Capitulo 26

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— Sophia, por favor, me perdoe. — Caleb suspirou no meu ouvido, e eu pude sentir um arrepio por todo o meu corpo.

Refleti sobre os acontecimentos do dia anterior: sobre nosso beijo durante nossa dança e sua confissão logo após o jantar. Eu não poderia passar por toda essa sensação de novo. Ter que relembrar a dor em carne viva que eu jurava ter superado, mas ele a trouxe novamente para rasgar o falso manto do esquecimento fazendo tudo emergir. Não... Eu não posso passar por isso... Eu não posso. Se não era o destino zombando de minha cara, devia ser então algum carma muito pesado a ser cumprido.

— Caleb, por favor, não torne as coisas mais difíceis. — supliquei, sua mão ainda estava embaixo do meu queixo e nossos olhares presos um no outro.

Ele pesou cada palavra que eu disse como se aquela situação fosse totalmente absurda, e então fechou os olhos por dois segundos. Quando os abriu, algo havia mudado. Seja lá o que era eu não podia fraquejar, tinha que afastar-lo de mim. O empurrei para longe no instante que me lembrei o verdadeiro motivo para eu estar ali. Caleb me olhou, primeiro sem entender o que tinha acontecido, e então suspirou ao compreender.

— Eu não vim aqui para te perdoar Caleb. — falei num tom determinado.

— Sophia... — pediu a testa franzida num desespero silencioso, porém eu nunca mais acreditaria em suas mentiras novamente.

— Estou aqui por outro motivo, por isso não seja tolo em pensar que vim até aqui para te perdoar. — respondi sustentando seu olhar de espanto — O motivo que me trouxe aqui é apenas um: te expulsar de uma vez por todas da minha vida.

Caleb suspirou quebrando nosso contato visual.

— Sophia. — ele insistiu — Você precisa acreditar em mim. Eu nunca quis te perder. Eu... — ele parou como se tivesse travando uma batalha sobre o que dizer. — Você não tem idéia o quanto eu também sofri durante esses anos. Eu sei que errei, mas eu não quero te perder de novo...

— Não quero saber. — respondi rispidamente o que fez ele se calar. Sua expressão alerta e assustada. — Eu sei pelo o que passou, mas tenho certeza que nada que sentiu, se é que sentiu, se compara com o que eu passei quando você me abandonou para fugir com minha melhor amiga.

— Eu posso imaginar Sophia, mas quero que entenda que eu também sofri muito com essa historia.

— Será que consegue imaginar mesmo? — perguntei irônica, sua expressão ficou sisuda diante minha ironia. — Será que você sabe Caleb, o que é você passa anos se dedicando a uma pessoa porque pensava que ela a amaria para sempre, só que, na primeira dificuldade, ela te abandonou?

Ele ficou paralisado absorvendo aquelas palavras. A intensidade transbordava dos olhos dele.

Continuei. — Você sabe o quanto é assustador se dá conta que você estava na palma da mão daquela pessoa? Como é assustador amar alguém a ponto de não ter muros ou barreiras de proteção? E de repente enxergar que esteve o tempo todo vulnerável.

— Eu sei, porque eu me senti da mesma forma quando vi aquelas fotos... — ele levantou o rosto e então seus olhos se prenderam aos meus. — É dessa forma que venho me sentindo nesses últimos cinco anos.

— Uau... Não me diga. — falei debochada.

— Sophia, não me olhe com essa cara de parede. Estou dizendo a verdade.

— Sabe de uma coisa Caleb? Ter te encontrado naquele pub na noite de aniversario daquela cobra, não foi uma jogada de sorte, mas sim de humilhação, pois me entreguei a você por amor, despi minha timidez e revelei meus sentimentos desprovida de qualquer receio ou medo, vivi por aquele amor, confiei em você. Mas tudo isso teve fim quando eu li aquela carta deixada por Marion. Quando eu descobri seu lado desleal e frio. Traindo-me com aquela que considerava uma irmã.

Quando Novembro AcabarOnde histórias criam vida. Descubra agora