Capítulo 7

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É incrível o poder da amizade!

Eu não via Márcio há muitos anos, porém, sentia que nada havia mudado. Mas também sentia que estava chegando o momento de termos uma conversa franca.

Essa coisa de passado mal resolvido não é boa coisa. Por causa disso, eu vivia apreensiva, esperando a hora em que Márcio me pediria algumas explicações.

Não era nada de mais. No entanto, era uma volta ao passado.

Entramos em um carro que na verdade era quase um microônibus. Era uma festa ambulante. Dentro, não estava muito organizado. Muitos instrumentos e alguns calções de praia jogados pelos assentos que estavam sobrando.

Entreguei o endereço a Márcio e ele nos levou, da forma mais alegre possível, ao local de confirmação da inscrição.

Desci sozinha enquanto ele foi procurar um lugar para estacionar. Ainda estava entrando no hotel, procurando informações, quando o senti ao meu lado.

A fila não estava grande, porém havia uma. E, enquanto esperávamos, muitas pessoas olhavam para mim. Quero dizer, muitas mulheres.

Olhei para Márcio. Ele estava distraído, lendo um folheto que pegou da minha mão. Ele era a causa de tantos olhares indiscretos. Camiseta branca, bermuda de algodão cinza escuro ( um algodão bem firme) e um sapatênis de couro caramelo.

Perfeito! Eu não as culpava por poderem limpar as vistas.

Quando chegou minha vez, preenchi os formulários, peguei meu crachá, os cronogramas dos eventos e estávamos dispensados.

- Ótimo! Agora temos o dia livre - disse Márcio.

- Não totalmente. Lembre-se de que eu preciso me arrumar para a festa de hoje.

- E... Como é essa festa?

- Ah... É um baile! Bem chique! Com banda e tudo mais... - eu disse brincando -  Nesses eventos, é assim...

- Não me diga... Pelo que eu sei, nessas festas, há convite para um acompanhante! Você não tem?

- Bem... Ter, eu tenho. Mas eu rejeitei o convite porque não havia ninguém para me acompanhar...

- E agora? Você vai vir sozinha? Nem pensar! Vamos voltar lá e eu converso com os organizadores e revertemos isso - disse ele, já voltando.

- Calma, Márcio! Eu estava brincando! Aqui estão os convites - eu mostrei os dois na minha mão.

- Engraçadinha! Eu venho, pois preciso te proteger e porque não terá companhia. Então, um ótimo baile poderá transformar-se em um evento muito chato - ele diz, sorrindo.

- Entendi! Ah.meu.Deus! O que seria de mim se não fosse você? - e, teatralmente, coloquei as costas da minha mão na testa.

Márcio me olhou estreitando os olhos:

- Eu também fico me perguntando isso...

Dei um tapa no seu braço.

- Convencido! Mas, ainda assim, eu te agradeço muito! Agora, vamos ver o que o Rio tem de tão bonito!

Chegamos no carro, alguns estavam de pernas para cima, ouvindo música, outros jogando palitinhos. Enfim, nada entediados.

A cada lugar que eu conhecia, eu ficava mais encantada. Conhecer o Rio de forma tão descontraída, foi o máximo! Só não foi melhor porque não podíamos descer do carro todos juntos.

Por último, compramos alguns itens para um piquenique e fomos para a praia. Procuramos um lugar bem discreto e nos indicaram Rio das Ostras. Para isso, teríamos que fazer uma pequena viagem. Encaramos a viagem pois nos garantiram que valeria a pena.

Mas eu estava tranquila porque não haveria bebidas no passeio.

Na hora do almoço, procuramos uma pequena pousada, juntamos as mesas e não teve como ser discreto.

Às três horas voltamos. Seriam cerca de duas horas de viagem e eu precisaria me arrumar. Os rapazes ficaram tão encantados com o lugar, que já imaginavam gravando clipes lá. Com certeza, teriam que voltar...

Chegando no apartamento, corri para tomar um banho. Não daria tempo de ir ao salão. Teria que me virar sozinha. Márcio também foi tomar um banho. Depois da gente, uma fila sem fim estaria formada.

Seis horas, eu já havia tomado banho, separado minha roupa para esticar e passar. Sequei meu cabelo.

Fui para a cozinha preparar alguma coisa para os meninos comerem. Eu não estava com muita fome.

Olhei a geladeira e achei os ingredientes perfeitos para fazer uma deliciosa galinhada. Inclusive, havia pequi. Acho que devo isso aos meninos de Goiânia. Ponto para eles!

Achei também uma touca. Perfeito! Assim, meu cabelo não estaria cheirando a frango na hora da festa.

Resolvi fazer uma surpresa. Em poucos instantes, o apartamento todo cheirava gostoso. E funcionou como um chamado. Não precisei ir atrás deles. Em pouco tempo, todos estavam em volta da mesa com uma cerveja na mão e muitos agradecimentos.

Oito horas, todos já haviam comido.

Enquanto eles se preparavam para lavar a louça e arrumar a cozinha, fui para o quarto me arrumar.

Comecei pela maquiagem. Para mim, é a parte mais demorada. A seguir, parti para o cabelo. Uma trança lateral bem feita. Coloquei alguns pontos de luz e comecei a me vestir. Meu vestido, escolhido às pressas, era preto. Longo, justo. Básico, porém bonito. Confortável para dançar e andar. Porém, dançar não foi a primeira coisa que me veio à cabeça quando o comprei.

E, por fim, um salto enorme. Afinal, era minha chance de ganhar uns centímetros...

Nove horas, eu estava pronta na sala. Márcio já estava esperando. Todos se levantaram e... aplaudiram.

Eu fiquei rubra. Infinitamente, rubra.

Mas não consegui deixar de sorrir... Ponto para esses meninos de novo! Além de encantarem as mulheres com suas músicas, ainda sabiam fazer isso ao vivo...

E saímos para a festa...

Dançamos muito. Não consigo nem pensar em como teria sido se não tivesse o Márcio para me fazer companhia. Assim mesmo, conheci muitas pessoas interessantes. Pessoas ligadas à educação de alguma forma. Professores, coordenadores, diretores, palestrantes...

Chegamos em casa por volta das três horas da manhã. Não haveria compromisso para a manhã seguinte. Ou melhor, para mais tarde. Provavelmente, dormiria a manhã inteira...

A CASA RICA (Completo)Onde histórias criam vida. Descubra agora