Rylai ouviu um grande estrondo.
– Ahoy, ahoy! – Luthor surgiu por trás das grades. – Desculpe pelo barulho com a porta, mas eu precisava te acordar – deu um largo sorriso.
Ela não comia há dias. Apoiou-se e, com dificuldades, se sentou na cama.
– Uau – Lex contorceu o rosto em uma careta debochada – você está um lixo.
– Você também vai parecer um lixo quando te pegarem – ela devolveu o sorriso.
Lex pigarreou. Abriu a porta da cela e entrou, fechando-a atrás de si. Sentou-se na cama ao lado de uma Rylai com olheiras e pele pálida.
– É aí que você se engana – levou sua mão até o pescoço dela, rodeando-o. – Eu nunca vou parecer um lixo, criança.
Assim que terminou a frase, apertou levemente a mão em torno do pescoço dela, enquanto o sorriso debochado sumia. Os olhos fitaram seus dedos e ele piscou rápido como que em um tique. Foi aumentando a intensidade aos poucos, até começar a tremer e o sorriso voltar – mas, agora, de forma larga.
Rylai segurou seu pulso, tentou emitir algum som desesperado que nada mais foi do que um baixo e fino gemido de dor. Aos seus olhos, Luthor ficou embaçado. Seus olhos foram ficando cada vez mais pesados; lutou contra o que sabia que ia acontecer, mas não conseguiu: apagou.
Quando acordou, estava deitada e com um tubo entrando em seu braço, ligado por uma agulha ao seu corpo. Ao ver isso, se assustou e tentou se mover.
– Não se assuste, é só soro – ouviu-o dizer.
Ainda deitada, procurou-o pelo recinto e o encontrou sentado no chão com as pernas cruzadas e o rosto apoiado entre duas barras. Se não o conhecesse, diria que sorria como uma criança ansiosa – mas estava mais para um psicopata ansioso.
– Mas então! – Ele se afastou das barras e levantou com um pulo, batendo as palmas das mãos uma vez. – Continuando o que eu estava dizendo antes da madame desmaiar: nesse momento, eu estou testando uma nova criação. Extraí um pouco do seu DNA e fiz o que eu faço de melhor. Então criei um metahumano maravilhoso! Ele está na rua, agora. Estou ansioso pelo resultado dos testes.
– Você é maluco – desviou o olhar e virou-se para a parede, fechando os olhos.
– Senhor Luthor! – Ouviu-se uma voz abafada.
Essa voz veio de fora do recinto, foi dito através da porta no fim do pequeno corredor. Rylai apenas ouviu os passos de Lex se afastando e, logo em seguida, uma porta abrindo e fechando. Cerca de dois minutos silenciosos depois, ouviu um barulho alto. Algo ou alguém havia batido na porta de forma muito forte.
Podia ouvir Lex bravejando coisas que não conseguia entender nem uma palavra sequer, apenas sabia que ele estava gritando e que estava muito bravo. Rylai sorriu, tinha certeza de que o resultado dos testes havia sido frustrante para ele. O metahumano já deveria ter sido abatido por algum herói. Fechou os olhos, sentindo-se realizada e vingada.
Horas depois, Rylai acordou com insistentes "ei, ei, ei..." de Luthor.
Sentou-se na cama, com força recuperada pelo soro que havia recebido. O aparato já não estava mais na cela e agora; no local da agulha, havia um curativo adesivo simples. Olhou para Lex e contorceu o rosto em uma careta de confusão.
Ela viu um Alexander com o cabelo desgrenhado, rosto raivoso e uma garrafa quase vazia de uísque na mão direita. Segurou uma risada: ele estava um lixo.
– Vocês se acham muito especiais, metahumanos? Acham que podem fazer o que quiserem, acham que sabem o que é melhor para o planeta?
Após terminar, segurou a garrafa pelo gargalo e bateu-a na grade, fazendo a bebida respigar na garota que estava sentada.
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Beyond Heroes 2: Sweet Dreams
Science FictionNÃO PRECISA LER O PRIMEIRO (ORIGINS) | Trailer no primeiro capítulo! | Narrada em dois pontos de vista diferentes, Sweet Dreams conta a história da primeira missão em conjunto da equipe formada por Zenith, TalkieWarrior, Ririo e Templarix. De um la...