Capítulo 13

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Fernando saiu do quarto e caminhou até nós vagarosamente.

Afastei-me um pouco do Márcio, o suficiente para estender o braço e puxá-lo para um abraço triplo.

Ele chorava com a gente. De repente, uma coisa inusitada aconteceu. Carlos, Bruno e César também apareceram e se juntaram a nós.

Descobri, então, que Bruno também era homossexual e que todos aqueles que ali ficaram era para apoiar o Márcio e o Fernando.

Fernando havia insistido muito para que Márcio me contasse o que havia acontecido e os outros concordaram. Mas eles tinham medo de que Márcio fraquejasse. Estavam ali para permitir que eu soubesse de toda a verdade.

Todos eles conheciam a nossa história. Não eram meus "fãs" antes de me conhecerem, mas tudo mudou quando viram o carinho de Márcio para comigo e o meu carinho para com ele. Isso era confiança! E eu só podia respeitar...

César ligou para o restaurante confirmando nossa mesa. Saímos nos sentindo mais leves, apesar de nossas expressões estarem bem pesadas. A situação de Fernando e Márcio ainda não estava resolvida.

Mariana era uma ameaça. Definitivamente.

Decidi que depois voltaríamos a conversar sobre isso. Por enquanto, iríamos aproveitar o domingo.

A tarde de compras foi uma delícia. Era gente de bigode, boné... Eu, Márcio e quatro criaturas estranhas. Todos compraram presentes. Decidimos não ir ao cinema por causa da quantidade de sacolas. Estávamos tão cansados, que não compensaria ir ao carro e voltar.

Fomos para casa.

Assistimos a um filme no DVD enquanto devorávamos nossa comida japonesa.

O congresso terminou na sexta. A necessidade de ficar mais uma semana era para cumprir algumas oficinas. Eu aproveitei a chance e Carlos, com muita relutância, concordou. Não falei para ele que a ideia havia sido da minha coordenadora para que ele não ficasse chateado com o meu trabalho, mas, em vista do que estava acontecendo aqui, essa semana seria muito bem vinda.

A segunda-feira foi marcada por inscrições nas oficinas escolhidas. Elas se realizariam na terça, quarta e quinta-feira.

Então, havia o resto da tarde para nos divertir.

- Quinta-feira tem show do Bruno e César. Quer ir? - Perguntou-me Márcio.

- Até parece que eu vou recusar. Só se eu estivesse doida. Não... Acho que nem assim eu ia recusar...

Todos riram da minha cara. Estávamos jogados na beira da piscina. Havia uma coisa ainda me incomodando.

- Fernando, você mora nesse apartamento o tempo todo?

- Não. Minha casa é em São Paulo. Vim aqui apenas para me encontrar com o Márcio que estava voltando de uma viagem. Ele foi pilotar o avião de um artista do grupo cujo piloto teve um imprevisto urgente. Deixou o avião em Brasília e veio para cá. Então vim para me encontrar com ele.

- Entendi... - Por isso eu o encontrei em Brasília... - Então, Márcio costuma ficar lá com você...

- Menos do que eu gostaria. A gente viaja muito. E, com essa situação do Márcio não poder se assumir, temos que nos esconder a maior parte do tempo. É constrangedor. Mas eu o respeito muito para obrigá-lo a tomar uma decisão às pressas. E, pelo que eu conheço dele, é bem mais fácil ele desistir de nós do que enfrentar a família. Ele desistiu de você que foi o grande amor da vida dele... Não teve coragem de enfrentar. Sofre até hoje. Por que comigo seria diferente?

A CASA RICA (Completo)Onde histórias criam vida. Descubra agora