Herval Backar tinha em mente que um único suspiro poderia estragar aquele glorioso e mágico evento único em sua vida.
Sentia-se o mais sortudo entre os homens, o peito expandia com a satisfação e prazer de desfrutar da companhia dela e se seus olhos ainda pudessem vê tinha certeza que estariam a olhando encantados naquele momento.
Não ousava mover-se. Aproveitava o calor do corpo dela em seus braços, a forma como ela estava relaxada e recostada em seu peito, o cheiro de flores e mel que provinha fresco e doce dos cabelos dela e a brisa fria do alto da roda gigante que a fazia aconchegar-se cada vez mais ao seu corpo o apertando com os braços finos.
Respirou fundo atraindo o máximo possível daquele cheiro magnifico, lentamente com a respiração suspendida em sua garganta tocou os cabelos que conhecia tão bem. Ainda recordava do negro belíssimo daqueles fios e das ondas perfeitas, adorava o brilho daquele cabelo, o comprimento, a forma como a alongava e tocava o fim das costas finas.
– Eu consigo reunir todas as lembranças que possuo suas Catarina, a vejo tão perfeitamente em minha mente, uma imagem linda e iluminada, um bálsamo para a escuridão que me atormenta.
Sussurrou e com a mão livre desceu pelo braço da morena que suspirou antevendo o que queria e entrelaçou seus dedos.
Era como encaixar a terra em sua órbita natural.
– Por que lhe vem essa imagem tão clara?
Sua ex esposa o questionou insegura e ele afastou os dedos das longas mechas e tateou até encontrar o rosto dela, aquele rosto suave e oval que assaltava todos os seus sonhos.
– Porque todas as noites, nos últimos vinte e oito anos, eu passei horas velando seu sono, Catarina.
Sentiu ela enrijecer pela surpresa e apertou seus dedos juntos.
– Nunca houve uma noite que não tenha passado horas a observando dormir, sua serenidade me acalmava, me mantinha são saber que estava ali, que sempre esteve.
– Viajou por semanas muitas vezes.
– Eu pegava meu jatinho particular e vinha todas as noites vê-la, então voltava antes que amanhecesse. Parece loucura e é, mas eu não relaxaria nem por um segundo se não passasse horas a observando.
– E era incapaz de me acordar e mostrar que estava ali?
Ouviu o tom melancólico, a dor em na voz dela e engoliu o nó na garganta a apertando em seus braços, como se pudesse sumir com toda a dor a ela infligida.
– Passei anos sofrendo com sua ausência, Herval, apenas me mantinha sã pelos meus filhos.
– Eu... eu sinto...
– Deitava naquela cama fria e enorme e lutava contra minha mente que me castigava com imagens suas com outras mulheres, cada noite uma diferente. Imaginando todo o prazer físico que obtinha enquanto eu me alto flagelava como uma tola que sempre fui.
– Eu nunca dividi uma cama com uma mulher que não fosse você, anjo, era apenas o ato seco em si e nunca era prazer o bastante, apenas aumentava minha agonia e frustração. Eu as deixava tão logo recuperava minhas forças.
– Como fez comigo todas as noites?
– Não Catarina, não se compare a elas.
Suplicou com raiva e nojo de si mesmo pelas noites vazias e banais que havia obtido todos aqueles anos por covardia, por medo de ir atrás de quem realmente queria e não conseguir lidar com aquilo no dia seguinte.
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Série Os irmãos Backar- Amor sentido (Milady) -livro EXTRA
Romans#Livro 2.1 e pode ser lido em qualquer ordem, porém precisa ter lido o livro um antes# Obs: Esse livro se passa ao longo da série principal, por isso saem capítulos a medida que a série avança nos acontecimentos dos irmãos. Esse é o livro dos pais d...