Capítulo 7

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"Onde há desejo, haverá uma chama. Onde há uma chama, alguém está sujeito a se queimar. Mas só porque queima não significa que você vai morrer. Você tem que se levantar e tentar..."

Try, P!nk.


Passei a noite toda de olhos abertos, encarando o teto do meu quarto fixamente. As palavras de Caleb não saíram da minha cabeça nem por um segundo.

"Mas sabe, tenho que te agradecer. Porque graças a você descobri Marion, uma mulher maravilhosa, digna e honesta. Eu a amo muito, como nunca pensei amar alguém."  

Não consegui dormir, na verdade, nem sono eu conseguia sentir nesse momento. Lembrar da forma com que falou de Marion cortava meu coração. 

 "Ter conhecido você aquela noite foi uns dos maiores erros da minha vida. Por sorte descobri antes de casar contigo, suas mentiras e suas traições."

Precisava descobrir o que realmente aconteceu há cinco anos, e começaria a partir de hoje.

Forcei-me a sair da cama praticamente rastejando até o banheiro. Quando encarei meu reflexo no espelho, vi uma Sophia que não conhecia mais, desde quando abandonei a clinica de reabilitação. Meus olhos estavam inchados e eu estava com uma aparência abatida. Senti uma lagrima fujona descer pela minha bochecha, e a sequei com raiva.

Nunca mais voltarei a chorar por você Caleb O'Brien. 

Tirei minha camisola de seda preta e entrei no chuveiro deixando a água quente cair pelo meu corpo, me preparando mentalmente para enfrentar o dia que teria pela frente. Eu sabia que ao sair do quarto teria que encarar Caleb, então, demorei o máximo que pude no banho imaginando que assim evitaria um confronto pelo o que eu disse a ele ontem. Tenho certeza que minhas palavras aumentaram ainda mais seu ódio por mim.

Fechei os olhos, ainda entorpecidos pela sensação de calmaria que a água quente caindo em meu corpo proporcionava, e vi nossa história, minha e de Caleb, se passar pelos meus olhos. Nosso primeiro encontro naquele maldito pub no Soho, a primeira sensação de borboletas no estomago, nosso primeiro beijo, o primeiro abraço, o primeiro toque, o primeiro eu te amo, o pedido de casamento na London Eye, e a sensação de vazio horrível que senti quando fui abandonada no altar. Tudo o que me fez mais feliz durante dois anos de namoro, passou a doer lascivamente durante esses últimos cinco anos. E depois de ouvir Caleb falar daquela forma, tive plena certeza de que tudo o que vivemos não passou de uma farsa. Sufoquei novamente um soluço dentro do meu peito, segurando as lágrimas que insistiam rolar sobre meu rosto. Ele não me merece, assim como nunca mereceu nenhuma delas. 

 "Engraçado como o coração pode iludir, mais do que apenas uma vez. Por que nos apaixonamos tão facilmente? Mesmo quando isso não é certo... " 

Saí do banho enrolada em uma toalha e fui para o closet me vestir. Escolhi um conjunto de blazer e calça vinho, combinado com uma camisa branca, e sapatilha, algo casual, porém sofisticado. Sequei rapidamente os cabelos, e fiz uma maquiagem bem leve, somente para disfarçar os olhos inchados.

Uma hora depois abri a porta do quarto, com a bolsa no ombro e um sobretudo preto na mão. Caminhei fazendo o mínimo de barulho possível pelo corredor. Ao entrar na enorme sala de jantar dei de cara com Elena, que estava me esperando para servir o café da manhã. Achei que encontraria Caleb ainda em casa, mas não o vi. Puxei uma cadeira me sentando, Elena logo começou a servir meu café. Como um tradicional café da manhã inglês, havia feijão doce, ovos, bacon, cogumelos, salsicha, suco de laranja, chás, café, pães e cereais. Ficamos em silêncio enquanto eu tomava um pouco de chá, até que criei coragem e perguntei por Caleb.

Quando Novembro AcabarOnde histórias criam vida. Descubra agora