Desta vez, fui para casa com minha mãe já que não queria correr o risco de me machucar de novo. Cheguei em casa são e salvo. Uma hora antes do jogo Chloe veio me buscar. Trocamos algumas palavras durante o caminho, mas só isso. Minha mãe estava quase chegando quando já estávamos no colégio. Quando estava me despedindo de Chloe para ir para o vestiário, ela me puxou e me beijou.
- Eu estava te devendo um beijo, não é? – disse ela se referindo à noite passada.
- Eu achei que você quisesse ir devagar.
- Está muito rápido para você?
- Não, está perfeito.
  Dessa vez, fui eu que a beijei e em seguida entrei no vestiário. O treinador nos deu a escalação e, como previsto e prometido pelo próprio treinador, eu era o capitão. Entramos em campo com sede de vitória. Cada jogador do LHS deu tudo de si em campo. Eu dei o meu melhor. Aos vinte minutos do primeiro tempo, recebi um cruzamento rasteiro pela direita e chutei no canto esquerdo do goleiro. 1x0. Aos quarenta minutos, ainda do primeiro tempo, Henry, um garoto bacana que joga como zagueiro, deu um longo passe para mim. Matei a bola e chutei para o gol. 2x0. Nosso time estava embalado, mas ainda precisávamos de um gol para irmos para os pênaltis. Aos trinta minutos do segundo tempo, Henry cruzou uma bola alta para mim e eu fiz de bicicleta. Aquele beijo me inspirou.
Mantivemos o ritmo e levamos o jogo para os pênaltis. O meu time acertou as quatro primeiras cobranças e o adversário errou o segundo pênalti, por isso a quinta cobrança era decisiva. Se eu fizesse, avançaríamos para a semifinal. Se eu errasse, as cobranças continuariam até alguém errar. Eu acertei a minha cobrança. Corri para abraçar meus companheiros que também estavam eufóricos. Nós conseguimos. O treinador saiu correndo pelo campo para nos cumprimentar. Aquele jogo não era uma final mas parecia uma. Tínhamos conseguido uma virada histórica.
A torcida nos apoiou em todos os momentos. Olhei para a arquibanca durante a comemoração e vi minha mãe e Chloe pulando e se abraçando de alegria. Aquilo parecia uma visão do paraíso. Fomos para o vestiário depois de uma longa comemoração em campo. E como da última vez, o treinador pediu para conversar comigo.
- Preciso lhe confessar que você me surpreendeu.
- Não pensou que eu fosse bom?
- Eu sabia que você era bom, até por isso te coloquei no time. Mas não sabia que você era tão bom, Foster.
- Eu lhe prometi que eu daria meu melhor.
- E você cumpriu com a sua palavra. Minha confiança em você aumentou ainda mais.
- Obrigado.
- Ned, você pensa em jogar profissionalmente?
- Eu ainda não parei para pensar sobre isso.
- É que alguns olheiros de times estaduais estavam assistindo ao jogo de hoje.
- Interessante. Será que chamei a atenção de algum deles?
- Com certeza. Quando entrarem em contato comigo, te avisarei imediatamente.
- Obrigado pela chance que o senhor me deu, treinador.
Eu ainda não tinha pensado no meu futuro. Na verdade, a única coisa que pensei foi que queria passar o resto da vida com Chloe. Aquela conversa com o treinador abriu meus olhos. Eu gostei da possibilidade de jogar profissionalmente, sempre foi o meu sonho. Os dias seguintes foram de pura comemoração. O pessoal do colégio estava aos poucos me “engolindo”, ou melhor, me aceitando. Eu e Chloe estávamos em perfeita sintonia, mas eu não conseguia aceitar que ela não me contaria sobre o encontro com John.

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