De longe era possível ouvi o barulho vindo do local. A fachada da casa estava iluminada em todos os cantos, destacando a propriedade no pequeno vilarejo. A medida que me aproximava o frio na minha barriga aumentava.
Senti a mão de Caleb tateando meio vacilante até encontrar o caminho para se entrelaçar com a minha mão mais uma vez, seus dedos deslizaram delicadamente por entre os meus até que estivessem perfeitamente encaixados. Meu coração pulou no meu peito, mas não me intimidei.
Engoli em seco e apertei a mão dele e ele fez o mesmo. Minha avó me esperava cantarolando alegremente uma canção típica italiana, ela sorria.
— Sophia! — ela me abraçou apertado.
— Nona a senhora não me avisou que havia uma festa me esperando, pensei que fosse apenas um jantar...
— Nem comece querida — ela me interrompeu — hoje é um dia para se festejar, depois de muitos anos finalmente você está de volta.
Sorri sem graça.
Por mais que eu me esforçasse, no meu consciente parecia que estava fazendo algo errado, sentia que não deveria está ali sendo recebida com uma festa.
— Dio Santo! Como minha menina está linda!
Tia Pietra surgiu de dentro do casarão me surpreendendo com um abraço apertado, não agüentei segurar mais as lagrimas que insistiam em cair.
— Como eu senti falta desse abraço, minha tia querida.
Abraçamos-nos mais uma vez sorrindo em meio as lagrimas.
— Pietra deixe de ser uma velha sentimental, não ver que está fazendo a menina chorar? — minha avó ralhou.
Pude ver Caleb se segurando para não rir da cena. Aquela era Medina Salvatore, extrovertida e nada discreta matriarca da família.
— Mas hoje a senhora está impossível mamãe. — minha tia retrucou — E você rapaz como vai? Desculpe-me, não tinha notado sua presença.
— Eu vou bem Pietra e você? — Caleb estendeu a mão para cumprimentá-la.
Minha tia olhou receosa para sua mão, como se estivesse travando uma batalha interna entre apertá-la ou rejeitá-la, mas por fim, depois de alguns instantes a apertou sem graça.
— Vou bem rapaz. — limitou-se a dizer.
— Ótimo! Agora vamos entrar minha neta, temos muito que comemorar hoje. — minha avó saiu me puxando pela escadaria de pedra.
O casarão rosa estava todo decorado com flores da estação, havia arandelas por todos os cantos iluminando o varandão da casa, tia Pietra tinha caprichado na iluminação ambiente. Havia também uma mesa central com uma faixa de boas vindas para mim.
Parecia que minha avó tinha convidado toda a cidade para minha festa, reconheci vários rostos dentre as pessoas — também Pienza não era uma cidade grande —, estava mais para um vilarejo. A maioria dançava com alegria pela a varanda, outros estavam interagindo uns com os outros, e alguns estavam ao redor da mesa degustando os vários pratos servidos, uma típica festa italiana.
— Dá para demonstrar um pouco mais de animação. — uma voz disse ao fundo.
Virei-me no mesmo instante, mesmo sendo aquela voz grave inconfundível.
— Sabe que não estou à vontade com tudo isso.
Ele estreitou os olhos.
— Tente pelo menos fingi que está feliz por rever sua família.
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Quando Novembro Acabar
RomanceCincos anos se passaram desde o dia em que Sophia fora abandonada no altar. Quando finalmente está pronta para seguir adiante com sua vida, deixando no passado todas as feridas que havia superado, um reencontro inesperado a fez perceber que estava e...