Capítulo 9 ENCONTRO COM O VIAJANTE

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Assim como havia imaginado, Emy encontrou resquícios do portal utilizado por Albergain, momentos antes de o mago encontrar o soldado oculto. A menina aprendera no passado que todo portal aberto deixava um rastro de magia, fora assim que a feiticeira Amyla os havia encontrado em Damantiham e dado início a uma batalha sangrenta na torre de marfim. Ela usara o portal que Emy abrira para vê-la e roubar-lhe as chamas do tempo, um artefato mágico que tinha o poder de mudar um episódio do passado ou do futuro.

Emy usou o medalhão para reabrir o portal. Dessa vez foi muito mais fácil do que ela imaginava, devia estar pegando o jeito. Do outro lado podia ver uma paisagem escura, colinas com o topo coberto de neve e um vale logo mais a frente. Antes que ela pudesse atravessar o portal, Call segurou seu braço.

— Vamos deixar as coisas como estão. Já vimos mais do que o suficiente para uma noite, Emy.

— Albergain está escondendo alguma coisa e vou descobrir, você vem? — ela desvencilhou-se do aperto do elfo e atravessou o portal, decidida. Call não podia fazer outra coisa a não ser segui-la.

Os dois caminharam lado a lado até a aurora começar a surgir. Já tinham alcançado o vale e não havia nada no lugar. Apenas colinas e mais colinas desertas.

— Tem alguma ideia de onde estamos? — perguntou a menina.

— Nenhuma, talvez o que Albergain estivesse fazendo nem fosse importante, Emy. Vamos voltar antes que os outros sintam nossa falta.

— Espere, só mais um pouco.

Emy não sabia explicar o que sentia. Desde o momento em que atravessara o portal, sabia que deveria esperar alguém. Ela também sabia que algo perigoso se aproximava, mas mesmo assim o encontro valeria à pena. Era quase como o sentimento de aguardar alguém querido que voltava para casa, tirando a parte do grande perigo.

Porém, Emy estava olhando para o lado oposto da colina, quando Call viu o que se aproximava. Todo o corpo do elfo tremeu. Inúmeros guardas em corcéis negros cavalgavam a toda velocidade seguindo um cavaleiro em fuga. De longe não dava para ver o rosto de ninguém, mas era fácil identificar o símbolo nas lâminas que brilhavam nas primeiras horas do dia. Eram soldados de Elsoris.

— Eu sabia que não seria uma boa ideia. — resmungou Call, puxando a menina pelo braço para que ela pudesse ver o que se aproximava dos dois. — É agora que a gente corre de volta para o portal?

— Não, nós temos que ajudar o fugitivo. — disse ela.

— Você ficou louca? É uma guarda de Elsoris. Você precisou ir até para outro reino para se proteger deles! Não posso deixar que faça isso. — Call sentia medo, sabia que não era capaz de lutar contra aqueles soldados.

— Vamos esperá-los próximo ao portal.

Emy correu pelo vale de volta ao local onde o portal resistia aberto, o dia em Aqualândia também já estava amanhecendo.

O rapaz que fugia dos guardas caiu de sua montaria e estava sendo arrastado pelo corcel. Quando conseguiu livrar-se da sela, levantou-se e começou a correr. Dava para ver que os guardas estavam se divertindo em persegui-lo, o rapaz nem armado estava.

Então a distância ficou menor e Emy pôde ver o rosto do fugitivo. Era um rapaz, talvez não mais velho do que Call, tinha olhos azuis e cabelos cor de palha, rosto bronzeado e vários cortes pelo pescoço e pelos braços. Os soldados o encurralaram, ele estava prestes a ser pisoteado pelos corcéis ou empalhado por uma lâmina elsoriana.

Emy não sabia o que a movia, mas precisava salvar o rapaz, mesmo que isso significasse lutar sozinha contra uma guarda inteira de Elsoris em uma terra desconhecida. A menina correu em direção ao rapaz, deixando Call pasmo e congelado, ainda no mesmo lugar. Quando o elfo se deu conta do que Emy estava fazendo, forjou sua espada de material translúcido, resistente como diamante, e foi atrás dela.

O Medalhão Mágico - A Cidade PerdidaOnde histórias criam vida. Descubra agora