Série Os irmãos Backar- Amor sentido (Milady) -livro EXTRA

Medo

Herval sabia que ela podia sentir sua distância e que se magoava com aquela atitude, por mais que se revoltasse consigo mesmo por não conseguir ser o que ela precisava naquele momento, não era capaz de reagir de outro modo a notícia que seria pai novamente.

– Vou fazer um encaminhamento para um clínico obstetra e...

– Eu tenho uma obstetra que me acompanha há muitos anos, vou marcar uma consulta o quanto antes.

– Ótimo. Meus parabéns novamente.

– Obrigada.

Ele abriu a muleta e guiado por ela seguiu até o corredor onde ouviu a voz de Paulo e Ludovico conversando.

– Senhor Backar? – seu segurança o questionou provavelmente preocupado com sua apatia.

– Estou grávida de três semanas.

Ludovico blasfemou baixinho arrancando um mínimo sorriso do loiro, realmente o gaúcho o conhecia.

Tantas coisas se modificariam com aquela notícia, fora a incapacidade de demonstrar uma tranquilidade que não sentia, havia o fato que a sensação que tinha era que um caminhão havia passado por cima do seu corpo.

– Eu daria meus parabéns, mas os dois parecem estar assimilando.

– Gostaria de uma carona? – questionou se lembrando que o Gandia estava sem carro.

– Valeu, mas eu dispenso, Backar. Estou aqui com Laura e Rafa... é dia de quimioterapia e geralmente ele fica muito debilitado para ir para casa no mesmo dia, peça Ludo para me buscar amanhã cedo.

Herval concordou já estando ciente da condição delicada do pequeno Rafael.

– Me dê aqui um abraço, vai ficar tudo bem, querido, Rafa é forte e estamos todos do lado dele.

Ouviu a morena consolar o Gandia que não mais falou, pelo tom da voz dela ele deveria estar muito abatido e se sentiu um egoísta por roubar Catarina para si o tempo inteiro quando claramente os amigos precisavam dela.

– Gandia, se precisar de algo pode ligar para Ludo e providenciaremos.

– Valeu, Backar, mas no momento não há muito o que fazer.

– Você e Laura estão bem assistidos? Rafa tem algum plano de saúde?

– Os pais dele pagam um mas é mínimo e não cobre algumas coisas que ele precisa, mas Laura e eu daremos um jeito, estamos lutando para que o governo cubra toda a internação e remédios, o caso já está em processo e, bom, o caso dele é realmente grave.

Ouvia o pesar na voz do empresário e escutou Catarina abraça-lo lhe confortando com algumas palavras.

Herval imediatamente lembrou do garoto que era sempre tão delicado, afável e gentil, que tinha uma voz doce mesmo nos dias que estava debilitado pelo tratamento.

– O que os médicos disseram? – questionou novamente.

– O médico que o acompanha já nos conscientizou que o câncer que ele possui é muito agressivo, que a quimio ajuda mas ele já está se tratando há três anos. Esse câncer maldito foi controlado uma vez quando ele era pouco mais que um bebê, mas retornou aos sete e até agora parece apenas avançar deixando o garoto cada vez mais fraco.

– Eles não deram esperanças. – Ludovico presumiu.

– Não, o transplante seria sua maior chance, mas no nível em que o corpo dele se encontra seria um risco ainda maior.