Capítulo 28

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Caleb O'brien

Deixar a mulher que eu amo mais uma vez foi uma das piores coisas que poderia acontecer comigo.

Fiquei parado na sacada do quarto do hotel que estava hospedado, me despedindo do local onde Sophia havia nascido. Eu sabia que deveria ter lhe contato antes tudo o que descobri sobre Marion, mas eu tive medo de perder-la novamente. E agora o meu pior pesadelo era real.

Eu passei esses últimos dias pensando em como falaria para ela sobre a farsa de Marion. Evitando ao máximo aquele momento. E o meu motivo era o medo que eu sentia, de como seria o final da conversa. Eu precisava que Sophia soubesse que eu nunca deixei de amar-la. Que eu não conseguiria mais ficar longe dela, e que ela era tudo para mim. Ao mesmo tempo, eu não queria falar sobre o passado, eu estava sendo covarde, mais uma vez por não assumir minha culpa. Na verdade, no meu ponto de vista, poderia reconquistar Sophia e seguir em frente de onde paramos, superando o passado. Nós seguiríamos o caminho que estávamos destinados a seguir. Tudo o que eu precisava era fazê-la acreditar no meu amor, na minha cabeça tudo daria certo. Mas as coisas acabaram dando tão errado, que... Agora eu estava lá. Sozinho naquele quarto de hotel, deixando a mulher que eu amo, mais uma vez.

Encontrá-la me esperando na porta da sala de reuniões segurando minha mala, acabou comigo. Parecia que alguém tinha pegado meu coração na mão e o apertado até a minha morte. Nossa conversa finalmente estava acontecendo. Ouvi-la pedindo para que eu me afastasse de sua vida, foi minha sentença final. Naquele momento Sophia me deu xeque mate. Pois como eu poderia exigir que ela me perdoasse depois de tudo o que eu fiz? Como eu poderia obrigá-la a continuar do meu lado? Não dava para voltar no tempo. Suspirei alto extravasando minha frustração.

Se eu tivesse o poder de apagar todo o sofrimento que lhe causei, se eu pudesse fazê-la esquecer tudo o que aconteceu, mesmo que isso significasse perder-la para sempre, eu ainda assim faria. Na verdade, eu faria qualquer coisa para que ela tivesse a chance de ser feliz. Se para Sophia ser feliz era necessário meu distanciamento, eu o faria sem pensar duas vezes. Mesmo sabendo que isso me tornaria infeliz pelo o resto da vida.

Dei partida no carro e seguir rumo ao aeroporto de Florença, estava decidido voltar para Londres dando o tempo que Sophia havia me pedido. Cheguei a cogitar ficar mais alguns dias, para depois tentar conversar com ela novamente, mas não seria dar o tempo que ela havia me pedido. E ainda seria uma forma de me destruir ainda mais, correr o risco de vê-la e não poder abraçá-la, não poder beijá-la. Esse era o risco que eu precisava correr. Eu precisava dar ela o espaço pedido, mesmo se isso significasse perdê-la mais uma vez.

Duas horas depois eu estava entrando em minha casa. Sozinho com a lembrança de seu perfume, sozinho com a imagem de seu rosto, sozinho com a certeza que aquele sentimento que um dia eu pensei ter esquecido estava tão presente em meu ser como se o tempo não tivesse passado. Meu corpo estava em colapso, como se uma grande descarga de energia tivesse me alcançado. Sentia sua falta. E estava apenas há algumas horas sem vê-la.

~:~

No dia seguinte estava de volta a minha rotina irritante em Londres. Desejei um bom dia contido a minha secretaria e segui para meu escritório. Irritado, cansado e com a cabeça a mil, larguei o corpo na grande poltrona de couro preto. Minha mente parecia em chamas a cada vez que me lembrava de Sophia.

Joguei minha pasta com violência sobre a mesa o que fez algumas fotos dela se espalharem. Peguei uma em que zoom focava especialmente no rosto e deixava os olhos verdes tão vividos que me doía no peito olhar-la. Linda, como sempre, linda... Droga! Passei os dedos no cabelo com força para frente e para trás, de olhos fechados. Pensando que... E se... E se Sophia nunca me perdoasse.

Quando Novembro AcabarOnde histórias criam vida. Descubra agora