UM SÓ - PART II

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 Quando o avião pousou, todos se levantaram e foram pegando suas coisas. Eu sentia a vibração de angustia vindo de cada um. Minha irmã pegou minha mão, e fomos descendendo. Infelizmente apenas Sac pode vir conosco. O vento frio bate em meu rosto, trazendo por segundos uma sensação boa.

  Em segundos começa a chover, e alguém vem até nós e nos ajuda a chegar no carro sem nos molhar. Vejo o quanto a cidade é bonita daqui. Lembro-me das vezes que Carlie contava como era linda a cidade. 

Carlie.

  Nunca orei tanto em minha vida, como neste momento. Não suportaria perde-la, não posso. Apesar de descobrir tantas coisas sobre sua vida, o amor que sinto por aquela mulher não mudou em nada. Talvez, tenho até crescido. Estou decidido a lutar por ela, por nós, mas dessa vez não serei paciente e muito menos cauteloso. Não deixarei que ela escape novamente.

   Fomos direto para o Hospital, e logo na entrada vejo alguns seguranças.

 - Carlie será vigiada 24 horas por dia. Não sabemos se eles viram atrás dela aqui, mas todo cuidado é pouco. - ouço Felícia dizer.

 Aceno. Saímos do carro, e minhas mãos soam de nervosismo. Quero ver minha menina, preciso saber que está bem. Assim que passamos pela recepção, vemos um casal e uma menina um pouco mais nova que Carlie. Logo os reconheço. São os pais e irmã dela. Sua família.

   Continuo caminhando, indo em direção a eles quando sinto uma mão segurar meu braço impedindo-me de seguir em frente.

 - Ainda não podemos ir lá. A família da Carlie não sabe desse lado da vida dela. Berhtram irá conversar com eles primeiro. Ele ligou dizendo que estavam trazendo ela para o hospital. Declan, você precisa ter paciência,  não sabemos como a eles vão reagir. E se eles proibirem a nossa entrada, teremos que aceitar. Vamos sentar ali e esperar.

  Olho mais uma vez para a família dela, e vejo quão arrasados eles estão. Eu sei quanto eles são importantes para a minha menina, eles são o seu tudo.

 " Mestre Quon havia ido até a cidade para encontrar com alguns amigos. Então estava apenas eu e ela. Hoje, por conta do frio ela vestia uma longa blusa de manga, meias brancas e seu cabelo estava preso em um coque com alguns fios caindo pelo seu rosto. 

  Ela está tão linda. 

Preparo um suco de morango-o, seu preferido. Ela está sentada de frente pra janela, com as mãos no vidro enquanto a água da chuva bate nele. 

 - Fiz o seu suco preferido. - falo entrando na sala. 

  Sua atenção agora está em mim, e vejo seu olhar triste. Entrego o copo e sua delicada mão acaba tocando na minha, causando um arrepio pelo meu corpo. Agacho-me em sua frente e fixo meu olhar nos seus.

  - Porque essa ruguinha aqui? Essa tristeza no seu olhar já havia desaparecido. O que combinamos minha pequena? - pergunto acariciando seu rosto.

  - Não é nada demais, Declan. Só estou com saudade da minha família, já vai fazer quase um ano que não os vejo. Queria poder abraça-lós e ver aquela menininha sapeca. - ela ri como se recordasse de alguma coisa.

 - Você os ama muito não é? - pergunto.

 - Mas do que a mim mesma. Eles são tudo pra mim. Declan, eu não suportaria viver sem eles ao meu lado. 

 - E eu? - as palavras saem da minha boca sem que eu perceba. 

 Tento levantar mas ela segura minhas mãos. Ela sobre suas mãos para o meu rosto, e acaricia. 

Marcada pelas ChamasOnde histórias criam vida. Descubra agora