Eu tinha a vista perfeita da cidade daqui de cima. Carros trafegando lentamente, pessoas perambulando pelas ruas molhadas, casas noturnas sendo abertas, e luzes brilhando por todos os lados. A noite caiu lentamente, com nuvens carregadas no céu, elas tampavam parcialmente todas as estrelas. Nessa noite, toda a sua beleza havia sido retirada, era como se as estrelas soubessem o que viria, e se esconderam para não verem o mar de sangue que se expandiria pela terra.
Estou em um longo vestido preto, com um decote profundo na frente. O tecido da cintura para baixo e tão fino que minha pele fica amostra, por isso optei por colocar um short colocado por baixo, dando um ar sexy a roupa. Meu cabelo está amarrado, e uma maquiagem simples marca meu rosto. Pego o colar que minha mãe me deu e o coloco. Ponho algumas pulseiras grossas de prata, e caminho até a bancada do banheiro pegando um objeto fino com uma pequena bola brilhante em cima. Arrumo-o em meu cabelo e miro minha imagem no espelho. Passo o dedo por cima de uma marca de nascença em formato de lua, que fica um pouco abaixo da minha orelha.
Pego na gaveta ao lado da cama uma lâmina e a encaixo no meu salto. Respiro fundo, e saio do quarto. Escondo a Carlee e dou vida a Brenda. Repetindo a mesma durante todo o caminho, que tudo o que somos, ou nos tornamos, não são consequências da vida, mas apenas resultado de escolhas passadas.
Chegando a entrada do salão de festa, posso ver a grande quantidade de pessoas que estão aqui. Muitas mulheres bonitas e sensuais, homens em ternos de grife, com sorrisos sedutores. Ouço meu celular tocar e o atendo.
- Brenda.- falo ao atender, olhando atentamente ao meu redor.
- Sou eu querida. – reconheço a voz de Berhtram – Está na hora, preciso que você se concentre. Todos já estão devidamente posicionados. Assim que você passar pelo primeiro teste dele, peça para ir ao banheiro. Vá até a última cabine, retire a tampa do vaso e pegue o que está lá dentro. Se nada der certo saia daí imediatamente.
Tomo uma respiração e olho ao redor.
- Nada irá acontecer. Preciso desligar. – digo.
- Estamos atrás de você.
Guardo o celular e caminho e direção à porta principal. Na porta dois seguranças me revistam com um detector de metais. Uma musica toca ao fundo, e assim que paro no topo da escada, todos viram para me olhar. Desço os degraus lentamente, até que vejo um homem alto caminhando em minha direção. Ele possui o rosto fino, e é muito bonito.
- É um prazer finalmente conhecê-la senhorita Lee. – ele me cumprimenta, pegando minha mão e depositando um beijo, sem desviar os olhos dos meus.
- Me chame de Brenda, por favor. E o prazer é meu em conhecê-lo..
- Akame Ron, Filho de Lin Ron. – ele me dá um sorriso sedutor e retribuo.
- Muito bom conhecê-lo, Akame. Mas onde o seu pai está? – pergunto com um falso interesse.
- Aqui querida.
Viro-me e sinto-me horrível com a forma como o homem mais velho que Akame me olha. Ele é um pouco mais baixo que o filho, uma barba rala e olhos tão negros que podem te cegar.
- Senhor Lin, é muito bom vê-lo.
Ele pega minha mão e a beija, e tudo o que eu mais quero é correr para o banheiro e tirar qualquer vestígio dele da minha pele. Mas controlo-me e sorrio.
- Não imaginei que fosse tão bela minha cara. – ele fala sedutor.
Apenas sorrio, e sinto as mãos do seu filho em minha cintura. Mas ao contrario do que senti com seu pai, acabo relaxando. Ele me passa uma certa.. tranquilidade.
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Marcada pelas Chamas
RomanceFoi através da dor que ela cresceu. Foi após as cinzas que ela nasceu. Suas noites eram atormentadas por pesadelos e lembranças que ela desejava apagar da memória. Para Carlee, o impossível torna-se possível a cada amanhecer. Tudo em que ela acredi...