PARTE II - FLORESTA

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  " Eu possodemorar minutos, horas, semanas e até anos. Mas, nunca vou deixar de voltarpara você. Pois, é o seu sorriso e o nosso amor que abastece o meu tempo na Terra." 


    Aos poucos, as vozes foram ficando cada vez mais distantes. Eu percebia o quanto Felícia estava exausta, e sua preocupação comigo aumentava a cada segundo. Meu corpo encontrava-se quente, mas por dentro eu me consumia de frio. Meu corpo estava mais fraco e tremia muito. Depois de horas andando eu já não aguentava mais, havia chegado ao meu limite. Sento-me lentamente no chão e encosto minha cabeça no tronco da arvore.

- Você está queimando de febre. Você precisa de um médico urgente, querida.- Felícia fala preocupada.

Agarro meu corpo tremendo de frio.

- Vá... você precisa continuar, eu não consigo mais.

- Não posso te deixar sozinha assim. – ela me abraça.

- Por favor, você precisa ir. Eu prometi ao Berthram que te levaria para casa sã e salva. Além do mais, você prometeu que seguiria para buscar ajuda, caso eu não conseguisse mais. – falo baixinho.

- Você vai ficar aqui quietinha. Vou o mais rápido que conseguir. – ela diz acariciando meu rosto. Sorrio.

- Não se preocupe comigo. Agora vá daqui á pouco começa a amanhecer, e ficará mais fácil para nos encontrar.

- Eu te amo, Carlee. Vou tirar a gente dessa.

- Eu também te amo.

Ela se levanta, e fica me olhando. Tento demonstrar que estou bem para que ela vá de uma vez. Felícia me olha com dúvida e dor. Sussurro baixinho que ela pode ir, então ela se vira e corre, sumindo aos poucos entre as arvores. Coloco minha mão em cima da ferida encharcada de sangue e choro de dor. Com dificuldade levanto-me e começo a caminhar devagar, sempre apoiando nas árvores que encontro por perto. Um raio desliza pelo céu, trazendo ventos fortes e trovões.

Sinto tudo ao meu redor girar, meus olhos ardem e diversas vezes sinto minhas pernas fraquejarem. Passaram-se minutos, talvez horas desde que Felícia se foi. Uma pequena claridade surge ao longe no horizonte, e sei que são eles. O céu permanece tão negro quanto antes.

De repente começo a escutar uivos, barulhos de corujas, galhos sendo quebrados. Não aguentando mais de caminhar caio no chão, tremendo de frio e, agoniada pela dor. Minha mente vaga entre a realidade e imaginação, não consigo distinguir o que são efeitos criados pela febre, e o que são realmente verdade. Vejo um enorme tronco caído, então me rastejo com dificuldade até ele. Tento de alguma forma me esconder ali. Tiro uma das presilhas que estavam no meu cabelo, e arrumo de um jeito que a lamina apareça. Seguro-a com força para que ela não caia, pois minhas mãos tremem muito.

- Fiquem atentos, elas não podem estar muito longe.

Escuto a voz do filho de Jin Ron. Ao contrario da vez que nos vimos, dessa vez sinto medo pela rouquidão em sua voz. Ele não se parece mais com o homem educado e gentil que esteve ao meu lado. Agora ele está pior que o próprio pai.

- Senhor. Senhor, encontramos um pedaço de pano. – ouço a voz de um homem.

Meu coração para por segundos ao me lembrar que deixei um pedaço de pano no chão, ao rasgar meu vestido para amarrar na ferida e estancar o sangue. Ouço passos, e logo latidos de cachorro.

Preciso sair daqui

Sei que eles não estão muito longe de onde me escondo. E se o que eu estiver pensando esteja certo, se eu não sair daqui eles vão me encontrar. Então, não terei nenhuma chance de sobreviver.

Marcada pelas ChamasOnde histórias criam vida. Descubra agora