Chegamos a casa dos pais do Márcio por volta de onze da manhã.
A animação por me ver me fez recordar da minha infância e adolescência. Boas lembranças.
Tia Jane e tio César ficaram muito felizes ao ver fotos da minha família.
— Como vocês se encontraram? — tia Jane e perguntou, colocando-me diante da minha primeira pergunta difícil de responder.
— No aeroporto de Brasília. — Não era uma mentira, mas era uma meia-verdade. Afinal, eu não poderia falar sobre o apartamento. — Fui fazer um curso no Rio e, quando terminei, liguei para o Márcio. Ele me disse que estava vindo para cá em um avião particular e me perguntou se eu não gostaria de revê-los. Nem pensei duas vezes...
— Foi a melhor surpresa que vocês poderiam nos dar. — Completou tio César.
Fomos todos para a cozinha ajudar na preparação do almoço.
Após a arrumação geral da cozinha, tia Jane dispensou a cozinheira e ficou combinado que faríamos um churrasco à noite.
Fernando encantou a todos com sua voz e com seu charme. Fazia o tipo sedutor e tia Jane se desdobrava em elogios.
À noite, após o churrasco, Fernando tocou violão e cantou para nós. Não podíamos fazer muito barulho, ou sua presença seria denunciada e a confusão estava armada. Como ele estava sem seus seguranças, não podíamos correr o risco.
— Fernando, você sabia que Márcio e Cláudia já namoraram? — Perguntou tia Jane repentinamente.
— Sim. Márcio me contou, d. Jane. Disse também que foi seu primeiro e grande amor. — Respondeu Fernando tranquilamente, olhando para mim e rindo. — Eu o entendo. Também teria me apaixonado. Cláudia é uma grande mulher.
Dei uma risada que por pouco não denunciou meu nervosismo. Não estava gostando do rumo daquela conversa.
— Pois é, mas hoje cada um tomou seu rumo. — Disse tio César pensativo — E Márcio fez uma escolha nada inteligente...
— Pai! — Interrompeu Márcio rindo.
— Ah! Eu não estou mentindo. Cadê ela? Não nos visita. Acho que nem gosta de nós, para falar a verdade. Quando vocês tiverem um filho, não sei como será. Talvez sejamos proibidos de visitar nosso neto.
Tia Jane sentou-se ao lado dele e deu um beijo em seu rosto.
— Não, papai. Isso jamais aconteceria. Ou melhor, isso jamais acontecerá. Por um simples motivo: eu não a amo.
— Como assim, meu filho? O que você está dizendo? — tia Jane parecia confusa.
— Eu estou com ela obrigado. Eu fui um covarde, mãe. Não assumi quem eu sou, de quem eu gosto, meu verdadeiro eu. Deixei-me levar pelas palavras de Mariana e acabei me enredando em uma sequência de mentiras e, por fim, em chantagens.
— Do que você está falando, Márcio? Quem está te chantageando? — Tio César levantou-se repentinamente e se aproximou de Márcio.
Corri para o lado do Fernando. Se a conversa não tivesse um final agradável, ia sobrar para ele. E eu me culparia para sempre.
— É que... na época... eu...
Márcio estava ficando nervoso. Ele não podia desistir. Fiz um gesto de positivo com a cabeça, pedindo que ele continuasse.
— Você o quê, meu filho? — Tia Jane segurou suas mãos. Ela percebeu a gravidade da conversa. — Por favor, confie em nós. Fale o que está acontecendo.
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A CASA RICA (Completo)
Literatura FemininaCláudia é uma professora tranquila apaixonada por sua profissão, mas um pouco acomodada. Quando surge uma oportunidade de fazer alguns cursos, ela fica na dúvida, mas, com o apoio da família, ela vai. Acompanhe nossa protagonista em uma viagem de re...