Meu mundo parou no momento que me dei conta que Caleb estava ferido. Quase todos os meus sentidos pareciam ter me abandonado, restando apenas minha visão, para que eu pudesse ver meu mundo desabando.
Desespero. Essa era a palavra que descrevia bem o que eu estava sentindo, no momento em que vi Caleb sangrando no chão.
Me joguei no chão e com lágrimas escorrendo pelos meus olhos, coloquei minha mão sobre o rosto frio de Caleb. Ele estava com os olhos abertos vagos no céu. Os olhos azuis sem reação. Caleb estava me deixando. Aquilo não podia estar acontecendo de verdade. Não podia ser real.
— Socorro! Alguém ajude! Por favor, alguém me ajude! — gritei desesperada por ajuda. — Não me deixe. Caleb, por favor, não me deixe! Alguém me ajude, por favor!
Eu gritava, mas não conseguia ouvir o som dos meus gritos clamando por ajuda. Eu estava fora de mim. Não conseguia ouvir nada, era como se tudo estivesse em câmera lenta. Puxei a respiração para os meus pulmões e tentei me acalmar.
— Por favor, Caleb. — clamei tocando seu rosto com as mãos trêmulas. — Você precisa lutar! Você não pode se entregar! Eu preciso de você meu amor! — eu implorava, mas ele não reagia.
Meu desespero ficou ainda maior, quando Caleb soltou um gemido de dor e fechou os olhos. Um zumbido forte instalou-se em minha cabeça junto com uma dor no peito, quase insuportável.
— Dona Sophia, se acalme... Eu já chamei o resgate... A ambulância já está a caminho. — a voz de Peter meu porteiro pareceu vir de longe.
Ali chorando sobre seu corpo inerte, eu sentia como se o mundo estivesse escapando de mim, como se minha vida estivesse esvaindo do meu corpo.
— Você não pode fazer isso comigo. — supliquei com a testa colada na sua, deixando minhas lagrimas caírem sobre seu rosto sem expressão. — Você não pode me deixar! Não pode!
Não sei quanto tempo levou até a chegada da ambulância. Eu havia perdido a percepção de tempo. Só me dei conta de sua chegada, quando os socorristas chegaram e colocaram seu corpo desfalecido na maca.
— A senhora está ferida?
Olhei para o homem confusa, incapaz de formular uma resposta coerente. Senti tanta coisa ao mesmo tempo que era difícil de descrever. Alívio e esperança. Um medo paralisante.
— Eu... Eu estou bem. — disse no automático, anestesiada pela situação.
Entrei na mesma ambulância que ele estava. Estava desesperada e preocupada. Quando me sentei ao seu lado na maca, tudo o que eu queria era me jogar em seus braços, mas me contive em apenas pousar minha mão contra a sua. Seus dedos se entrelaçaram entre os meus e eu não soltei mais. Mesmo estando muito nervosa, aquele gesto me tranqüilizou, enchendo meu coração de esperança.
Assim que chegamos ao hospital St. Mary, os socorristas nos separaram contra minha vontade. Doeu quando senti sua mão escorregar pela minha, mas era algo extremamente necessário. Engoli em seco, enquanto observava as portas duplas por onde os médicos haviam passado levando Caleb balançarem nas dobradiças.
Me apeguei na certeza que Caleb estava em boas mãos e que não deveria ficar estressada ou angustiada. — Eles conseguiriam salvá-lo, com as bênçãos de Deus. — Ainda sim, não conseguia afastar os dedos da desesperança que queriam me alcançar, principalmente quando olhei para meu corpo. Sangue, muito sangue. Sangue pelo meu corpo inteiro. Sangue por toda minha roupa. Ainda em choque fui até a recepção do hospital para tentar saber mais alguma informação.
— Por favor, gostaria de saber informações sobre o paciente Caleb O'brien.
— A senhora é o que do paciente? — a recepcionista continuou digitando algo no computador, sem me olhar.
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Quando Novembro Acabar
RomanceCincos anos se passaram desde o dia em que Sophia fora abandonada no altar. Quando finalmente está pronta para seguir adiante com sua vida, deixando no passado todas as feridas que havia superado, um reencontro inesperado a fez perceber que estava e...