Capítulo 20

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Senti uma respiração próxima a mim, a muito contra gosto, abri meus olhos lentamente e a imagem que invadiu meu campo de visão, foram de dois olhos profundamente azuis me olhando de forma curiosa.

- Caleb! - sussurrei sonolenta demais - Que horas são?

- São cinco e meia. - ele suspirou.

- Preciso levantar e ajudar a nona com o café da manhã.

Tentei me mexer, lutando contra o sono que insistia me dominar, mas ele me impediu.

- Você está com muito sono... E está brigando com ele. - comentou baixinho enquanto fazia carinho na minha cabeça e brincava com os fios do meu cabelo. - Você fica linda assim... Parece um anjo. - comentou, parecendo falar mais para ele mesmo, do que para mim.

Não consegui mais abrir os olhos, senti seus lábios em minha cabeça, e seu corpo junto ao meu.

- Agora durma e sonhe com os anjos.

Pouco tempo depois estava entregue aos sonhos.

~:~

Virei na cama e estiquei o braço sobre o colchão em direção ao lado de Caleb. Ele não estava lá. Abri os olhos devagar imaginando que ele poderia estar na sacada admirando à paisagem como fez em Siena, ou quem sabe, sentado na escrivaninha conferindo algum email. Sentei e olhei a minha volta, ele não estava no quarto. Onde ele estaria? Será que já havia ido para a vinícola?

Continuei sentada, morrendo de preguiça de me levantar e enfrentar o dia agitado que estava por vim. Ainda estava cansada e tudo o que eu queria era não sair nunca mais daquela cama, mas isso significava correr o risco da minha avó aparecer no quarto novamente, e eu não sabia se estava pronta para encarar aquela situação de novo. Depois da sua invasão no meio da madrugada eu podia esperar tudo daquela senhorinha.

Lembrei-me de seu pedido antes de sair do quarto e senti um nó se formando em meu estomago, não que eu nunca quisesse ser mãe, pelo contrario eu sempre quis formar uma família com Caleb. Mas devido as circunstâncias, aquele sonho havia ser tornado totalmente improvável. Eu não culpava minha avó por querer ter um bisneto e achar que entre mim e Caleb tudo estava muito bem. Depois de tudo o que aconteceu entre-nos, era natural eles deduzirem que Caleb e eu realmente nos amávamos, a ponto de superar todas as magoas do passado. É claro que eu já o amei muito e talvez ainda o amasse, por mais difícil que fosse reconhecer isso. Mas muita coisa tinha acontecido, muita coisa que minha avó não sabia e que me fizeram mudar profundamente.

Peguei-me pensando na minha conversa ontem com Caleb durante a nossa dança. O que ele quis dizer com a parte de não está fingindo mais? Tudo estava tão confuso para mim, as atitudes dele estavam bagunçando ainda mais a minha mente. Era muita coisa acontecendo ao mesmo tempo. Peguei o celular para olhar as horas, já passava das dez da manhã.

Droga!

Larguei o celular, afundei a cabeça no travesseiro e resmunguei de forma abafada. Havia perdido o café da manhã. Na casa da minha avó o café sempre era servido a sete da manhã, vovó não aceitava atrasos, se perdêssemos a hora do café, só poderíamos fazer outra refeição no almoço.

Levantei resmungando e fui para o banheiro sem muita disposição. Lavei o rosto com água gelada, escovei os dentes e ajeitei o cabelo. Ao abrir a porta do quarto senti o aroma do café invadindo minhas narinas. Vovó estava fazendo café naquela hora da manhã? Isso significava que teria um café da manhã digno. Sorrindo cheguei a cozinha e encontrei Balbina colocando a mesa e minha avó terminando de passar o café.

- Bom dia, bambina linda. - vovó Medina falou sem me olhar.

Apoiei minha cabeça em seu braço, ainda bocejando.

Quando Novembro AcabarOnde histórias criam vida. Descubra agora