Capítulo 34

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Caleb O'brien

O aroma frio da noite chicoteava meu rosto, entrando pela a janela aberta do meu quarto, enviando arrepios congelantes ao longo de minha espinha. O céu escuro sem estrelas delatava uma ameaça de tempestade. Fazia um mês que não a via e aquilo definitivamente estava acabando com minha saúde mental. Eu sabia que ter-la perto de mim seria minha ruína, desde o exato momento que a procurei naquela tarde chuvosa. E eu tive certeza absoluta que estava literalmente vivendo um inferno, desde a minha partida da Toscana.

Eu pensei que me daria por convencido ao ver-la apenas através da tela de um monitor. Que seria mais fácil me conformar que ela já não fazia mais parte da minha vida, e que a única coisa que restava era um relacionamento estritamente de negócios entre-nos. Mas ver sua imagem surgindo através daquele monitor foi o suficiente para eu prender a respiração, sentindo meu coração desabar no peito e se dividir ao meio. Metade de mim estava em pedaços por saber que não existia mais Sophia e Caleb, e a outra metade estava resignada a fazer o que precisava ser feito, esquecer-la era o certo ao se fazer por ela.

O caminho que nossa vida tomou, era o resultado de uma escolha egoísta que fiz sem calcular o impacto que seria sofrido por nós dois. O grande porém da minha situação é que eu não tinha um leque de opções, restava-me apenas duas escolhas: tentar reconquistar Sophia ou passar o resto da minha vida sem ser capaz de me perdoar pelas conseqüências dos meus atos.

Vovó Medina insistiu para que eu comparecesse a grande festa de réveillon que ela daria, mas não me parecia o certo naquele momento. Sophia havia exigido que eu me afastasse de sua vida e, aquilo era a melhor coisa que eu poderia fazer por ela, depois de toda a dor que causei a ela. Por mais que eu quisesse lhe dizer que eu não poderia viver sem ela. Que aqueles últimos dias tinham sido horríveis. Que ela não saia da minha cabeça, que eu amava. Eu ainda não poderia. Eu não tinha o direito de continuar arruinando sua vida.

Meus pensamentos vagavam para o ultimo dia que a vi. As palavras de Sophia me destruindo por dentro. Comecei a me questionar se ela não estava com razão. Talvez o melhor fosse deixar-la em paz. Eu havia errado feio ao escolher acreditar em Marion, deixando de com confiar na mulher que eu amo. E naquele momento eu vivia na pele a dor de se abandonado. Como se Deus tivesse permitido a volta de Sophia para minha vida, apenas para que eu pudesse passar pela dor que causei a ela. Deus é justo. Eu merecia pagar por minha covardia. Merecia sair com o coração destruído e sem Sophia em minha vida.

Suspirei passando a mão pelos cabelos e os puxei um pouco com força.

Por que eu não consigo parar de pensar nela?

Apertava meu celular entre as mãos, quase o esmagando em uma tentativa idiota de reprimir a vontade de ligar para ela. Fechei os olhos e uma das diversas cenas que estava lutando para esquecer, voltaram mais fortes. Seu corpo, seu cheiro, os beijos em sua pele macia. Sophia estava do outro lado do atlântico norte, literalmente. Há quilômetros de distancia. E ainda sim, meu corpo gritava ansioso por ela. Era como se ela estivesse ali, do outro lado da parede, me deixando sentir sua respiração e viver seu oxigênio.

Um calvário. Era o que eu estava vivendo.

A porta se abriu, me trazendo de volta para a realidade. A voz sisuda de Elena quebrou o silêncio do ambiente.

- Desculpe incomodar senhor. - ela adentrou, parando próximo a onde eu estava, unindo as mãos em frente ao ventre. - Só vim saber se precisa de alguma coisa.

- Pensei que tivesse te dado folga Elena. - A mirei franzindo o cenho.

Elena era uma mulher que aparentava ser cheia de mistério. Ela parecia lutar com unhas e dentes para esconder um passado ao qual eu desconhecia totalmente. Por mais que isso não me interessa-se nem um pouco, era algo impossível não notar o quanto ela insistia em permanecer na mansão em todas as suas folgas. Aquilo necessariamente não chegava a me incomodar, desde que ela cumprisse seu trabalho da melhor maneira possível, sua vida pessoal pouco me desrespeitava. Mas era estranho.

Quando Novembro AcabarOnde histórias criam vida. Descubra agora