Capítulo 6

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Acordei por volta das 8 horas. Tomei banho, escolhi um macacão florido, um salto nude, brincos e pulseiras douradas. Precisava organizar meu dia.

Não tenho o hábito de beber, mas ontem comemorei com vinho.

Comemorei o quê?

Celebrei a vida, novas amizades, novas experiências, velhas amizades...

Não fui dormir tarde porque precisava me apresentar no local do evento e confirmar minha inscrição logo cedo.

Ao chegar à cozinha, havia uma... uma... eu nem sei explicar. Uma confusão! Homem para todo lado: fazendo café, cortando pão, arrumando a mesa, lavando a louça do dia anterior... Contei! Sete! Três ainda deviam estar dormindo.

Márcio me viu primeiro:

- Bom dia, Cláu! Dormiu bem? - ele era todo sorrisos.

- Maravilhosamente! - sorri agradecida.

Então, começaram os abraços e os desejos de bom dia.

- Vamos tomar café? Do que você gosta? - Cristiano me perguntou.

- Do que tiver - respondi.

Mais uma salva de palmas.

- Você sabe que a gente tem que se virar. Se fosse um tira-gosto, seria mais fácil - brincou o Henrique.

- Mas, para a sorte do grupo, alguns sabem fazer café - e, baixando o tom de voz - para curar a ressaca.

Todos riram e se sentaram à mesa depois que eu me sentei.

- De onde você é, Cláudia? - perguntou Henrique.

- Sou de Goiânia - respondi sorridente.

- Eu sabia que havia algo de especial em você - falou Lauro e todos acharam graça.

A maioria dos que estavam ali ou eram de Goiânia ou a conheciam muito bem. Quando um artista faz sucesso, é normal que eles se mudem para Rio ou São Paulo. Mas não os de Goiânia. Eles sentem o maior prazer em dizer que são de lá. E eu tenho o maior orgulho deles.

- O que você faz lá? - perguntou Lauro.

- Eu sou professora - respondi, enquanto pegava um pãozinho na cesta.

- E gosta do que faz? - Henrique me perguntou, claramente curioso.

Olhei para eles lentamente... um por um...

- Provavelmente, do mesmo tanto que vocês gostam da música.

- Vixi... Então, é um bocado! - Lauro batia no peito e os demais concordaram.

- Você dá aulas de quê? - Juan olhava para mim claramente interessado.

- Sou professora de inglês!

Não deu tempo falar mais nada. Começou um festival de "ohhhh... ahhhhh... Sério?"

Logo Márcio interrompeu a entrevista.

- Cláudia, quais são seus planos para hoje?

- Bem... Eu preciso confirmar minha inscrição no hotel às 10 horas. À noite, será a abertura: 19:30, no mesmo hotel. Mas, não se preocupe. Eu vou pegar um táxi.

Eles não concordaram de forma alguma. Cada um tinha uma ideia diferente para sugerir. Mas foi o Márcio quem decidiu:

- Já que todos estão dispostos a levá-la ao hotel, vamos fazer o seguinte: nós a levamos, você confirma sua inscrição e, de lá, nós vamos almoçar em um restaurante e, depois, vamos ao cinema. Vamos ver se vocês são bons no disfarce.

- E o que fazemos com os que estão dormindo? O sono está pesado - perguntou Lauro.

- Vou tentar acordá-los agora. Caso eu não consiga, nós deixamos um bilhete explicando tudo - ponderou Márcio.

Todos concordaram e o assunto sobre nossas vidas (ou melhor, sobre minha vida) voltou. Ainda não me sinto à vontade para tietar, mas em pouco tempo já estava mostrando as fotos das minhas três filhas.

- Você curte o tipo de música que cantamos? - questionou Lauro.

- Não só eu, mas o Brasil quase todo, não é mesmo?

- Que bom ouvir isso. Estamos sempre querendo melhorar o trabalho e esse retorno é importante, já que nem sempre temos opiniões sinceras ou desinteressadas - Henrique falou, mas olhava para longe, pela vidraça da sala.

Logo, Márcio voltou dizendo que os três estavam de pé e não queriam perder o passeio de forma alguma.

E começamos os preparativos para arrumar a cozinha e encarar nossa aventura de não sermos descobertos. Eu também tinha que me precaver: se fossem descobertos, minha foto estaria estampada nas revistas ou jornais do país ( e não sei o que meu marido diria).

A CASA RICA (Completo)Onde histórias criam vida. Descubra agora