Capítulo 20

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  A manhã seguinte foi exaustiva. Já que o baile era à noite, tivemos a tarde para descansar. A noite seria longa. Infelizmente, não consegui. Não parei de pensar no que poderia acontecer. O baile fora marcado para começar às 20h. Às 19h, busquei Chloe e fomos para o parque.
Chegando lá, fomos para a clareira e eu estendi uma toalha de piquenique.
- O que estamos fazendo aqui? O que você está aprontando?
- Mesmo você não querendo admitir, eu sei que você sempre sonhou com essa noite.
- Tá bom. Eu sempre imaginei como uma noite perfeita.
- Eu te prometo que será. Mas antes do baile, eu precisava te trazer aqui e te falar algumas coisas, está bem?
Ela se sentou na toalha, abriu um sorriso e disse:
- Vá em frente.
- Bom, eu queria te agradecer. Você não tem noção de como esse ano foi incrível para mim, exceto por umas confusõezinhas. Vim para Lincoln achando que minha vida seria tão deprimente quanto em Hartford. Mas eu estava enganado. Eu encontrei vida aqui. Eu encontrei o amor da minha vida. Eu descobri a pessoa que eu quero ser. E eu quero ser qualquer pessoa contanto que eu esteja do seu lado e te fazendo feliz, Chloe.
Admito que meus olhos começaram a encher de lágrimas nesse momento.
- Eu não conheci a menina mais popular do colégio. Eu conheci uma menina engraçada, mais inteligente do que eu, extremamente bonita, carinhosa, destemida, corajosa. Você não é normal, Chloe. Eu acreditava ser um zero à esquerda e que ninguém nunca me notaria. Você me notou. Eu nunca vou me esquecer do primeiro dia de aula. Você ganhou meu coração quando você levantou a mão para fazer aquela pergunta. Nós fomos, aos poucos, nos apaixonando. Depois daquele beijo, bem aqui no parque, eu sabia que eu sentia alguma coisa por você. Eu fui percebendo que você sentia algo por mim também. Eu não me importava com aquela escala, eu só queria ser importante para você. Eu sei que eu te machuquei muito, mas eu te juro que em mim dói duas vezes mais. Porque você sofreu, mas fui eu quem te fez sofrer e eu não podia estar do seu lado te consolando. Não tem um dia sequer que eu não pensei nas besteiras que eu fiz. Eu me arrependo de ter brigado com você pelo deboche, por não ter acreditado em você quando tentou me explicar coisas tão simples. Eu me arrependo porque eu percebi que não importa o que aconteça, eu sempre vou estar melhor se você estiver do meu lado. Eu sou completamente e irreparavelmente apaixonado por você, Chloe Martin.
Eu e Chloe desabamos em lágrimas. Entre soluços, ela disse:
- Eu te amo muito!
Nós saímos às pressas do parque e fomos para o baile. Nunca me diverti tanto. Passamos a noite toda na pista de dança. Nós estávamos rindo, nos divertindo, nos amando, nos formando. Ninguém ainda criou uma palavra que pudesse descrever como eu estava me sentindo. Todas que procurei para escrever sobre aquele momento aqui, não são suficientes. Nós não ficamos bêbados, estávamos completamente sóbrios e felizes. Eu acho que eu estava completo. Aquela noite poderia ter durado para sempre. Na verdade, ela irá. Aquela noite ficará para sempre no meu coração e no de Chloe.
O baile já estava acabando quando eu e Chloe decidimos ir para o pátio do colégio para ficarmos sozinhos. Chegamos lá e não conseguíamos sentar de jeito nenhum. Ficamos em pé mesmo, dançando e nos beijando. Até que fomos interrompidos por uma voz. Olhamos para trás e vimos John e Alice juntos.
  Eles chegaram mais perto de nós e pareciam conscientes do que estavam fazendo.
- Parece que vocês estão se divertindo. – disse Alice com um tom ameaçador que eu não conhecia.
- Estamos mesmo. O que você está fazendo aqui com o John, Alice? – perguntou Chloe. Sua voz demonstrou sua preocupação.
- Nós viemos juntos. E queríamos falar com vocês dois. – disse John, quase cuspindo as palavras.
- Então falem logo. – eu disse.
Assim que eu terminei de falar, John segurou meu braço e o torceu para trás para que eu não pudesse revidar. Alice, por sua vez, fez a mesma coisa com Chloe, que já estava apavorada àquela altura.
- Por que vocês estão fazendo isso? Vocês estão malucos?
- Um pouco. Na verdade, eu estou maluca por você, Ned.
- O quê? – eu e Chloe gritamos.
- É isso mesmo que vocês ouviram. Desde do nosso falso encontro. Eu me apaixonei por você, mas a Chloe sempre conseguiu tudo que eu quis.
- Alice, nós somos amigas, por favor. Me solta. Nós podemos conversar. Eu não sabia sobre esses sentimentos pelo Ned.
- Se você soubesse, você teria deixado ele para mim?
Eu interrompi:
- Você não pode pensar desse jeito. Meus sentimentos não contam?
- Alice, já estou de saco cheio desse marica, me passa a arma. Vou fazer o que eu já deveria ter feito há muito tempo.
Eu comecei a me debater, tentando fugir de John, mas não obtive resultado. Pelo contrário, John me puxou para trás e fiquei mais longe de Chloe. Eu não conseguia acreditar naquilo. Eu tentei convencer eles.
- Alice, por favor, deixa a Chloe ir embora. Como ela poderia saber que você se sentia assim?
- Fica quieto. Eu te implorei, lembra? Eu queria ficar com você, mas você só tinha olhos para ela.
- Seu problema é comigo e não com ela. Deixe ela ir. Ela nunca te fez mal. Fui eu que sai com você. Eu não queria ter criado falsas esperanças. Eu sinto muito.
- Sinto muito. Mudanças de planos.

  Alice, em um movimento rápido, tirou um revólver de sua bolsa e apontou para a cabeça de Chloe. Eu pude ver o horror presente nos olhos de Chloe. Olhei para os seus lábios e entendi o que ela sussurrou:
- “Eu te amo muito.”


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